REVISTA FACTO
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Informando ABIFINA • Dezembro 2005 • ISSN 2623-1177
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//Artigo

O crescimento em foco

Depois do naufrágio das teses do “Consenso”, com a constatação da estagnação econômica que experimentaram os países que as adotaram, os economistas neoliberais trataram de arranjar um novo discurso que justificasse a ausência do crescimento. Este veio sob a forma de um salva-face, que ficou conhecido como “Segundo Consenso”. Em resumo,  esse novo consenso rezava que as receitas do primeiro não tinham dado certo para os países em desenvolvimento por que estes tinham fragilidades institucionais que não garantiam uma boa governança. Para que o crescimento voltasse a acontecer seria preciso criar as instituições adequadas, isto é, reforçar a democracia, reduzir a presença do Estado, reformar o judiciário, tornar independente o Banco Central, e um rol de medidas do mesmo jaez.

O Segundo Consenso durou menos que o primeiro e a pá de cal veio com o livro de Ha-Joon-Chang, um professor de Cambridge, que mostrou que os países hoje desenvolvidos não dispunham daquelas instituições à época de seu desenvolvimento. Elas foram conseqüências e não causas do desenvolvimento e, portanto, não havia lógica em exigir dos países menos desenvolvidos que as adotassem nos estágios iniciais de seu desenvolvimento.

No Brasil, alguns economistas retomaram as teses da boa governança, agora sob o nome de “incerteza jurisdicional”. Segundo eles, o crescimento brasileiro não acontece porque não há segurança de longo prazo para os investimentos, sobretudo estrangeiros. O Governo interfere, as condições dos contratos podem ser mudadas unilateralmente, a justiça é lenta e imprevisível. O argumento não deixa de ser curioso, especialmente quando aplicado a outras épocas históricas, em que houve crescimento sem os elementos que caracterizam a “boa governança” e em outros países de nossos dias, como a China, por exemplo. Lá, os elementos da “incerteza jurisdicional” persistem lado a lado com vigorosas taxas de crescimento e de fluxos de IDE.

Estas contradições entre teorias e fatos não são apanágio de economistas tupiniquins, longe disto. Em recente conferência internacional realizada no BNDES  – Investimento para o desenvolvimento – fazendo acontecer – Donald Johnston, secretário-geral da OCDE, afirmou que o Brasil pode passar à frente da China como maior recebedor de capitais internacionais se aderir à “boa governança”, isto é, se fizer exatamente…o que a China não fez e não faz, até hoje!

Em recente trabalho publicado na Revista de Economia Política e comentado por Maria Clara do Prado no jornal Valor Econômico, Edmar Bacha e Regis Bonelli procuram entender o processo de desaceleração do crescimento brasileiro e sugerem que uma das causas possíveis seria o preço relativo do investimento, que viria se elevando de forma sustentada nos últimos cinqüenta anos. O preço relativo do investimento é definido por eles como a razão entre o deflator de preços do investimento fixo bruto e o deflator de preços do PIB.

O gráfico apresentado no estudo, comparando o preço do investimento fixo no Brasil e no mundo, mostra que, entre 1965 e 1980, o preço do investimento no Brasil acompanhou mais ou menos a tendência mundial. A partir de 1985, começa a subir, acelerando a partir dos anos 90. Parece haver uma boa correlação entre os resultados do gráfico e as taxas de crescimento brasileiras. O período 1965/1980 foi o do “milagre brasileiro”, quando o País cresceu a taxas de mais de 7% ao ano e o pós-85 foi o período da estagnação.

Marcos Oliveira
Marcos Oliveira
Membro do Conselho Consultivo da ABIFINA.
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