Representantes da indústria discute no 5º ENIFarMed propostas para o governo estimular a compra interna de insumos pelos mercados público e privado


A lei de licitações é um veneno para a indústria farmoquímica brasileira e precisa ser revista para permitir que o mercado público possa privilegiar a compra de insumos nacionais. A afirmação foi do presidente da Abifina, Jean Peter, também presidente da Globe Química, no painel “Perspectivas para o Brasil em farmoquímicos e excipientes”, nesta segunda-feira (29/08), no 5º Encontro Nacional de Inovação em Fármacos e Medicamentos (ENIFarMed), realizado em São Paulo até a próxima quarta-feira. Segundo ele, é preciso reconhecer a necessidade da aplicação das Parcerias Público-Privadas, mas elas, por si só, não vão promover a ampliação do segmento.


“O grande mercado hoje para IFAs são os genéricos. Ou se resolve o problema da indústria de genéricos não consumir dos fabricantes farmoquímicos nacionais, ou nenhuma ação vai adiantar. Mas como motivar a farmacêutica privada a comprar da farmoquímica nacional? Com isenção fiscal na venda em farmácia do produto farmacêutico produzido com IFAs nacionais”, propôs Peter. “Claro que nossos IFAs vão ser mais caros, pois é impossível competir com o importado, mas compensa no preço final”, argumentou.


Para o presidente da Abifina, os fabricantes brasileiros têm pessoal e tecnologia para se tornar competitivos, exportadores, com produtos de qualidade. “A questão é como nos organizarmos, a indústria em primeiro lugar, e em conjunto com o governo. Não existiria indústria automobilística no Brasil se não houvesse uma barreira de 35% contra importados. Não adianta se iludir. O Plano Brasil Maior foi uma luz no fim do túnel. Sei que é um túnel comprido, então precisaremos ter paciência”, disse.


Nicolau Lages, da Nortec, apresentou outras sugestões. Para ele, o governo deve impor a compra de IFAs nacionais como obrigação para os laboratórios farmacêuticos fornecerem para o Sistema Único de Saúde (SUS).


“Só depende das políticas públicas para o Brasil desenvolver famoquímicos. O mercado farmacêutico é grande: deve movimentar em torno de US$ 45 bilhões de reais este ano, sem contar o mercado público. Se 10% são farmoquímicos, imagine o quanto poderíamos crescer. O que falta é atrairmos investidores. E ninguém vai investir com esse cenário mercadológico, porque a concorrência com importados é muito grande”, afirmou Lages. “Quando nós e Abifina falávamos, anos atrás, em taxar importações, todo mundo ficava horrorizado. Agora já lemos isso nos jornais. O Ministério da Fazenda fala nisso. O mercado brasileiro deve ser usado para os produtos fabricados aqui”, defendeu.


A urgência em se promover a isonomia sanitária para produtos nacionais e estrangeiros foi lembrada por Lélio Maçaira, da Laborvida. Representando o Instituto Vital Brazil (IVB), Antônio Werneck pontuou decisões fundamentais para o setor que vêm sendo pauta de discussões na Abifina. Uma delas é a possibilidade de diversificação das atividades para encampar os intermediários de síntese e os produtos biológicos no portfólio das indústrias. Outro tema são formatos alternativos para a verticalização. O IVB está fazendo experiências nesse sentido, fechando um acordo de cinco anos com a Nortec para compartilhar o risco no desenvolvimento de rivistigamina, usada no tratamento de Alzheimer. A proposta é estabelecer o compartilhamento diferenciado dos resultados.



(Fonte: Natália Calandrini para Abifina – 30/08/2011)

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