19/10/2011 – Roberto Nicolsky
O Dia da Inovação, proposto pela Protec à Presidência da República em 2002 e oficializado por lei desde o ano passado, é uma boa oportunidade para refletir sobre as ações de estímulo ao desenvolvimento tecnológico no Brasil. O dia é comemorado em 19 de outubro porque foi nesta data, em 1901, que Santos Dumont deu a volta à Torre Eiffel com um balão dirigível, conquistando o Prêmio Deutsch. O balão era o Brasil 6, o sexto de uma série de tentativas que foram aperfeiçoadas até a conquista da premiação. Foi este o evento escolhido para marcar a data – e não o vôo do 14 Bis, muito mais conhecido – exatamente para destacar o conceito de inovação defendido pela Protec: um processo de agregação continuada de melhorias para tornar o produto mais competitivo.
Hoje, em um cenário mundial de crise econômica, a inovação tem um caráter essencial para garantir a competitividade. Mas são necessárias medidas ousadas. Infelizmente, o plano Brasil Maior, embora sinalize um apoio à indústria, não prevê medidas significativas para estimular a inovação tecnológica – a única via para destacar nossos produtos no mercado mundial e aumentar a competitividade do País de forma sustentável. Estamos caminhando a passos de formiga e perdendo cada vez mais espaço. Nossos competidores – notadamente Índia e China – agregam mais valor a seus produtos do que nós, e de forma mais rápida. Precisamos urgentemente alcançar uma taxa média de agregação de inovações superior à deles.
A mobilização da indústria há quase uma década já trouxe conquistas importantes para a sociedade, como as atuais leis de fomento. A Lei do Bem, que concede incentivos fiscais a empresas inovadoras; a Lei da Inovação, que permite o compartilhamento do risco tecnológico entre Estado e empresa através da subvenção; e a recém aprovada Lei das Compras Públicas, que dá preferência para produtos desenvolvidos no Brasil em licitações, formam um marco legal estruturado que pode dar suporte a uma estratégia de crescimento nacional baseada no desenvolvimento de tecnologia.
O que nos falta, no entanto, são políticas públicas corajosas que tornem as leis já existentes universais e eficazes para estimular o desenvolvimento tecnológico no País. A inovação resolve problemas práticos, como baratear ou acelerar um processo industrial, produzir com maior eficiência, rentabilidade e preservação ambiental, adaptar um produto a novas necessidades e desejos do consumidor, em resumo, competir melhor. Para enfrentar a crise mundial e não perder espaço – como perdemos dia após dia – para nossos concorrentes, não basta louvar a inovação em discurso e repetir que o desenvolvimento tecnológico é o centro da estratégia da nova política industrial. É preciso aplicar a legislação e lançar medidas concretas que reflitam, na prática, o que é dito pelo Governo. É hora de agir.
Fonte: Portal Protec