É preciso usar o poder de compra do Sistema Único de Saúde (SUS) para estimular a pesquisa no Brasil. A avaliação foi feita nesta quinta-feira (7) pelo ministro-interino de Ciência e Tecnologia, Luiz Elias, durante o III Fórum Nacional sobre Inovação Tecnológica na Área de Saúde no Brasil.
O encontro, promovido pelo Programa Ação Responsável, em parceria com o Senado Federal – e patrocinado pela MSD Farma, Cristália, Sanofi Aventis e Medley – reuniu mais de 250 pessoas. Entre os participantes, representantes do do setor público, da iniciativa privada e da Academia.


“O Brasil precisa modificar seu modelo de desenvolvimento, deixar de depender das commodities e investir mais em pesquisa e inovação, com o SUS incentivando a iniciativa privada a inovar”, propôs Elias.


Substituindo Aloizio Mercandante que está em viagem ao exterior, Elias afirmou que “entre 2006 e 2010 foi investido 0,5 bilhão de reais na criação de 122 institutos de tecnologia avançada, dos quais 39 são da área de saúde”.


O secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Francelino Grando, exigiu mudanças no marco legal para aumentar a competitividade do país. “Para não ficarmos para trás em relação a nossos concorrentes diretos, o Brasil precisa dar ênfase à pesquisa em Biotecnologia. Para isso, precisamos vencer certos entraves, entre eles, a nossa legislação ultrapassada”, destacou.


João Sanches, diretor de assuntos corporativos da MSD Farmacêutica, atuou como moderador do fórum. De acordo com ele, “saúde é um bem essencial do cidadão, assim como educação”. “São os dois direcionadores básicos do progresso de uma nação, com impacto econômico e industrial importante”, observou.


O deputado federal Paulo Piau (PMDB/MG) ressaltou que o país precisa rever a forma de aplicação e o volume de recursos públicos destinados a pesquisas e, sobretudo, cobrou mais apoio da iniciativa privada para a questão da inovação tecnológica. O presidente da Frente Parlamentar de Inovação citou como exemplo de nação bem-sucedida em relação à inovação tecnológica a Coréia do Sul, que investe 7% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, contra 1,9% no Brasil.


Segundo o parlamentar, algumas empresas, como a Samsung, tem em seu quadro de funcionários 15 mil pesquisadores, enquanto a Embrapa, que é referência no país, tem menos de 3 mil.


Glauco Arbix, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), chamou atenção para a importância de por em prática projetos de desenvolvimento científico. “Recebemos milhares de projetos-piloto, mas eles não têm prosseguimento”. O professor ressalta que “o governo precisa atuar de forma mais efetiva, decidindo quais projetos serão apoiados e tirando as propostas do papel”.


Carlos Augusto Gadelha, Secretário de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, classificou a parceria público-privada como de “extrema importância para o sucesso da produção de medicamentos de qualidade e para que a população tenha acesso facilitado a esses produtos”. “Não há no mundo, Estado que não financie pelo menos 20% das pesquisas. Na Inglaterra são 70%”, disse.


Ogari Pacheco, presidente do laboratório Cristália e conselheiro da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (ABIFINA), advertiu sobre o risco de que os esforços para inovação sejam temporários. “De tempos em tempos, surgem ondas, como a de qualidade total, que depois, infelizmente, passam”. “Estamos na onda da Inovação, tão comentada”, finalizou.


O Diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Professor Carlos Henrique Cruz, destacou a importância do debate. “Esse tipo de discussão é fundamental para o desenvolvimento do país”, enfatizou.


Participaram ainda das discussões pela Frente Parlamentar de Saúde, o deputado federal Dr. Ubiali (PSB/SP), Jorge Ávila, Presidente do INPI, Norberto Rech, Assessor do Diretor Presidente da Anvisa e João Paulo Pieroni, representando o BNDES.


Fonte: Portal Vermelho

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