O fortalecimento do complexo industrial da química fina, tema do Plano de Ação da ABIFINA para o período 2020/2022, ampliou sua relevância frente à vulnerabilidade da indústria brasileira exposta pela pandemia de covid-19. A última reunião do Conselho Administrativo, em julho, discutiu o início da elaboração de propostas para a cadeia produtiva como um todo.
Os participantes apresentaram cenários setoriais que deverão ser considerados. Akira Homma, assessor científico de Bio-Manguinhos e vice-presidente de Biotecnologia da ABIFINA, comentou que o processo de desenvolvimento de vacinas é longo (em média leva de 10 a 15 anos) e dispendioso. Mesmo sendo uma atividade estratégica, o Brasil não tem políticas públicas nem investimento privado no segmento.
Cristina Dislich Ropke, diretora de Inovação do Grupo Centroflora e diretora para Assuntos da Biodiversidade da ABIFINA, destacou o potencial do Brasil para produzir fármacos tanto a partir do uso tradicional de determinadas plantas, como pela pesquisa com base no patrimônio genético. Para esta vocação se tornar realidade, é preciso melhorar a interlocução entre indústria e academia e ampliar as ações de fomento com enfoque mercadológico.
João Lammel, consultor da Ourofino Agrociências e vice-presidente do segmento Agro da ABIFINA, ressaltou que, nesta área, é grande o déficit comercial devido a uma distorção tributária que torna mais vantajoso para as empresas importar produtos prontos do que comprar o produto técnico para fazer a formulação no Brasil.
A situação representa risco à soberania do País na fabricação de produtos essenciais, como apontou Thais Clemente, diretora de Assuntos Regulatórios da Ourofino Agrociências e diretora do Regulatório Agro da ABIFINA. Ela ainda defendeu maior transparência, celeridade e previsibilidade nos trâmites burocráticos para as empresas operarem no Brasil.
Quanto aos segmentos farmoquímico e farmacêutico, o presidente da ABIFINA, Sergio Frangioni, e o presidente executivo, Antonio Carlos Bezerra, apresentaram o projeto que está em andamento com outras entidades (veja a reportagem na pág. 22). A parceria resultou no documento “Propostas da indústria brasileira de insumos farmacêuticos e medicamentos”.
Avançando nesse trabalho – destacado em reportagem no jornal Valor Econômico –, a ABIFINA realizou no início de julho um seminário on-line para desenvolver as propostas traçadas. O evento foi promovido junto com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) e Grupo FarmaBrasil, parceiros do projeto.
Como primeiro fruto da empreitada, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações criou o GT-Farma, grupo de trabalho que irá entregar, após 180 dias, uma proposta de política para o desenvolvimento tecnológico e a inovação nesses setores. A ABIFINA participou da primeira reunião, em julho.