Patentes de vários biofármacos consumidos no Brasil expiraram recentemente ou vão vencer entre 2014 e 2018, o que equivale a um mercado de US$ 45 bilhões. Esse cenário, que à primeira vista indica uma boa perspectiva de negócios para os laboratórios brasileiros, revela, na verdade, um quadro preocupante. Como não dominam a produção do princípio ativo dos biofármacos, empresas e instituições de pesquisa nacionais que atuam no setor biofarmacêutico têm pela frente o desafio de desenvolver tecnologia para que o Brasil possa produzir esse tipo de medicamento, cujo princípio ativo é obtido a partir de células vivas modificadas geneticamente. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) apontam que o Brasil gasta cerca de R$ 4 bilhões por ano na importação desses produtos. Esse valor representa 32% dos gastos com medicamentos, embora os biofármacos representem apenas 3% das unidades adquiridas, o que demonstra a distorção provocada pelo seu alto custo. De acordo com o chefe do Departamento de Produtos Químicos e Farmacêuticos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Palmeira, o fenômeno ocorrido após o vencimento das patentes dos medicamentos de referência, que estimulou a produção dos medicamentos genéricos, não se repetirá com os biofármacos, já que esses são produtos mais difíceis de copiar. Segundo Pedro Palmeira, a área de biotecnologia é prioritária para o Brasil e por conta disso o BNDES não medirá esforços para apoiar projetos nesse segmento. Desde 2009, o Banco vem ampliando sua atuação no setor, de modo a viabilizar a estruturação de grupos nacionais. A expectativa do BNDES é de que até 2017 ou 2018 o Brasil consiga produzir o seu primeiro fármaco biossimilar, ou seja, um medicamento biológico com eficácia e segurança comparáveis às do produto de referência.


Produção nacional de biofármacos


Segundo a professora Leda Castilho, responsável pelo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da UFRJ/Coppe, “O Brasil por muitos anos não investiu na área de biofármacos e tem hoje duas décadas de atraso nesta área. Esta realidade mudou bastante nos últimos anos e o nosso desafio agora é buscar esse desenvolvimento no menor tempo possível”. Em parceria com a Hemobras, a equipe da Coppe está desenvolvendo tecnologia para produção de três biofármacos: dois destinados a pacientes com hemofilia e um para ser administrado em pessoas em tratamento quimioterápico. Os projetos contam com financiamento de R$ 7,2 milhões do BNDES. Outras iniciativas também estão em andamento. A Bio-Manguinhos/Fiocruz está em processo de implantação de estrutura para produção de outros três biofármacos por meio de transferência de tecnologia adquirida de países como Cuba e Estados Unidos.


Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br (com informações da COPPE/UFRJ)

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