REVISTA FACTO
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Jan-Mar 2011 • ANO V • ISSN 2623-1177
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//Artigo

Ponto Focal - Desindustrialização Brasileira

Há quem diga que se você não está confuso é porque ainda não foi informado.

Vivemos num caldo de cultura da informação, do excesso de informação e de pouca formação.

Ao iniciar uma reflexão sobre o tema da desindustrialização, no meu caso é prudente limitar a minha linha de ação somente à altura dos pés, pois o sapateiro não passa do sapato.

Há um dilúvio de termos a nos atormentar como doença holandesa, câmbio, juros, inovação, desindustrialização, desverticalização como que nos levando na enxurrada.

O momento exige muita atenção, reflexão e principalmente ação política institucional no segmento que representamos: o farmoquímico-farmacêutico.

Não importa mais o que aconteceu, neste tempo vale mais o que está acontecendo e o que poderemos ajudar a acontecer.

O SUS é uma realidade nacional, a necessidade do acesso pleno ao medicamento é uma preocupação do Estado, refletida nas ações e decisões estratégicas contidas no Complexo Industrial da Saúde (CIS) e na parceria público-privada (PPP), que envolve premissas importantes desde o fortalecimento da cadeia produtiva farmoquímica-farmacêutica com a inclusão da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (Alfob) e das indústrias farmoquímicas de produção local.

O momento deixa de ser de desindustrialização e passa a ser de industrialização e em muitos casos até de verticalização.

É preciso muita atenção na qualidade dos investimentos, principalmente o capital voltado à inovação, que exige profissionais qualificados que o Brasil carece e que necessita formar urgentemente, produzindo empregos de bom nível, e para isso é necessário uma ação governamental capaz de em conjunto com as universidades formar essa mão de obra especializada e um conjunto com o setor produtivo.

A cadeia produtiva da industrialização com alta tecnologia como a farmoquímica-farmacêutica voltada para a inovação, com produção local dos insumos de alto valor agregado, definidos pelo Ministério da Saúde (SCTIE, SAS, SUS) como estratégicos, capazes de reduzir o déficit da balança comercial do setor e melhorar o acesso ao medicamento, fortalecendo a indústria instalada no Brasil, reduzindo a judicialização do acesso. Esse deve ser o nosso foco principal e nele concentrarmos o nosso esforço político, para oferecer aos participantes nestas parcerias uma maior segurança jurídica e regulatória, para que não haja dúvidas na hora de decidir o que realmente fazer.

A nossa vocação industrial ainda não priorizou a verticalização, nem a autonomia brasileira na produção de fármacos ou princípios ativos. Somos bons na produção de produtos acabados, inclusive os genéricos, mas ainda importamos aquilo que mais interessa no medicamento que é o princípio ativo, e não somos tão ativos em produzir o verdadeiro remédio, não somos bons de princípios, somos bons de produto final.

Como autor do livro o Brasil Tem Remédio (mas a população ainda não tem acesso pleno), pois em muitas ocasiões o pobre morre com o nome da cura escrita na mão, na receita, mas sem acesso a ela, deveríamos todos ser advertidos que uma receita sem acesso ao remédio, faz mal à saúde, piora a qualidade de vida e antecipa o fim.

A boa saúde do trabalhador diminui o absenteísmo e torna o país muito mais produtivo, e o remédio faz parte do mix de ações que quando necessário, não pode faltar para que isso aconteça e principalmente com o princípio ativo produzido localmente.

No Brasil existe uma intenção e uma vontade política de fazer renascer e florescer a indústria farmoquímica, essencial principalmente quando falamos de inovação terapêutica, no desenvolvimento de novas moléculas.

O nosso parque farmoquímico é pequeno, mais já constituído de empresas com longa tradição no ramo, qualidade e potencial inovador. O grande receio é que pouca gente sabe da realidade desse segmento, e até pensa e diz que o Brasil não tem capacidade para produzir os fármacos e que isso é coisa de multinacional.Aí mora o perigo, pois pensando assim só falamos e legislamos para uma indústria nascente e esquecemos primeiro de fortalecer e revitalizar o que já existe e que é bom e ao mesmo tempo implementar programas para as novas.

É preciso cair na real, conhecer o que temos, vitaminar as indústrias existentes, sendo o poder de compra do estado a grande alavanca para através das PPP com a participação maciça dos ministérios, da iniciativa privada e dos laboratórios oficiais e em conjunto com a Anvisa, cuidar melhor do Brasil.

Odilon Costa
Odilon Costa
Presidente do Conselho Administrativo da ABIFINA.
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