Maurício Mendes


Indústria brasileira de suco de laranja tem alto grau de desenvolvimento, principalmente por dispor de um excelente controle de qualidade em seu ciclo de produção


Para esclarecer sobre as últimas informações divulgadas na imprensa, na terça-feira (10 de janeiro), segundo a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), empresas norte-americanas teriam detectado um nível de 30 partes por bilhão (ppb) do fungicida carbendazim no suco de laranja concentrado comprado do Brasil.
Proibido nos Estados Unidos desde 2009, a substância é utilizada nas lavouras brasileiras para combater a “pinta preta” e a “estrelinha”, fungos que afetam a produtividade da plantação.
Diferentemente dos Estados Unidos, no Brasil é permitido a presença desse fungicida em até 5 mil ppb no suco de laranja. O mesmo ocorre em importantes mercados consumidores mundiais, como no Japão (3 mil ppb), no Canadá (mil ppb) e na União Europeia (200 ppb). Portanto, é importante ressaltar desde já que, independentemente do desfecho norte-americano, o caso não deve prejudicar as exportações para outros países.
Já a relação entre o principal consumidor e o maior produtor do suco de laranja deve ser impactada pelo episódio. Os Estados Unidos são responsáveis pela compra de 15% das exportações brasileiras de suco de laranja. Além disso, 80% do produto comercializado no país é misturado ao suco brasileiro, que apresenta características particulares que melhoram a qualidade do produto.
No entanto, a questão pode ser resolvida através de ajustes de metodologia nos dois países. Se o embargo norte-americano for concretizado e permanecer por um longo período, é provável que haja ajustes no setor. Os Estados Unidos terão a missão de encontrar novos países fornecedores de suco de laranja para suprir a demanda pelo produto, o que pode exigir tempo e esforço do governo.  E o preço, que já está elevado nesse país, poderá atingir valores que retraiam o consumo.
Já o preço da commodity poderá cair no mercado internacional, devido ao excesso de oferta nos demais países consumidores. É relevante ressaltar que os produtores do Brasil têm utilizado o carbendazim há 10 anos, e o uso é permitido e regulamentado por órgãos internacionais.
A indústria brasileira de suco de laranja apresenta alto grau de desenvolvimento e é respeitada em todo o mundo, principalmente por dispor de um excelente controle de qualidade em seu ciclo de produção. As tecnologias empregadas procuram sempre atender aos produtores, às indústrias e, sobretudo, ao consumidor final. Desse modo, o país tem controle e segurança sobre a cadeia do suco de laranja.


Maurício Mendes é CEO da Informa Economics FNP


Fonte: Sou Agro

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