Se o Brasil não se empenhar para fechar um acordo comercial com a União Europeia, perderá mercado para os demais países emergentes. Esse foi recado do 6º Encontro empresarial Brasil-União Europeia, que ocorreu nesta terça-feira, 23 de janeiro, na sede Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. No evento, organizado pela CNI em parceria com a BusinessEurope e a Eurochambres, os empresários explicaram que, enquanto a Rodada de Doha não se define, os acordos bilaterais têm sido a única alternativa de países e blocos econômicos para avançar na liberalização do comércio.
A União Europeia sabe disso. Tem acordos de preferências comerciais com mais de 40 países, já negocia novos tratados com outros 78, entre eles Canadá, Arábia Saudita, Índia. Também tem em vista outras nove nações, como Estados Unidos, Tailândia e Japão. O bloco se beneficia de uma série de acordos que possibilita acessos privilegiados a diversos mercados e desvios de comércio em determinados produtos.
” O interesse do governo brasileiro é ir em direção ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia”, disse o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, no encerramento do encontro. Antes, o vice-presidente da CNI, Paulo Tigre, explicou que esse é um momento propício para as empresas brasileiras e europeias aprofundarem sua cooperação. Além das oportunidades de investimentos na produção e na infraestrutura no Brasil, Tigre destacou que há um vasto campo para a colaboração em inovação tecnológica.
“Com relação ao comércio bilateral, nosso grande esforço deve ser direcionado à ampliação do diálogo para remover as barreiras não-tarifárias. Embora esse assunto esteja em discussão no âmbito do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, será possível desenvolver iniciativas de curto prazo, como ocorre com a Força Tarefa em Produtos Agroquímicos, criada pela CNI e a BusinessEurope, sob a liderança do SINDAG”, diz Tigre.
Ele lembrou que a União Europeia e o Brasil contam com boa reputação e ativa participação nos fóruns internacionais, especificamente no sistema multilateral de comércio e esse ativo precisa ser utilizado em favor do setor privado. “Há ainda inúmeras razões para que nossos governos fortaleçam a cooperação bilateral no G-20 e usem suas forças para trabalhar por uma agenda progressista na Organização Mundial de Comércio”, afirmou o executivo.
ECONOMIAS COMPLEMENTARES – O presidente da Eurochambres, Alessandro Barberis, ressaltou que, apesar da crise, Brasil e União Europeia são economias complementares. “Estamos no momento e no locar certos para definir prioridades e, juntos, buscarmos resultados concretos”, disse ele. Na opinião de Barberis, o principal desafio é ampliar as relações comerciais e estimular o intercâmbio tecnológico, com destaque para a inovação.
“Previsões importantes para 2013 mostram que 90% do crescimento mundial ocorrerá fora da Europa, o que significa que as companhias europeias precisam expandir suas fronteiras para permanecer competitiva. E a situação brasileira é atrativa”, acrescentou Barberis, que representa quase 2 mil câmaras de comércio e indústria e mais de 20 milhões de empresas. Segundo ele, o Brasil precisa avançar em parcerias tecnológicas e de inovação, exatamente o que a Europa tem a oferecer.
Para o vice-presidente da BusinessEurope, Jorge Rocha Matos, ainda existem muitas oportunidades para alavancar o comércio e investimentos entre as economias brasileira e europeia. Como exemplo, Matos citou a liberalização tarifária, a cooperação em questões regulatórias, a liberalização do mercado de compras governamentais e a promoção comercial.
Fonte: CNI