REVISTA FACTO
...
Jan-Mar 2013 • ANO VII • ISSN 2623-1177
2023
73 72 71
2022
70 69 68
2021
67 66 65
2020
64 63 62
2019
61 60 59
2018
58 57 56 55
2017
54 53 52 51
2016
50 49 48 47
2015
46 45 44 43
2014
42 41 40 39
2013
38 37 36 35
2012
34 33 32
2011
31 30 29 28
2010
27 26 25 24 23
2009
22 21 20 19 18 17
2008
16 15 14 13 12 11
2007
10 9 8 7 6 5
2006
4 3 2 1 217 216 215 214
2005
213 212 211
//Especial

Energia e sustentabilidade: o desafio do século XXI

A necessidade de combater o aquecimento global tem levado os países a uma intensa busca por fontes alternativas e limpas de energia. O Brasil se destaca por 42,3% de sua matriz energética
ser de fontes renováveis e deve elevar o percentual para 85% em 2021, segundo o Ministério de Minas e Energia, se tornando exemplo para o mundo. Em média, esse tipo de geração corresponde a 13% da energia produzida em países industrializados e 6% nas nações em desenvolvimento. A vantagem brasileira está
na abundância de recursos naturais, que lhe permitirá
diversificar a matriz de forma sustentável.

No Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE)
2020, o governo brasileiro assume que a sustentabilidade
é a guia mestra para a expansão das atividades de
geração de energia elétrica, necessárias ao crescimento
econômico do País. A estratégia para o setor toma por
base as negociações internacionais sobre as mudanças
do clima, estabelecidas na Conferência de Copenhague
(COP-15), que se traduziu em âmbito nacional na Lei
12.187/09, que instituiu a Política Nacional sobre Mudança
do Clima. O arcabouço legal estabeleceu a meta
de redução de 36,1% a 38,9% das emissões de gases de
efeito estufa projetadas para 2020.

Para se chegar a esse objetivo, de acordo com o PDE, a
aposta do governo é “no aumento da eficiência energética,
no incremento do parque instalado de hidroeletricidade e
fontes alternativas de energia elétrica como eólica, biomassa e PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), além da avaliação das áreas de expansão da cana necessárias para o aumento do volume de biocombustíveis e consequente substituição de combustíveis
fósseis”.

Fontes renováveis

As opções de geração de energia no País apresentam
vantagens e limitações. A energia hidráulica é a forma
mais utilizada no Brasil em função da natureza e quantidade de rios existentes no território nacional, que abriga mais de mil empreendimentos desse tipo.
As correntes de água que formam rios possuem um
elevado potencial energético, pois, uma vez represadas
e aproveitadas em usinas hidrelétricas, geram energia
considerada renovável e limpa. Apesar disso, o represamento
dos rios, com formação de grandes áreas alagadas,
impacta no ciclo de vida das espécies e obriga populações ribeirinhas a migrarem para outros locais.

Já a energia eólica é gerada em áreas abertas, varridas
por ventos que movimentam grandes hélices para
gerar energia elétrica de forma limpa e inesgotável,
constituindo-se, porém, em uma forma ainda pouco
utilizada. No Brasil, o governo federal incentivou o segmento a partir de 2002, pelo Programa de Incentivoàs Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). Atualmente, o País possui parques eólicos nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
Por ter baixo custo e devido aos incentivos governamentais, as
fontes geradoras de energia eólica devem apresentar um crescimento significativo nos próximos anos. No entanto, é uma
boa opção apenas como fonte complementar, já que enfrenta
limitações como a intermitência dos ventos, além de provocar
impacto visual e sonoro.

Outra fonte de energia limpa e renovável é a solar, que não polui
nem promove impactos ambientais, servindo para gerar calor ou
eletricidade. Porém, é pouco explorada em função do elevado
custo de implantação.

Energia fóssil

Formados há milhões de anos a partir do acúmulo de materiais
orgânicos no subsolo, os combustíveis fósseis provocam poluição
e contribuem para o aumento do efeito estufa. Isso ocorre
principalmente nos casos dos derivados de petróleo (diesel e
gasolina) e do carvão mineral. Já no caso do gás natural, o nível
de poluentes é bem menor. Apesar das desvantagens, os combustíveis fósseis ainda são amplamente utilizados na geração de energia no mundo.

