O Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) realizou no dia 21 de julho, no Rio de Janeiro, o II Seminário sobre Lítio-Brasil, em que especialistas e profissionais do setor debateram os desafios e perspectivas tecnológicas e comerciais para o desenvolvimento da cadeia de lítio no País. Foram destaques o mercado nacional de graxas lubrificantes, principal consumidor do mineral no país, as novas oportunidades para o mercado nacional e internacional devido ao aumento da produção de baterias de lítio e o desenvolvimento da fusão nuclear, fonte de energia sem resíduos radioativos. Estiveram presentes no evento Nelson Brasil, 1º vice-presidente da ABIFINA, Aguinaldo Couto e Décio Casadei, membros do Conselho de Administração da Cia. Brasileira de Lítio (CBL) e Paulo Renesto, diretor de operações dessa empresa, que falou sobre a pesquisa e extração de Lítio a partir de rochas pegmatíticas, bem como a produção de produtos químicos derivados de lítio no Brasil.

Em sua apresentação, Renesto destacou, entre outros aspectos, a importância da política nacional do lítio, elemento mineral que apresenta diversas aplicações estratégicas, seja do ponto de vista energético nuclear, seja do ponto de vista comercial. Contribuindo para o tópico, Nelson Brasil frisou que a política de energia nuclear, na qual está inserida a produção do lítio, é estratégica para o Brasil, e que o desenvolvimento econômico do País depende de uma visão de Estado em políticas públicas que defendam os soberanos interesses nacionais e Paulo Cruz da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) citou a importância de termos cinco empresas no Brasil produzindo compostos químicos de lítio.

Durante o seminário, ficou clara a importância do mineral – especificamente o hidróxido de lítio – para a produção de graxas lubrificantes no mercado interno, segmento que responde por 90% do lítio consumido no país, segundo dados apresentados pelo CETEM. De acordo com Pedro Nelson Belmiro, coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), a graxa de lítio representa cerca de 70% do mercado brasileiro de graxas e lubrificantes.

Destacou-se ainda a expectativa do aumento da demanda por carbonato e hidróxido de lítio no mercado internacional, compostos usados na fabricação de baterias para produtos eletrônicos e veículos. Este segmento está sendo impulsionado pelo aumento do consumo de eletrônicos e, no futuro breve, deverá atender à expansão dos veículos elétricos, híbridos e de acumuladores de energia a base de lítio, espécie de baterias gigantes, que poderão ser usadas para armazenamento de energia de fontes intermitentes (como a solar e a eólica).

Conforme apresentado por Silvia França, tecnologista sênior do CETEM, a previsão é de que a produção mundial de lítio pule das atuais 163 mil toneladas (dados de 2015) para 300 mil toneladas em 2020, podendo quadruplicar em vinte anos. Com isso, os atuais produtores mundiais somente seriam capazes de fornecer 25% da matéria-prima necessária para atender à demanda, o que levará à necessidade de novos players, gerando oportunidade para o fortalecimento da produção nacional para atender demanda externa além de, obviamente assegurar a plena utilização das usinas Angra I e II que, por vezes, se vê em dificuldades em obter o isótopo 7 de Lítio, que é indispensável para a refrigeração do sistema nuclear.

Outra discussão importante girou em torno do desenvolvimento da fusão nuclear, processo de obtenção de energia nuclear que, ao contrário da fissão nuclear atualmente usada, não produz resíduos radioativos. Atualmente está sendo estudado na França,  em projeto que une União Europeia, China, Japão, Coreia do Sul e Rússia, o desenvolvimento do primeiro reator termonuclear, (ITER), que funciona a partir da fusão nuclear. Para essa nova rota tecnológica em vez de urânio é requerida como matéria prima o Lítio.

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