REVISTA FACTO
...
Mai-Jun 2007 • ANO I • ISSN 2623-1177
2024
75 74
2023
73 72 71
2022
70 69 68
2021
67 66 65
2020
64 63 62
2019
61 60 59
2018
58 57 56 55
2017
54 53 52 51
2016
50 49 48 47
2015
46 45 44 43
2014
42 41 40 39
2013
38 37 36 35
2012
34 33 32
2011
31 30 29 28
2010
27 26 25 24 23
2009
22 21 20 19 18 17
2008
16 15 14 13 12 11
2007
10 9 8 7 6 5
2006
4 3 2 1 217 216 215 214
2005
213 212 211
//Editorial

Críticas infundadas sobre o setor de defensivos agrícolas

Adotando um comportamento monotonamente recorrente, diferentes entidades identificadas com o negócio agrícola vêm procurando apontar possíveis vilões que estão extraindo renda do produtor através de práticas de preços sustentadas nas imperfeições do mercado. A análise recai preferentemente sobre o setor fornecedor de insumos agrícolas, com ênfase sobre o segmento dos defensivos agrícolas.

A primeira conclusão a que chegam é que as empresas que representam esse setor constituem um caso clássico de formação de cartel cujo propósito central seria uma atuação coordenada para a fixação e o controle de preços. A simples análise do comportamento dos preços praticados nesse segmento e um melhor conhecimento do portfólio de cada empresa derrubariam essa argumentação falaciosa.

Com relação aos preços, os dados obtidos em 18 municípios de São Paulo junto aos revendedores, colocados à disposição de qualquer consulente pelo Instituto de Economia Agrícola, atestam que de uma relação de 132 produtos, para um período de 12 meses, compreendido entre janeiro de 2006 e janeiro de 2007, somente cinco apresentaram aumento de valores, em 2007, a preços correntes.

Outra rápida análise que pode ser facilmente realizada é através das informações oferecidas pela Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, referentes às séries históricas de custo de produção de diversas lavouras.

Adotando a cultura da soja como modelo representativo, considerando tratar-se da lavoura que absorve o maior quantitativo de insumos, em valor, é possível observar que em diferentes safras ocorrem variações nos custos totais, nos gastos com defensivos e no valor por saca/60kg, mas a participação percentual dos gastos com defensivos permanece dentro de um intervalo bastante estável, conforme dados abaixo apresentados.

Como a variação do custo de produção, ao longo do tempo, é resultado de um conjunto de fatores é no mínimo precipitada a análise de que as elevações dos gastos com defensivos decorrem basicamente de possíveis aumentos de preços dos produtos utilizados nas lavouras.

Em curto prazo, no momento da decisão de comprar, o parâmetro técnico real existente e determinante da despesa a ser realizada é o coeficiente de uso, que, por conseguinte, influenciará a decisão de cada produtor e no agregado a demanda do produto. Significa dizer que o estágio tecnológico do produtor e as exigências próprias do sistema de produção adotado são os fatores preponderantes na explicação do comportamento da estrutura de custo.

Obviamente que referidas condicionantes por sua vez terão seus efeitos, através de regras da oferta e demanda, sobre os preços. Além do nível tecnológico de cada produtor vale frisar que a cada ano, por pressões decorrentes de doenças, pragas, práticas de rotação de cultura e outras, o comportamento do custo será diferente.

Por sua vez, os relativos de preços insumo-produto constituem importantes indicadores de conjuntura nas decisões de investimento, considerando que as relações de troca evidenciam variações no poder aquisitivo do produtor.

Tendo por base dois importantes princípios ativos por classe, levando em conta que os mesmos têm um significativo número de empresas ofertantes (três), podem ser observadas variações muito favoráveis aos produtores.

Quanto aos ofertantes desse mercado é verificado que sua estrutura no Brasil mantém uma forte correspondência com a de outros países. No País, dez empresas respondem por 85% da demanda, na Argentina, nove empresas atendem a 86% e na Europa doze companhias respondem a 99% do mercado.

As informações apresentadas tiveram como propósito demonstrar que o setor está submetido a uma forte concorrência que implica variações dos preços fortemente relacionados às regras de oferta e demanda, e, principalmente, buscar eliminar a simples imputação de que o setor de defensivos agrícolas é responsável por causar danos à capacidade de competir de nossos agricultores.

Não foram avaliadas neste artigo, mas podem estar subjacentes a todas as razões que procuram identificar as causas relacionadas a possíveis perdas de competitividade do setor agrícola, as ineficiências provenientes das diferentes instâncias de governo, particularmente, para o segmento de defensivos agrícolas, aquelas relacionadas ao sistema regulatório. Esse fato em si determinará a elaboração de outro artigo, oportunidade em que serão discutidos alguns aspectos da atuação dos órgãos responsáveis pelo registro de agroquímicos e seus possíveis efeitos sobre o nível de concorrência do setor.

Luiz Cesar A. Guedes
Luiz Cesar A. Guedes
Anterior

Biodiversidade e indústria: uma articulação indispensável

Próxima

Confira as notas sobre iniciativas e eventos do setor de química fina e de seus associados