Segundo Pacheco, presidente do Cristália, o plano é aumentar a receita em 11% em 2015

O laboratório brasileiro Cristália, que opera um complexo industrial farmoquímico, farmacêutico e biotecnológico em Itapira, no interior de São Paulo, vai expandir a capacidade produtiva em 2015, mediante investimentos de R$ 220 milhões que já estão em curso, e ampliar o portfólio de medicamentos, a partir do lançamento de novos produtos e incorporação de linhas, por meio de aquisições.

Com essas iniciativas, disse ao Valor o presidente e um dos fundadores da farmacêutica, Ogari Pacheco, a projeção de alta de 11% do faturamento, para mais de R$ 1,6 bilhão no próximo ano, poderá ser alcançada. “É ambicioso, mas temos motivos para pensar assim”, disse. Também poderá contribuir para a expansão dos negócios a assinatura de mais um acordo de transferência de tecnologia para uma empresa no exterior. O primeiro contrato, do laboratório e do Brasil, foi anunciado neste ano, com uma indústria mexicana de artigos médicos, na área de antirretrovirais – o Cristália é o principal produtor do coquetel anti-Aids no país.

Com produção anual de 2,108 bilhões de unidades por ano, entre comprimidos, pomadas, ampolas, líquidos e fracionados, o Cristália está expandindo a capacidade da farmoquímica (de insumos), com início de operação previsto para 2015, e erguendo duas novas fábricas: uma de princípios ativos oncológicos e outra de peptídeos, compostos que ainda não são produzidos no país.

De acordo com Pacheco, as duas unidades fabris devem começar a produzir em 2016. “Cerca de 30% dos medicamentos consumidos no país são importados prontos [com embalagem] e um dos campos onde isso mais ocorre é na oncologia”, afirmou.

Ao mesmo tempo em que vai avaliar a incorporação de novas linhas de medicamentos, via aquisição, a farmacêutica também aposta no lançamento de produtos próprios – “mais de dez” no próximo ano – e na ampliação das exportações, usando a estrutura de uma coligada na Argentina para crescer no mercado internacional de oncologia.

Até o momento, pelo menos seis lançamentos já estão confirmados: um adjuvante anestésico, um antiviral usado no tratamento de infecções, um medicamento na área de oncologia, dois na área dermatológica e um vitamínico (também em dermatologia).

Dona de 75 patentes, com 152 pedidos feitos, a farmacêutica espera a concessão de novos registros em 2015. Um dos que são aguardados com certa ansiedade envolve biotecnologia, “um campo em que o país está mais atrasado”, conforme o presidente do Cristália, e se pretende uma patente mundial: a enzima colagenase produzida com microrganismos cultivados em cultura baseada em proteínas vegetais, e não animais – como no método tradicional utilizado nos países produtores e pela própria farmacêutica.

“Virtualmente, o risco de transmissão do mal da vaca louca deixa de existir, o que abre um potencial enorme de exportação dessa colagenase para a Europa”, comentou. A enzima é utilizada na fabricação de pomadas para tratamento de feridas, queimaduras e tecidos necrosados.

De acordo com Pacheco, os quatros pilares que sustentam os negócios do laboratório (hospitalar, licitações governamentais, farma e PDPs) contribuiram para o crescimento das receitas em 2014. Principal divisão do Cristália, a hospitalar cresceu em 2014 entre 13% e 15%, acima da média do setor, reforçando a presença em hospitais brasileiros (que já alcança índice de 95%).

A área de vendas governamentais por licitação, por sua vez, acompanhou o ritmo dos negócios hospitalares neste ano e a divisão farma (venda a varejo), que representa entre 12% e 13% do faturamento, cresceu mais de 20%.

Já os negócios desenvolvidos por meio de PDPs (sigla para Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo), programa do governo federal que envolve laboratórios públicos e privados, inclusive de capital estrangeiro, avançaram em volume durante 2014, porém as receitas não mostraram a mesma velocidade de expansão. “Houve significativa redução de preços”, explica Pacheco.

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