O surto de microcefalia relacionado ao vírus zika reforçou a necessidade do Brasil ter uma produção nacional de vacinas, antibióticos e medicamentos, especialmente para as chamadas doenças negligenciadas. A capacitação técnica de Bio-Manguinhos tem sido grande aliada para se compreender e combater o zika.
Bio-Manguinhos, junto com outros institutos, colabora para o desenvolvimento de um teste de diagnóstico molecular para detectar e diferenciar a infecção de zika, dengue e chikungunya (Kit Molecular ZDC Bio-Manguinhos). O produto se baseia na metodologia de isolamento viral ou reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), o que possibilita uma confirmação mais rápida e precisa do diagnóstico clínico.
A inovação é resultado do trabalho integrado de Bio-Manguinhos – ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) –, Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), com a coordenação do Ministério da Saúde.
O novo kit ZDC utiliza a mesma técnica de outro produto inovador desenvolvido por Bio-Manguinhos e IBMP. Trata-se de um teste molecular aplicado em bolsas de sangue para detectar HIV (vírus da Aids), HCV (vírus da hepatite C) e HBV (vírus da hepatite B) em tempo menor do que os testes convencionais usados nos hemocentros.
Também está no raio de ação de Bio-Manguinhos o desenvolvimento de uma vacina para zika. Em workshop promovido pela Fiocruz em março, em Pernambuco, Elena Caride, da Vice-Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico (VDTEC) da Fundação, disse que o objetivo é utilizar plataformas já existentes na Fiocruz para desenvolver processos de produção e direcionar os estudos clínicos em humanos.
“O maior desafio atual para o desenvolvimento de uma vacina para zika é o estabelecimento de modelos animais que possam reproduzir a doença e serem usados para testar a eficácia dos candidatos à vacina”, explica Elena.