Fonte: Jornal Opção
10/01/24

Pedro Moura
05 janeiro 2024 às 10h02

Além disso, servidores iriam realizar ao menos três operações em janeiro para combater o desmatamento do Cerrado goiano e o tráfico de animais

Quatro fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de Goiás (Ibama), escalados para participar de operações em Terra Yanomami e na Amazônia, desistiram de deixar o estado devido à paralisação nacional do órgão. Outras três operações, programadas para ocorrer em Goiás neste mês de janeiro, também foram suspensas.

Entre as operações que seriam realizadas no estado goiano estão: ações contra o desmatamento no cerrado, combate ao tráfico de animais e contra agrotóxicos ilegais. Os locais onde seriam deflagrados os trabalhos não foram divulgados pelo Ibama.

Os servidores do Ibama anunciaram a paralisação das atividades de fiscalização na nesta terça-feira, 2, em meio a falta de posicionamento do governo federal sobre possíveis melhorias nas condições de trabalho da classe.

A carta com mais de 1,3 mil assinaturas endereçada ao presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, os funcionários públicos destacam a importância do trabalho do órgão no combate ao desmatamento ilegal no Brasil e reforçam a necessidade de uma reestruturação de carreira. Em Goiás, 14 dos 86 servidores assinaram o documento.

“Nos últimos anos, quase 600 servidores [em todo país] saíram do Ibama para ir para uma carreira mais atrativa. Às vezes eles são aprovados e ficam temporariamente no Ibama por conta da defasagem do salário. Isso é prejudicial, visto que você capacida uma pessoa e depois de um, dois anos, ela sai”, explicou o Presidente da Associação dos Servidores do Ibama e ICMbio em Goiás (Asibama), Leo Caitano.

Vale ressaltar que o Ministério da Gestão firmou no final de dezembro do ano passo acordos para concessão de reajustes nos salários dos servidores da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O aumento pode superar os 20%, sendo que os salários reajustados este ano poderão chegar a R$ 41 mil.

“São carreiras que tiveram aumento no governo Temer e Bolsonaro, enquanto o Ibama não tem reajuste desde 2015. Para se ter uma ideia, o salário inicial dessas carreiras é maior do que o salário final das nossas carreiras”, disse.

Licitações
Leo explica que além do salário baixo, os servidores também enfrentam acúmulo de funções administrativas e de campo, podendo exercer até três funções distintas devido à falta de profissionais. Há ainda dificuldades em conseguir equipamento e até combustível por conta das licitações.

“Trabalho no Centro de Animais Silvestre, o Cetas [de Goiânia]. Eu tenho que fazer a parte administrativa e a parte técnica e ainda dou apoio em fiscalizações de fauna quando necessário. Hoje, praticamente não temos ninguém trabalhando na área técnica por falta de concursos. Então precisamos ajudar”, concluiu.

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