01 de Fevereiro de 2011


Insegurança jurídica, dificuldade de acesso a recursos e limitada colaboração entre universidades e empresas são os maiores entraves ao desenvolvimento tecnológico no setor de fármacos e medicamentos. Foi o que ficou claro na estreia do Seminário de Inovação Farmacêutica, nesta segunda-feira (31/01), em São Paulo. O evento, que vai até dia 1º de fevereiro, terá as próximas edições em Recife (14 e 15/02) e Goiânia (28 e 29/03), sob a organização da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC), do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação Farmacêutica (INCT-IF). No primeiro dia do Seminário, PROTEC, IPD-Farma e o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) – apoiador do Seminário – assinaram um termo de cooperação para realizar sistematicamente ações de sensibilização na área.


Nos próximos dias, Notícias Protec trará mais detalhes sobre as discussões promovidas no Seminário de Inovação Farmacêutica, realizado com recursos de edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O evento aborda temas como o estágio do marco legal para uso de material genético e de conhecimento tradicional em pesquisas; a nova lei que rege o desenvolvimento de produtos biotecnológicos; formas de se acessar os mecanismos de fomento; as vantagens em ser uma empresa incubada; entre outros.


Logo de início, o conteúdo do Seminário surpreendeu os participantes. Professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Mirian Hayashi se impressionou quando soube, na palestra “Produtos Naturais”, que o Grupo Centroflora – que ela já conhecia – também presta serviços de produção, desenvolvimento e assessoria jurídica na área de extratos vegetais. “Nossas empresas quebram a cabeça para conseguir suporte especializado, enquanto o Centroflora está cheio de demandas de companhias do exterior”, disse, lembrando a insegurança jurídica por que passam as empresas nacionais no uso de plantas nativas.


A professora Dulcineia Abdala, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), destaca que o evento cumpre justamente o papel de estimular parcerias entre academia e setor produtivo. “Só o fato de o Seminário ser organizado por entidades dos dois segmentos já reforça essa intenção. Todos têm problemas comuns para o desenvolvimento de produtos e, se trabalharem juntos, resolverão boa parte de seus problemas de competitividade”, argumenta.


Essa também é a opinião de Daniel Temponi Lebre, gerente técnico-científico do Centro de Espectrometria de Massas Aplicada (Cemsa), empresa prestadora de serviço para o setor. “Os debates apresentados são fundamentais para o crescimento do setor farmacêutico. O Seminário é um espaço aberto para os diversos segmentos pensarem conjuntamente – empresas pequenas, médias ou grandes, e academia.”


Foi para encontrar maneiras de colocar em prática seus estudos que a pesquisadora Marta Maia Braggio, do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa em Sanidade Animal do Instituto Biológico, ligado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, se inscreveu no Seminário. “O governo investe muito em pesquisa básica, mas nem tanto no restante. Então, se descubro a propriedade de uma planta, não tenho verba para verificar suas reações nas pessoas, por exemplo. E quem está na universidade e em institutos de pesquisa tem dificuldade em se integrar com o mercado para dar soluções a questões como essa. No Seminário, estou estudando formas de viabilizar a aplicação dos conhecimentos que desenvolvemos, ao descobrir possíveis parceiros e criar novos relacionamentos”, diz Marta.


Identificando novas oportunidades


Mas também há carências do lado das empresas. O Sindusfarma decidiu apoiar a iniciativa dos Seminários de Inovação Farmacêutica porque percebeu que as farmacêuticas estão perdendo a oportunidade de ganhar mercados futuramente. “Parece que o setor ainda está mais interessado na produção e comercialização. Porém, precisamos avançar em novos produtos e princípios ativos, tanto em moléculas da biodiversidade como de síntese. Os Seminários ajudarão a identificar campos de atuação em que podemos ter produtos inovadores”, explica o vice-presidente executivo do Sindusfarma, Lauro Moretto.  


“Os Seminários representam uma etapa importante na disseminação das informações e procedimentos para a inovação na área farmacêutica e farmoquímica, na medida em que traz experiências da indústria e de institutos de pesquisa, com uma ampla abordagem, que vai até a propriedade intelectual”, complementa o diretor-geral da PROTEC, Roberto Nicolsky.


Veja aqui mais informações sobre os Seminários de Inovação Farmacêutica.



(Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec – 01/02/2011)


 

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