REVISTA FACTO
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Out-Dez 2017 • ANO XI • ISSN 2623-1177
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//Artigo

Biodiversidade Brasileira... Passado e Futuro

O ser humano tem se relacionado com a natureza desde o início de sua existência de maneira instável, passando por momentos de descoberta, mas também de exploração predatória que levou à extinção de várias formas de vida e que hoje coloca o planeta em risco.

Imagino como deve ter sido o início dos tempos… O ser humano em um ambiente que pouco entendia e buscando formas de sobreviver dentro de toda a brutalidade em que a natureza se apresentava. Fascinante, misteriosa, perigosa, tudo isso ao mesmo tempo.

Com o passar do tempo, foi encontrando formas de conhecê- la, buscando alimentos para sua fome e medicamentos para cuidar de sua saúde. A natureza sempre foi a fonte mais rica de soluções para os problemas do corpo e da alma.

Mas com o aumento do conhecimento e da população, veio o desejo de domá-la como se a natureza fosse nossa propriedade e dela pudéssemos nos servir. Esse sentimento perdurou por muito tempo, e ainda perdura, sendo que o planeta pede por um novo modelo de negócio que privilegie não apenas o econômico, mas também o social e o ambiental. O mais importante é o que estamos fazendo a respeito. E aí penso na indústria em geral e sobretudo na indústria farmacêutica.

Estamos vendo ano após ano a indústria perder representatividade no PIB, o Brasil estagnado em aproximadamente 1,2% de investimento em P&D, nosso País com problemas de competitividade (posição número 80 segundo o The Global Competitiveness Report do World Economic Forum) e também nossa fraca posição no ranking global de inovação (posição número 69 segundo o Global Innovation Index). 

Por outro lado, possuímos a maior biodiversidade do planeta, avançamos com relação à lei de acesso à biodiversidade e patrimônio genético e temos uma indústria farmacêutica muito expressiva, com alto potencial de crescimento.

Existe uma grande oportunidade de darmos um salto de inovação pela junção de três forças poderosas:

– Tamanho da indústria farmacêutica e seu potencial de crescimento
– Riqueza da biodiversidade brasileira
– Avanço da ciência

Vamos destacar cada uma delas:

A indústria farmacêutica é uma indústria importante no Brasil e tem crescido muito ao longo dos últimos anos com o avanço dos genéricos, levando medicamentos mais acessíveis à população. Também a tecnologia tem avançado muito, possibilitando maior efetividade no tratamento de enfermidades. Além disso, o aumento da expectativa de vida leva à necessidade de novas soluções de saúde para uma população que vive mais e quer viver com qualidade de vida.

A biodiverdidade brasileira é um ativo ainda pouco acessado pelas indústrias, em parte pelos desafios de se operar dentro do frágil arcabouço legal da medida provisória que permaneceu em vigor até pouco tempo. Hoje temos uma base regulatória mais avançada e que tem o potencial de destravar a nossa força de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia. Temos aproximadamente 20% da biodiversidade mundial espalhada em biomas ricos e diversos e grande parte dela ainda está desconhecida.

Pensando na evolução dos tempos, nossa jornada se iniciou na floresta na sua forma mais pura, da floresta extraímos ativos isolados de plantas, rumamos daí para os laboratórios com o desenvolvimento de drogas sintéticas, dos sintéticos para os biológicos e o ciclo da evolução segue.

O importante é que um novo ciclo não precisa encerrar o anterior. Devemos, sim, resignificar o passado com as novas tecnologias e o avanço da ciência.

A complexidade dos produtos naturais sempre representou um desafio importante do ponto de vista tecnológico, tanto para identificação de sua composição química, como para elucidação de seu mecanismo de ação.

Mas o avanço da ciência, seja na análise computacional de dados, nas novas técnicas analíticas, nas técnicas de identificação de estruturas complexas, na evolução de testes rápidos, no avanço da genômica, da proteômica etc., abre perspectiva para um novo mundo. Um mundo em que podemos entender melhor a natureza e identificar potenciais rotas de tratamento terapêutico para as enfermidades que nos afligem.

Isso levou o Grupo Centroflora a criar a empresa PhytoBios há alguns anos, que tem como missão principal o desenvolvimento de tecnologia radical em parceria com institutos de pesquisa, universidades e clientes. Por meio da biodiversidade, buscamos soluções para as grandes necessidades do ser humano visando a promover saúde e bem-estar.

É possível reverter esse cenário e colocar o Brasil no mapa dos países mais inovadores, aliando ciência, tecnologia e natureza, e tratando estes três elementos de maneira integrada e não isolada.

É preciso considerar não apenas o que o ser humano acessa da natureza, mas como ele a acessa, por meio de métodos mais sustentáveis que tragam riqueza e desenvolvimento a todos os elos da cadeia, desde o produtor, passando pelos fornecedores de insumos, pelas indústrias farmacêuticas, até chegar ao consumidor, respeitando sempre a natureza. Um modelo que inclui e não exclui!

Gerson Valença Pinto
Gerson Valença Pinto
Diretor técnico científico do Grupo Centroflora.
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