O Brasil deve assumir um papel mais relevante no mercado global
no segmento, atuando como exportador líquido de petróleo
e derivados, a partir da exploração do pré-sal. Segundo o PDE,
nos próximos dez anos o País duplicará a produção nacional de
petróleo e gás natural, atingindo cerca da metade desse quantitativo
até 2020. No entanto, terá de enfrentar o desafio da exploração
em profundidade e da logística para escoar a produção
pelo distante caminho dos campos até a costa.

Biomassa

A biomassa é feita a partir da decomposição, em curto prazo,
de materiais orgânicos – como esterco, restos de alimentos e
resíduos agrícolas -, do que resulta o gás metano, usado para
gerar energia. Também fazem parte deste grupo produtos obtidos
por processos de fermentação ou reações químicas, como é
o caso do álcool etílico e do biodiesel. Enquanto o álcool etílico
pode ser obtido de diversas formas de biomassa – como a cana
de açúcar -, o biodiesel é um combustível formado por ésteres
de ácidos graxos, obtidos comumente a partir da reação química
de lipídios com um álcool na presença de catalisador (reação de
transesterificação).

A biomassa representa um mercado promissor no Brasil, neste
momento de expansão da frota de veículos flex-fuel e de competitividade do preço do etanol hidratado em relação à gasolina.
Em 2010, a participação da biomassa na matriz energética
brasileira foi de 31%, sendo 17,7% de produtos da cana, 9,5%
de lenha e 3,8% de outros resíduos. O Ministério de Minas e
Energia prevê que a biomassa deve passar de 35% de participação
em 2020.

Entre suas vantagens, a energia da biomassa apresenta baixo
custo, é renovável, permite o reaproveitamento de resíduos e é
menos poluente que outras formas de energia, como a obtida de
combustíveis fósseis.

“A fusão nuclear é uma forma absolutamente limpa, segura,
inesgotável e barata de se produzir energia nuclear”

Tecnologia nuclear

A energia nuclear hoje utilizada é aquela liberada através da
desintegração do núcleo do átomo de urânio, quando ocorre
a fissão nuclear pelo “bombardeio” do núcleo deste elemento
com um nêutron. Essa forma de energia não é considerada
limpa, pois gera lixo radioativo. Mas a tecnologia está sendo
superada pelas pesquisas relacionadas à fusão nuclear, que ocorre
quando dois ou mais núcleos de um mesmo elemento se
fundem e formam outro elemento, liberando energia.

À frente do desenvolvimento está o projeto Reator Termonuclear
Experimental Internacional (Iter), conduzido pela União
Europeia e outros seis países. A unidade experimental Iter foi
instalada em Caradache, França, com o objetivo de desenvolver
a tecnologia de materiais necessária para atingir a fase de
viabilidade comercial de reatores a fusão termonuclear. A fusão
nuclear é uma forma limpa, segura, inesgotável e barata de se
produzir energia.

O projeto Iter começará a operar em 2019, utilizando o deutério
e o lítio como combustíveis primários da fusão nuclear.
Dessa forma, os países que tiverem reservas do mineral lítio,
ou dominarem a produção do combustível para esses reatores,
desempenharão papel semelhante ao que hoje apresentam as
nações produtoras de petróleo. Segundo a Agência de Energia
Nuclear de Paris, para que se diminua a emissão dos gases do
efeito estufa, é necessário que a energia nuclear seja responsável
por 20% de toda a produção mundial. Até o momento, ela só
corresponde a 6%, e assim mesmo usando tecnologia de fissão
do átomo de urânio.

O Brasil, embora não participe diretamente do projeto Iter,
teve participação indireta no projeto por deter 98% das reservas
mundiais do nióbio usado na fabricação de supercondutores,
necessários ao reator de fusão nuclear. Além disso, o
Brasil forma o seleto grupo de países que têm reservas de lítio
exploradas e industrializadas comercialmente, ao lado de EUA,
China e Rússia. Isso confere ao País um relevante, estratégico e
promissor papel na futura produção de energia através do processo
de fusão nuclear. Também destaca o País nas aplicações
já existentes em baterias de íon lítio, que estão viabilizando os
carros elétricos, e nos acumuladores de energia com baterias
de lítio, que terão papel relevante em conjunto com as fontes
intermitentes (eólica e solar).

Anterior

Biotecnologia e Inovação

Próxima

POLÍTICA INDUSTRIAL ANO NOVO, RENOVADAS SÃO AS ESPERANÇAS

POLÍTICA INDUSTRIAL ANO NOVO, RENOVADAS SÃO AS ESPERANÇAS