A atual dificuldade para se obter matéria-prima para a fabricação da vacina contra a Covid-19 mostra, mais uma vez, que um país sem fabricação própria de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) está vulnerável às intempéries do cenário internacional. 

Ter os IFAs para a produção da vacina é um problema neste exato momento, crucial para o combate à pandemia. Mas, em curto prazo (previsto para o segundo semestre de 2021), o Instituto Butantan e a Fiocruz já fabricarão esses insumos, como resultado da transferência de tecnologia pelos parceiros internacionais.   

Porém, ainda falta um longo caminho para o Brasil ter maior autonomia na fabricação de 90% dos IFAs sintéticos usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo setor privado, o que representa um enorme desafio para a Saúde Pública. Medicamentos anti-hipertensivos, antidiabéticos, antivirais, analgésicos, oncológicos, antibióticos, antirreumáticos e outros dependem da disponibilidade desses insumos. 

A indústria local tem capacidade para produzir IFAs empregados no tratamento de diversas doenças. Falta a promoção de uma política pública consistente para a produção local, a capacitação de pessoal e a verticalização da cadeia produtiva, assegurando, ao Sistema de Saúde, a disponibilidade de medicamentos.

O Brasil precisa reerguer uma estrutura arrasada há décadas por políticas erráticas e descompromissadas com a diminuição da vulnerabilidade sanitária do País no setor. Uma decisão pela qual paga o preço agora, com a dependência de fornecedores externos, que podem faltar a qualquer momento, em função de suas próprias prioridades.

Da mesma forma, é importante e urgente o poder público no Brasil conferir às empresas nacionais maior segurança jurídica e isonomia sanitária, tributária, ambiental, trabalhista e de fomento à inovação, para gerar empregos no segmento da produção farmoquímica no nosso País.

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