O Diário Oficial da União publicou ontem portaria assinada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, instituindo o Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia, o CBC-Nano.
Ainda não está definida a agenda de pesquisas do centro, mas, segundo o químico Fernando Galembeck, a China manifestou interesse em desenvolver, com o Brasil, sensores e dispositivos para uso em diagnósticos clínicos para atendimento de populações dispersas.
“A ideia é ter um equipamento portátil confiável, de produção barata, que facilite levar atendimento às pessoas”, explica Galembeck, que é diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), em Campinas (SP), e será o coordenador brasileiro no CBC-Nano.
Segundo ele, outra área de interesse é o desenvolvimento de novos produtos a partir da biomassa. “Podemos usar nanotecnologia para transformar os resíduos agrícolas”, disse, ao lembrar que o Brasil, sendo um dos principais produtores mundiais de alimentos e de commodities agrícolas, gera grande volume de biomassa ainda não aproveitada.
O centro é virtual e funcionará como rede de cooperativa de pesquisa e desenvolvimento da qual ficará vinculado o LNNano. Conforme a portaria, “a participação no CBC-Nano será considerada serviço público relevante, não ensejando qualquer remuneração específica”.
A China é considerada uma das maiores potências na pesquisa com nanotecnologia, enquanto o Brasil ocupa a 25ª posição. Conforme dado divulgado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi), o mercado internacional de nanotecnologia deverá atingir US$ 693 bilhões até o final deste ano e US$ 2,95 trilhões em 2015.
Nanotecnologia diz respeito à capacidade de manipular matérias de tamanho atômico, de 1 a 100 nanômetros – cada nanômetro tem um milionésimo de milímetro, ou seja, uma unidade 10 mil vezes menor que o diâmetro do fio de cabelo.
Ainda ontem, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior(Mdic) informou que puniu o primeiro caso de circunvenção (conhecido como triangulação) nas importações brasileiras. Os cobertores de fibras sintéticas importados pelo Brasil do Uruguai e do Paraguai foram sobretaxados em US$ 5,22 o quilo.
O governo concluiu que os produtos são provenientes da China e passam por transformação marginal no Uruguai e Paraguai, antes de entrarem no Brasil, para burlar a medida antidumping aplicada contra os cobertores chineses. Além disso, a importação de tecidos de felpas longas da China, usados na fabricação dos cobertores, também passou a ser sobretaxada em 96,6%.
Fonte: DCI – 15/02/12