Encerrando o IX SIPID, o painel lV “A Propriedade Intelectual como Ferramenta para Geração de Inovação” apresentou casos de sucesso de inovação na indústria de farmacêutica nacional. O diretor de biotecnologia do Cristália, Marcos Alegria, e o diretor do Núcleo de Inovação Radical do Aché, Cristiano Guimarães, revelaram detalhes das estratégias de inovação de cada uma das empresas e seus resultados positivos. O chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde (Deciss) do BNDES, João Paulo Pieroni, e o superintendente de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Rodrigo Secioso, participaram da discussão, trazendo a visão de quem financia projetos de inovação.

Na exposição inicial, Guimarães, do Aché, falou da importância de ter a inovação como pilar estratégico da empresa. Trata-se de uma cultura institucional que perpassa todas as diretorias. O Aché investe tanto em inovação radical quanto incremental. O investimento em inovação reflete a preocupação do laboratório com seu futuro. “A gente quer se internacionalizar mais, não por aquisição de fábricas ou abertura de escritórios, mas por meio da inovação, licenciamento ou inovação em cooperação”, contou. Para isso, é importante investir num time de profissionais qualificados, pois, segundo o dirigente, o encontro das expertises em pesquisa e em produção fabril é fundamental na hora da inovação.

Na sequência, Alegria, do Cristália, revelou a experiência do grupo na produção da colagenase em território nacional, por via biológica. Trata-se de uma enzima essencial utilizada na fabricação do produto Kollagenase destinado ao tratamento de queimaduras, um dos carros chefe da companhia. A decisão de produzir o IFA internamente veio da necessidade de enfrentar a escassez no fornecimento do produto. O sucesso da experiência foi tanto que hoje o Cristália decidiu investir em um projeto de bioprospecção, em que procura identificar, na biodiversidade brasileira, moléculas para a produção de antibióticos. “O desenvolvimento de novos antibióticos é prioridade crítica no mundo. Se olharmos o número de antibióticos aprovados ao longo das décadas, nos anos 2000 foram aprovados menos antibióticos que nos anos 1940”, alertou.

Nos comentários finais, tanto Pieroni, do BNDES, como Secioso, da Finep, destacaram a importância de um ambiente propício para que a inovação aconteça. “Nenhuma grande empresa internacional faz inovação sozinha. A gente precisa do ambiente acadêmico mais envolvido e precisa destacar o papel das pequenas empresas no Brasil”, defendeu Pieroni. Para Secioso, o sucesso das duas experiências reside na criação de uma organização para a inovação. “Ambas as empresas percebem o valor de internalizar conhecimentos, de fazer P&D de forma endógena”, afirmou. 

 

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