O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou nessa terça-feira (16), em Belo Horizonte, que uma nova concepção de política econômica, que pensa o desenvolvimento industrial em diálogo constante com empresários e trabalhadores, permitiu a retomada da fabricação de insulina no Brasil, interrompida em 2001. O ministro se referia à parceria entra a Fiocruz e as empresas Biomm Techonology, do Brasil, e Indar, da Ucrânia, que vão investir R$ 330 milhões em Nova Lima (MG) na produção do hormônio usado no tratamento da diabetes.


A Biomm Techonology foi formada a partir do Departamento de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação antiga Biobrás, vendida separadamente para uma empresa dinamarquesa em 2001, quando era a quarta fabricante de insulina do mundo e respondia por 85% do mercado brasileiro. O consórcio que agora irá retomar a produção é formado ainda pelo BNDES-Par, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que deterá 25,42% do empreendimento, e pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BMDG), que terá 8,8% de participação.


O Ministério da Saúde estima que existam 7,6 milhões de diabéticos no Brasil, mas pondera que o número pode chegar a 10 milhões de pessoas em razão de casos não diagnosticados. Atualmente, 1 milhão de pessoas utilizam insulina pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É impossível um país com a complexidade do Brasil ter uma indústria fragilizada. Consumo e investimento andam de mãos dadas. Temos uma política de compras específica para o setor de saúde”, disse a presidenta da República, Dilma Rousseff, presente à cerimônia de anúncio da nova fábrica.


Com argumentação semelhante, o ministro Fernando Pimentel assinalou que “quem tem o mercado tem obrigação de ter a produção”. “Não a produção inteiramente nacional. Sim a produção integrada em cadeias produtivas globalizadas, mas que detenha o conteúdo e o domínio tecnológico necessários para que o país seja soberano no atendimento ao seu próprio mercado”, ponderou.


Segundo o ministro, a fábrica é exemplo do sucesso da política industrial. “O segmento de Saúde é um dos que mais tem proporcionado avanços dentro do Plano Brasil Maior. É um exemplo da política industrial construída e discutida passo a passo com a comunidade empresarial e de trabalhadores do país. Construída de baixo para cima. Não é do gabinete do ministro que saem as decisões, mas do contato, do convívio e do diálogo com o setor produtivo nacional. Por isso, tantos avanços foram conseguidos”, observou.


O ministro ainda elogiou o pioneirismo dos professores Marcos Mares Guia e Guilherme Emrich, fundadores da Biobrás, nascida de pesquisas dos dois cientistas na Universidade Federal de Minas Gerais. Criada em 1976, a fábrica de insulina funcionava em Montes e teve incentivos da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para sair do papel.


Na mesma linha, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a inclusão dos medicamentos para hipertensão e diabetes no Programa Farmácia Popular criou um mercado que sustenta investimentos como este no Brasil. No início, 15 mil estabelecimentos participavam do programa. Atualmente, esse número subiu para 25 mil. “O consumo médio mensal pela rede pública é de mais de um milhão de frascos de insulina NPH e de 145 mil frascos de insulina regular. As compras governamentais são uma garantia que permitem ao empresário não só investir de forma sustentada para atender o mercado nacional, mas geram também uma plataforma para ocupar mercados internacionais”, apontou.


Desenvolvimento produtivo


A nova fábrica de insulina será erguida em Nova Lima (MG) e deve entrar em operação no fim de 2014. A previsão é de que a produção chegue ao nível pleno em três anos, alcançando 20 milhões de frascos de insulina. O empreendimento é resultado de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Por meio das PDPs, o Ministério da Saúde visa a garantir o acesso a tratamentos de alto custo e a ampliar o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).


Essas parcerias são discutidas no âmbito do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (Gecis), que também é o Conselho de Competitividade do setor no Plano Brasil Maior. Quem coordena o Gecis é o secretário de Ciência, Tecnlogia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. A secretária de Desenvolvimento da Produção do MDIC, Heloísa Menezes, é vice-coordenadora do grupo.


Fonte: MDIC

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