A Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) organizou propostas no campo das políticas cambial e de defesa da concorrência para o Brasil reestabelecer o ambiente propício à competitividade da indústria. Em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a entidade recomenda a taxação das exportações de commodities, mecanismo aplicado por países concorrentes, e o combate a práticas que caracterizam claro abuso do poder econômico, como a formação de cartéis. De acordo com o artigo, sem solucionar tais questões, dificilmente outras medidas de impulso à competitividade surtirão efeito.


De autoria do 1º vice-presidente da Abifina, Nelson Brasil de Oliveira, e do economista da Macrotempo Consultoria Econômica, Mauro Arruda, o estudo “Reindustrializar o Brasil” está no livro “China, Índia e Brasil: o país na competição do século”. A publicação – coordenada pelo economista João Paulo dos Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento e fundador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – traz uma coletânea de artigos sobre propostas apresentadas no XXIII Fórum Nacional, realizado em maio deste ano pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae).


Segundo o artigo, a receita obtida com a taxação das exportações poderia ser usada para diminuir, na mesma proporção, a carga de impostos nos segmentos da indústria de transformação. “Como tem sido observado em outros países, tal medida, quando adequadamente dosada, não afeta as exportações dos produtos básicos”, defende o estudo.


No que toca a defesa da concorrência, Nelson Brasil e Mauro Arruda alertam para o desequilíbrio de ganhos entre as empresas do topo das cadeias produtivas (oligopólios produtores de commodities) e as empresas da ponta oposta.


“No setor de minério de ferro, por exemplo, as três maiores (companhias) do mundo, entre elas, uma nacional, são responsáveis por 70% da oferta mundial dessa matéria-prima. Dessa forma, os preços de produtos dessas cadeias são fixados em ‘contratos’, em que os players desfrutam de elevado poder de barganha vis-à-vis a seus clientes – estes, de setores com estrutura bem mais pulverizada”, descrevem os autores.


Tal conjuntura resulta em aumento de preços das matérias-primas, em prejuízo da indústria nacional, que já precisa encarar os elevados encargos do Custo Brasil. “Em que pese serem produtos consumidos pela indústria de todo mundo, para países como a China, que subsidiam grande parte de sua indústria (sua siderurgia, por exemplo, é estatal), os efeitos desses aumentos são amortecidos, diferentemente do ocorrido no Brasil. Como conseqüência disso, na mesma cadeia, as quatro maiores siderúrgicas brasileiras aumentaram seus preços, em 2010, em 50%, acima do aumento ocorrido no mercado internacional”, revelam Brasil e Arruda.


“O mesmo fenômeno explica os débeis EBITDAs (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dos setores a jusante, os que mais representam a indústria de transformação. Com EBITDAs insignificantes, a indústria de transformação, a que mais emprega, não pode desempenhar um papel importante que dela se espera, que é inovar mais”, decreta o estudo.


Veja aqui o estudo “Reindustrializar o Brasil” na íntegra.



(Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec – 23/12/2011)

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