Transferência de tecnologia será feita pela
GlaxoSmithKline e possibilitará também o desenvolvimento local da vacina tetra viral
O calendário básico de imunizações do Sistema Único
de Saúde (SUS) passará a contar a partir do segundo
semestre de 2013 com a vacina tetravalente viral que
inclui a imunização contra a varicela – mais conhecida
como catapora – além de sarampo, caxumba e
rubéola, já contempladas na tríplice viral (TVV). Isso
porque Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz que produz
vacinas, biofármacos e reativos para diagnóstico, assinou um
contrato de transferência de tecnologia com a GlaxoSmith
Kline (GSK), no dia 4 de agosto, para a produção da vacina
varicela. O imunizante será combinado à vacina sarampo,
caxumba e rubéola, chamada tríplice viral (TVV), e assim
passará a ser uma vacina tetra viral (SCRV), ou seja, prevenindo
contra estas três doenças e também varicela. O desenvolvimento
de uma vacina contra a varicela em Bio-Manguinhos/
Fiocruz permitirá a sua distribuição gratuita na
rede pública e inserção no Calendário Básico de Vacinação.
A tetra viral é aplicada em duas doses: em crianças de até
12 meses e aos 4 anos de idade. Atualmente, a vacina só é
oferecida na rede pública em épocas de surto. Com a tetra
viral, o SUS passa a contar com 25 vacinas, sendo 13 ofertadas
no calendário básico de imunizações.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve presente na
cerimônia de assinatura, no auditório do Museu da Vida/
Fiocruz, e destacou a economia que o Governo terá com
o acordo. Segundo ele, as internações causadas pela varicela
custam cerca de R$ 7 milhões por ano ao SUS. “Com
apenas uma picada, o Brasil vai poder proteger suas crianças
contra quatro tipos de doenças. Hoje, temos dados que
mostram que quase 11 mil pessoas são internadas por ano
por causa da varicela e temos mais de 160 óbitos”, declarou.
A ampliação do portfólio de vacinas, demandadas pelo
SUS e produzidas pelos laboratórios nacionais, é estratégica
para o Programa Nacional de Imunizações. “Ao produzir
novas vacinas no País, ficamos imunes à oscilação do dólar
e à crise econômica internacional. E também ficamos menos
dependentes de indústrias internacionais que decidem
parar de produzir determinada vacina em função dos interesses
de seus países”, ressalta Padilha.
Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, além de capacitar
os profissionais e criar plataformas para o desenvolvimento
de outras vacinas, esse tipo de acordo barateia
significativamente o preço das doses. “O valor global da
vacina tetra custará R$ 28 por unidade, incluindo a tríplice.
No mercado privado, essa vacina custa R$ 150. Só podemos
ter um programa que distribui gratuitamente vacinas
para todo o País porque temos a competência nacional de
produzi-las”.
Gadelha afirmou que o acordo de transferência de tecnologia
demonstra o papel fundamental que a Fiocruz vem
assumindo, enquanto instituição estratégica de Estado, na
estruturação do Complexo Industrial da Saúde no País.
Para o diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, o acordo
possibilita mais uma valiosa parceria estabelecida com a
GSK porque permitirá o acesso gratuito a um imunizante
que possibilitará a diminuição de casos da doença e a redução
de custos para o Sistema Único de Saúde.
A vacina
A vacina varicela foi desenvolvida no Japão no
início dos anos de 1970, mas apenas em meados
da década de 1990 passou a ser mais amplamente
utilizada nos países ocidentais. É produzida a
partir do vírus varicela-zoster vivo atenuado e é
altamente eficaz. Uma única dose da vacina (via
subcutânea, com uso de seringa) resulta em um nível
de proteção de 97% em crianças de até 13 anos
– sua administração é indicada a partir dos 12 meses
de idade. Resultados semelhantes são obtidos
em pessoas maiores de 13 anos com a aplicação de
duas doses da vacina. Além de apresentar um bom
perfil de tolerância, raramente produz eventos adversos
ou reações alérgicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a vacinação em massa contra varicela é recomendada
e uma cobertura vacinal de 85% deve
ser mantida para o sucesso do programa de imunização.
O mesmo racional se aplica para a prevenção
do sarampo, caxumba e rubéola, que também
depende da manutenção de elevadas coberturas vacinais.
Vários fatores podem influenciar a cobertura
vacinal, dentre eles a disponibilização de vacinas
combinadas, bem como o número de pessoas com
o cartão de vacinação atualizado.
Benefícios das vacinas
combinadas
A vacina sarampo, caxumba, rubéola e varicela
(atenuada) [SCRV] oferece o benefício da
imunização contra quatro importantes doenças
na infância em apenas uma administração, ressaltando
os benefícios das vacinas combinadas.
Anteriormente, a imunização contra estas quatro
doenças demandava a administração de duas vacinas
separadamente, ou seja, sarampo, caxumba
e rubéola, e a varicela administrada separadamente.
A vacina SCRV apresenta o mesmo perfil
de segurança, imunogenicidade e eficácia quando
comparada as vacinas SCR.