O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz, mais conhecido como Bio-Manguinhos, completou trinta anos em maio deste ano, completando três décadas de relevantes serviços prestados à saúde pública brasileira.
Bio-Manguinhos foi criado em 4 de maio de 1976, no bojo de uma ampla reestruturação da antiga Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com a finalidade específica de aumentar o número, a quantidade e a qualidade da produção de vacinas no País.
No início de suas atividades Bio-Manguinhos contava apenas com uma produção relevante, a da vacina contra febre amarela. Seus demais produtos eram fabricados de maneira artesanal, em laboratórios acanhados que não obedeciam às normas de qualidade e segurança que vinham sendo aperfeiçoadas e adotadas mundialmente. O Brasil seguia importando consideráveis quantidades das vacinas necessárias ao Programa Nacional de Imunizações, estabelecido em 1973. A erradicação mundial da varíola, ocorrida na década de 70, a contenção da febre amarela e o sucesso no combate à poliomielite deram um enorme prestígio aos programas de imunização e Bio-Manguinhos recebeu apoio para crescer e diversificar-se. Vieram os investimentos necessários para a produção local da vacina contra meningite A/C, numa parceria com o Instituto Merieux, a vacina contra sarampo com tecnologia japonesa do Instituto Biken e a vacina antipólio, importada, mas melhorada tecnicamente no instituto.
A história de Bio-Manguinhos foi pontilhada de altos e baixos, sempre lutando com dificuldades para sua modernização, que quase sempre refletiam as dificuldades políticas e econômicas do Estado. Ao final da década de 90, com a transferência de uma vacina conjugada de última geração, a vacina contra Haemophillus
influenzae, o instituto passou a contar com um fluxo mais generoso e constante de recursos que lhe permitiu desenvolver um ambicioso plano de reorganização e modernização, seja de suas instalações, seja de seus métodos administrativos, seja da qualificação de seu pessoal. A ênfase na qualidade pontuou todo este esforço, que ainda prossegue.
Para comemorar seus trinta anos, Bio-Manguinhos reuniu no Rio de Janeiro algumas das maiores autoridades mundiais em biotecnologia e vacinologia, em um simpósio que procurou traçar um perfil da situação da biotecnologia aplicada à saúde brasileira e mundial. Temas como a possível pandemia da gripe aviária causada pelo vírus H5N1, as perspectivas da produção de uma vacina contra o vírus HIV ou o avanço no desenvolvimento de uma vacina tetravalente contra a dengue foram tratados, lado a lado com a apreciação do papel representado pelos laboratórios estatais dos países emergentes e sua contribuição ao controle mundial das doenças virais e bacterianas. Bio-Manguinhos tem um papel destacado entre os produtores de vacinas dos países menos desenvolvidos. É o maior produtor mundial de vacina anti-amarílica e a qualidade e confiabilidade de sua produção é hoje reconhecida internacionalmente exportando crescentes quantidades desta vacina para os programas de imunização coordenados ou apoiados pela Organização Mundial de Saúde.