As duas maiores potências agrícolas do mundo – Estados Unidos e Brasil – estão prontas para alimentar o mundo. O entendimento é do conselheiro de assuntos agrícolas da Embaixada Norte Americana no Brasil, Bob Hoff (foto). Na quarta-feira (16) ele participou, em Cuiabá, de um encontro na Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) e disse estar surpreso com o avanço do agronegócio no estado. Um dos destaques, segundo o conselheiro, é a utilização de novas tecnologias para expandir a produção de alimentos sem abrir novas áreas. O norte-americano também se reuniu com dirigentes da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja).


“Vi muitas mudanças e estou impressionado não somente com o aumento na produção de grãos, que nos últimos 20 anos aumentou 180% no Brasil, mas a adoção de tecnogia é a coisa que mais me impressionou”, declarou Hoff.


A última vez que esteve na capital de Mato Grosso foi em 1997, quando participou de visitas em Cuiabá e também em Rondonópolis, município distante 218 quilômetros da capital. Desta vez ele passou por Primavera do Leste, Rondonópolis novamente e também a capital. “Estados Unidos e Brasil são os dois países mais capazes de produzir alimentos no mundo”, destacou Hoff.


Parceiros e concorrentes ao mesmo tempo, os países têm firmado parcerias para troca de tecnologias. Para o conselheiro norte-americano, a relação é benéfica. “Nada errado sermos concorrentes. Os países são parceiros e trabalham em equipe. Acho que no futuro vai haver ainda a oportunidade para trabalharem para melhorar a produção de alimentos, a tecnologia”, citou.


Atualmente, cientistas brasileiros e norte-americanos já trocam experiências por meio de uma parceria estabelecida entre o Departamento de Agricultura dos Estadoa Unidos (USDA) e a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). “Buscamos outras áreas que possamos trabalhar em conjunto, como na agrobiotecnologia”, complementou.


Para o diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, as duas nações estão se preparando para abastecer a demanda mundial por alimentos. “Estamos investindo cada vez mais para atender essa demanda. Temos um desafio, porque ela cresce mais que a capacidade que temos para produzir esse alimento e obriga a pressão para cima do setor agropecuário”, destacou.


No campo das exportações, Mato Grosso embarcou até setembro o montante de US$ 35 milhões. A maior parte destinada ao abastecimento da indústria, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.


No que se refere aos produtos oriundos do campo, as exportações de Mato Grosso ainda são consideradas relativamente pequenas. No ano passado, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado embarcou para a nação vizinha 39.025 toneladas em produtos. Foram 29.018 ton de produtos florestais, separados entre madeira (55%) e celulose (45%). Outras 9.677 toneladas de óleos vegetais (exclui a soja) também foram exportadas.


A explicação para o pequeno volume de negócios vem do diretor-executivo da Famato. “Os Estados Unidos são autosuficientes na produção agropecuária. Além de serem os maiores produtores de alimentos no mundo, produzem para o consumo interno e também abastecem outras regiões do mundo. Isso faz com que eles não trabalhem com a importação direta do produto final que estamos produzindo”, completou.


Enquanto negocia poucos produtos primários, Mato Grosso, por sua vez, exporta a tecnologia. “Hoje já conseguimos exportar para os Estados Unidos não o produto, mas sim a tecnologia”, acrescentou Seneri.


Safra 2010/11
Neste ano, a safra brasileira de grãos alcançou 162,96 milhões de toneladas, uma alta de 9,2% aos 149,25 milhões produzidos em 2009/10. Somente de soja, a produção chegou a 75 milhões de toneladas. Dos Estados Unidos, por sua vez, a oleaginosa bateu a casa de 90,6 milhões de toneladas com 31 milhões de hectares.


Alta na produção de soja em MT contribui para o estoque mundial
O aumento de 4,6% na produção da safra de soja 2011/2012 estimada para Mato Grosso deve contribuir para a sobra no estoque mundial da oleaginosa. O otimismo previsto para o estado, cuja produção deve passar de 20,5 milhões de toneladas para 21,5 milhões de toneladas, é resultado do aumento da área plantada de 6,4 milhões de hectare para 6,7 milhões hectares. A expectativa de expansão da área é de 5,8%, de acordo com o último boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).


Os resultados andam na contramão do que é previsto para a safra de soja nos Estados Unidos e na China. Na semana passada, o departamento de agricultura dos Estadoa Unidos (USDA) divulgou que apesar do aumento de área plantada, projetada em pouco menos de 34 milhões de hectares, 3,0% menor que na safra norte-americana de 2010/11, a queda na produtividade de 49 sacas para 46 sacas por hectare resultou em uma diminuição na produção de quase 8 milhões de toneladas, redução de 8,7%.


O relatório do USDA também estima que a produção de soja no cenário chinês tenha uma queda de 7,2%, ou seja, redução do volume em 1,1 milhão de toneladas com relação à safra 10/11. As importações devem crescer 7,9% para a próxima safra, totalizando 56,5 milhões de toneladas, ou seja, aumento de 4,1 milhões de toneladas incentivado pelo aumento de 8,5% no consumo. Com isso, para a safra 11/12, a estimativa é que o estoque de soja na China dure aproximadamente 66 dias.
 
Segundo o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, esse cenário pode ser vantajoso para a Argentina e para o Brasil e, consequentemente, para Mato Grosso. Ele explica que apesar da produtividade mato-grossense para a próxima temporada apresentar queda de 1,1%, de 3.208 quilos por hectare para 3.174 kg/ha, a produção será alta porque o produtor irá reaproveitar áreas degradas. “A China continuará comprando soja do Brasil e da Argentina”, ressaltou.


Celidônio aponta que a competição para a venda da oleaginosa entre os brasileiros e argentinos é semelhante ao que ocorre em Mato Grosso com o sul do país. “A produtividade mato-grossense é menor que em outros estados, por outro lado, a produção lidera o ranking nacional”. Essa também é a vantagem dos produtores da Argentina, que é o terceiro maior produtor de soja do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e para o Brasil.


Plantio
Mato Grosso já conta com 85,9% das áreas semeadas, mostrando uma evolução de 10,5 pontos percentuais frente à semana passada, menor diferença desde o início do plantio. No comparativo de safras, neste ano-safra 2011/12 a semeadura está em ritmo acelerado se comparado às duas últimas temporadas. Em 10/11, no mesmo período cerca de 71% do plantio foram concluídos, enquanto na safra 09/10 o percentual era de 67,9%.


Essa antecipação da safra da soja mato-grossense já foi verificada em outros indicadores do agronegócio, como ocorreu com a comercialização de insumos e na comercialização dos grãos, que na média histórica foi a mais adiantada. Esse adiantamento, desde que o clima se mantenha estável e úmido, favorece o desenvolvimento da cultura precocemente. O Imea destaca que se as boas condições até o momento no estado se mantiverem, a participação no cenário mundial poderá ser maior ainda, se comparada às outras regiões produtoras no mundo.


Exportação
De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em outubro Mato Grosso exportou 423,2 mil toneladas de soja in natura. Com este embarque, os exportadores receberam US$ 221 milhões, uma média mensal de US$ 522/tonelada, ou US$ 31,33 por saca. Nos primeiros 10 meses deste ano, as exportações mato-grossenses já representam 95,7% (8,2 milhões de toneladas) do total enviado no ano de 2010 (8,65 milhões de toneladas).


Fonte: Andef

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