A ABIFINA, através de Fernanda Costa, especialista em Cadeia Química, Relações Governamentais e Internacionais da ABIFINA, acompanhou virtualmente, em 25 de novembro, o Encontro Empresarial Brasil-Estados Unidos realizado pela Amcham Brasil. O evento reuniu representantes dos setores público e privado para debater a relação comercial bilateral, os desafios tarifários e as estratégias de negociação em andamento entre Brasil e Estados Unidos. 

O Encontro Empresarial Brasil-Estados Unidos contou com uma programação intensa com a visão do governo do momento atual de negociações e caminhos estratégicos para acesso ao mercado americano.  

Geraldo Alckmin, Vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), participou do evento e reafirmou que a próxima etapa prioritária das negociações com os EUA concentra-se na redução de alíquotas e exclusão de produtos do setor manufatureiro, especialmente máquinas, motores, produtos industrializados, madeira e alimentos—itens que permaneceram excluídos do recente alívio tarifário. Alckmin ressaltou que, enquanto produtos americanos acessam o Brasil com tarifas reduzidas, a indústria brasileira segue enfrentando barreiras elevadas, exigindo intensificação das negociações. O ministro destacou também a importância de avançar em frentes não tarifárias estratégicas: biocombustíveis, data centers (Programa Redata em votação no Congresso), terras raras e economia digital—temas que, segundo Alckmin, podem destravar investimentos e ampliar a integração econômica bilateral. 

Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior, MDIC, destacou que o Brasil perdeu competitividade nos EUA, embora mantenha sua posição em relação a outros países. Expressou preocupação com a indústria brasileira, que possui clientes específicos para o atendimento ao mercado americano. Apesar de uma evolução positiva nos últimos meses, ressaltou que ainda há muito trabalho pela frente. A orientação do governo é negociar, buscando novos mercados e auxílio governamental para neutralizar as barreiras atuais, sem que isso substitua a necessidade de diálogo direto. O governo brasileiro está em conversas com os EUA desde o início da gestão, e a ordem executiva de 20 de novembro faz referência explícita a essas negociações. A secretária destacou ainda sua preocupação com Medida Provisória sobre o Plano Brasil Soberano, que caduca em 11 de dezembro, o que gerará preocupação entre as empresas devido à incerteza sobre os prazos e a continuidade dos mecanismos de apoio. 

Já o Embaixador Fernando Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores (MRE), descreveu a Seção 301 como “sui generis” e a maior investigação desse tipo já vista. O Brasil, em coordenação com o setor privado, respondeu tempestivamente e com qualidade aos 6 temas investigados. Ele enfatizou que a Seção 301 opera com alta discricionariedade, tornando crucial a negociação proativa para evitar futuras complicações em temas controversos. Adicionalmente, a Seção 232 (tarifas de segurança nacional) ainda oferece espaço para negociação. 

Roberto Azevêdo, ex-Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), participou como painelista e sinalizou que o momento exige postura pragmática e transacional do Brasil. Azevêdo destacou a existência de uma “janela efêmera” de oportunidades com os EUA, com horizonte temporal de três meses como período crítico para resolver questões tarifárias e não tarifárias. Segundo o ex-diretor da OMC, o governo Trump busca reduzir pressões inflacionárias antes das eleições legislativas de 2026 e pode enfrentar vulnerabilidades judiciais às tarifas americanas, criando espaço para negociação brasileira. Azevêdo recomendou que o Brasil explore vantagens geoestratégicas, especialmente a oferta de terras raras e minerais críticos com potencial de processamento em território nacional, posicionando-se como parceiro preferencial seguro. Ressaltou ainda que a rivalidade China-EUA representa oportunidade única: enquanto a China é vital para as exportações brasileiras e investimentos em infraestrutura, os EUA oferecem investimentos em setores de maior valor agregado e credibilidade internacional. 

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