A desproporção no mercado farmacêutico nacional
Com grande dependência de insumos e medicamentos externos, o Brasil gastou mais de US$ 6 bilhões em importações em 2023
Entre janeiro e outubro de 2023, o Brasil gastou cerca de US$ 6,2 bilhões na aquisição de medicamentos e insumos, exceto veterinários, enquanto as exportações no mesmo período e categoria foram de apenas US$ 408 milhões. Os números são da Comex Stat, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro e revelam a dependência do País de insumos internacionais.
Esta desproporção já havia sido sinalizada pela estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), feita em 2021, apontando que o País importa cerca de 90% dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) que utiliza, principalmente da China e da Índia. Um cenário que pode trazer riscos em situações de crises sanitárias, além de impactos econômicos.
“Hoje existem na China e na Índia em torno de 3.000 fabricantes de insumos farmacêuticos ativos. No Brasil, temos aproximadamente dez. Isso se deu pela implementação de políticas de subsídios tributários e industriais nestes países, que priorizaram esse setor de forma estratégica. Por consequência, ocorreu uma diferença nos preços oferecidos e no fechamento da maioria dos produtores de IFAs nacionais. Precisamos equilibrar este cenário por meio de políticas de alavancagem da demanda brasileira, o que eventualmente vai também impulsionar um aumento nas exportações. O mundo inteiro está fazendo isso, inclusive os Estados Unidos, por meio da utilização do fundo de defesa nacional para estimular investimentos em produção de medicamentos e de insumos em território norte-americano”, comenta Marcelo Mansur, CEO da Nortec Química, maior fabricante de insumos farmacêuticos ativos da América Latina.
Ainda conforme os dados da Comex Stat, as importações tiveram um crescimento de 3,1%, em relação ao mesmo período de 2022, alcançando o quarto lugar no ranking das importações da indústria da transformação. Enquanto as exportações cresceram 0,2% e ficaram no 63º lugar.
Novas estratégias
Embora o cenário seja preocupante para a indústria nacional, a perspectiva é que esta desproporção diminua gradativamente nos próximos anos com o auxílio dos investimentos no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Há uma estratégia para reduzir a dependência internacional de IFAs, visando produzir 70% da demanda de vários produtos de saúde no Brasil até 2033. O projeto do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS) deve receber um investimento de R$ 42 bilhões em recursos públicos e privados para o fortalecimento da indústria brasileira.
“Acreditamos nas iniciativas previstas neste projeto, muitas das quais já foram eficazes no passado. A utilização da demanda brasileira de medicamentos essenciais é uma excelente alavanca para investimentos na capacidade produtiva do Complexo Econômico e Industrial da Saúde, e deve ser utilizada. Entidades públicas e privadas conseguem trabalhar em conjunto gerando valor tecnológico, emprego, e maior soberania nacional ao ter autonomia nos produtos primordiais, possibilitando ainda novos desenvolvimentos a partir desse potencial produtivo viabilizado em ações como o PAC”, finaliza Mansur.
Sobre a Nortec Química
A Nortec Química é a maior fabricante de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) da América Latina, investindo em Tecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação em seus processos. A Companhia é a única produtora de benznidazol no Brasil, IFA utilizado no tratamento da Doença de Chagas e é a maior produtora de Antirretrovirais do Ocidente. A relevância da Nortec Química no cenário mundial permanece com o aumento da capacidade produtiva e na atuação em P&D com o projeto de instalação da Primeira Planta para Drogas de Alta Potência, contribuindo com soluções tecnológicas para a melhoria do bem-estar, da vida e da saúde das pessoas. A empresa foi fundada na década de 80 em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.