Formada por representantes de empresas, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil de diferentes estados do Brasil, a Comissão de Estudo Especial de Gestão da PD&I ABNT CEE-130 esteve reunida em Curitiba na última quinta (29/03) e sexta-feira (30/03), no Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), para elaborar o texto base da Norma “130:000.00-002 – Diretrizes para elaboração de projetos de PD&I”.


A previsão é de que a norma seja colocada no site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para consulta pública ainda no mês de abril e, após as contribuições da sociedade, o texto final será publicado. Assim como a outra norma elaborada pela Comissão, ABNT NBR 16501, que foi publicada recentemente (dez/2011), não tem caráter obrigatório – são diretrizes para empresas de qualquer porte e ramo de atividade desenvolverem projetos de PD&I.


“É uma ferramenta importante para as empresas melhorarem o seu desempenho nas suas atividades de PD&I tendo mais controle de seus investimentos em inovação e, consequentemente, diminuindo os riscos inerentes”, explica o coordenador da Comissão, Júlio C. Felix, que é diretor-presidente do Tecpar.


Junto com a nova Norma, será lançada uma terceira sobre terminologia para facilitar a compreensão dos textos. Para complementar o trabalho, a Comissão estuda ainda a elaboração de uma outra norma sobre vigilância tecnológica, “mas essa ainda não tem data prevista para elaboração”, disse Paulo Roberto Santos Ivo, do Instituto de Pesquisas Eldorado, que participa das reuniões da CEE-130 desde sua criação, em 2001.


Segundo Ivo, as normas que estão sendo lançadas servem de guia especialmente para que as pequenas e médias empresas possam desenvolver projetos inovadores com uma metodologia que tenha começo, meio e fim. “Nós tentamos dar esse caminho para a inovação, que é a peça-chave para que o Brasil possa superar suas deficiências em infraestrutura e educação, sendo mais competitivo no mercado global”, disse.


Na avaliação de outro integrante da Comissão, Fabrício Martins, que é da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo de Minas Gerais, o desafio é reunir as experiências dos diversos atores envolvidos na elaboração da Norma – empresas, consultores, agentes governamentais – e difundir a informação. “Principalmente para pequenas e médias empresas e universidades do interior do Brasil, a inovação é um grande mistério. Essas normas ajudarão muito pesquisadores e empresas que estão entrando neste universo agora e terão as diretrizes mínimas para criação de um projeto bem estruturado que facilite a busca de fomento, financiamento e o desenvolvimento com recurso próprio.”


O Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) integra a CEE-130. Segundo a assessora para a unidade de inovação e tecnologia da entidade, Hulda Oliveira Giesbrecht, o Sebrae vai formatar cursos e consultorias para auxiliar os empresários no entendimento e na aplicação das normas. “É importante participarmos tanto na elaboração, para inserir o interesse e a realidade das micro e pequenas empresas no texto da Norma, como também depois, criando instrumentos para facilitar a sua aplicação”, disse Hulda, completando que a inovação é um processo contínuo. “As normas técnicas auxiliam as empresas a inserir práticas para inovar continuamente, porque o processo de inovação não é estanque. Tem que se melhorar processos sempre tendo postura inovadora.”


O acervo da ABNT tem aproximadamente 9 mil normas técnicas. São padrões que no passado eram mais voltados à conformidade de produtos, mas atualmente abrangem também serviços, processos e procedimentos das diversas áreas do conhecimento.


Normalmente a elaboração de uma norma começa com uma demanda da sociedade à ABNT, que, a partir daí, constitui comissões de estudos para a sua produção. O secretário executivo na CEE-130 Eduardo Silva Lima explica que as comissões são abertas ao público e reúnem as diversas partes interessadas. Segundo ele, normas nacionais podem ser internacionalizadas por meio de sugestão à Organização Internacional de Normatização (ISO). “É o caso do que vai acontecer agora com as normas de PD&I”, disse Lima. Segundo ele, já foi aprovada a criação de um grupo de trabalho para elaboração de normas internacionais de PD&I com a coordenação de Espanha e Brasil, e a expectativa da Comissão é de que os textos brasileiros sejam usados como base para as normas internacionais.


A ISO reúne representantes de 170 países. Após o pedido de internacionalização de uma norma, a entidade nomeia um comitê composto por representantes de países interessados que cumprem um rito de análises e correções do texto levando em média três anos até a publicação.


Fonte: Tecpar

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