REVISTA FACTO
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Jul-Set 2013 • ANO VII • ISSN 2623-1177
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//Artigo

UM GRANDE VISIONÁRIO DA FARMOQUÍMICA NACIONAL

“A maioria dos alagoanos sai e volta. Fui aventureiro. Saí de uma vez”, costumava dizer Alcebíades de Mendonça Athayde, que faleceu em julho, aos 85 anos, em São Paulo. Nascido em Anadia, numa família de 10 irmãos, sua história tinha tudo para ser como a de milhões de conterrâneos que deixam a terra natal para tentar a sorte e se diluem no anonimato da grande metrópole.

Movido por sua determinação, ainda bem jovem, na década de 50, e depois de uma longa viagem instalou- se numa modesta pensão próximo à região central de São Paulo em busca de trabalho. O que apareceu de oportunidade foi o emprego num laboratório farmacêutico, como propagandista. Para muitos teria sido o começo de uma trajetória profissional para levar a um cargo de chefia, mas para Athayde foi o ponto de partida para se tornar um dos brasileiros mais importantes para a indústria farmacêutica nacional.

Como outros propagandistas do seu tempo, gastou muita sola de sapato visitando uma infinidade de consultórios médicos para mostrar os remédios que representava. Apaixonou-se pelo que fazia e, como era da sua natureza, foi deixando a mentalidade de empregado e se tornou empreendedor. Assim, no início dos anos 60, já casado e com os filhos Junior e Álvaro, ainda crianças, decidiu abrir sua própria distribuidora de medicamentos e escolheu Recife para dar o primeiro passo como empreendedor. Na sua avaliação, Recife, na época, era uma capital relativamente grande e tinha uma situação econômica interessante: as usinas de açúcar eram prósperas e compravam muitos medicamentos, principalmente, da distribuidora do Athayde, graças a uma estratégia bem-sucedida. Ele identificou na região um jornalista muito bem relacionado com os usineiros e o contratou para sua equipe. O resultado não poderia ter sido melhor. “Toda minha economia eu fiz no Recife”, diria Athayde anos depois.

Com esta economia (e àquela altura, com mais uma criança, a filha Ana Lucia) ele retorna a São Paulo, desta vez com capacidade de ousar, investir e realizar. E foi isto que fez, em 1965, quando comprou o Laboratório Industrial Brasileiro de Biologia e Síntese, que tinha sido criado por um professor de medicina, em 1958, e era praticamente desconhecido. Embora tivesse gostado do nome, Athayde achou longo demais e resolveu modificá-lo, passando a chamá-lo de Libbs. Com o tempo viriam muitas outras modificações. Athayde foi conduzindo o negócio deixando marcas que hoje correspondem aos valores da empresa, como empreendedorismo, inovação, solidez, ética, excelência e integridade. Lançou produtos que se tornaram referência, como o Ancoron, criou marcas, estabeleceu um relacionamento com base na mais alta confiança com a classe médica, construiu uma fábrica de medicamentos, um centro de pesquisas e uma unidade de farmoquímica para a produção nacional de insumos farmacêuticos ativos. Deixou um legado inestimável para a indústria farmacêutica brasileira e preparou os filhos para darem continuidade à sua obra.

Hoje, a Libbs é uma empresa com faturamento anual próximo de R$ 1 bilhão. Gera mais de 2.200 empregos diretos e está presente em 1.133 municípios brasileiros. Mantém um complexo industrial em Embu das Artes, na Grande São Paulo, produz e comercializa 75 marcas e 171 apresentações de medicamentos para tratamento cardiovascular, ginecológico, dermatológico, oncológico, respiratório e do sistema nervoso central. Exporta hormônios para países da União Europeia e América Latina.

Recentemente, a companhia anunciou investimentos da ordem de R$ 560 milhões até 2018 para a fabricação de medicamentos biológicos. Parte desses medicamentos será produzida sob o modelo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que consiste na internalização de tecnologias e produção de insumos farmacêuticos ativos (IFA), além da transferência de tecnologias de produção para os laboratórios públicos Instituto Butantan e BahiaFarma.

Uma parceria já realizada com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz (Farmanguinhos) resultou, em março de 2012, na entrega, para o Ministério da Saúde, do primeiro lote do Tacrolimo, imunossupressor usado para prevenir a rejeição de órgãos transplantados. Ele é distribuído para aproximadamente 19 mil pacientes de um total de cerca de 26 mil transplantados de fígado e rim no País.

A determinação de investir no setor farmacêutico para tornar o Brasil mais independente da tecnologia internacional, ampliando o acesso da população a medicamentos seguros e eficazes, é compartilhada pelos filhos Alcebíades de Mendonça Athayde Junior e Álvaro Athayde, que assumem o comando da empresa para continuar a missão de produzir soluções farmacêuticas inspirando uma comunidade comprometida com a saúde.

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