O mundo começa a se recompor de uma crise sanitária sem precedentes, que afetou a economia e especialmente a indústria de diversos países. Junto com iniciativas de estímulo à retomada do desenvolvimento econômico emergiu, como não poderia deixar de ser, o imperativo da sustentabilidade socioambiental. Cresce a pressão da sociedade para que as indústrias e empresas em geral se adequem aos critérios ESG – sigla que em inglês se refere a boas práticas ambientais, sociais e de governança (environmental, social, governance). A adoção dessas práticas traz retorno institucional e financeiro para as empresas. Hoje, estima-se que ao menos 30 trilhões de dólares em ativos estão sob gestão de fundos de investimento com foco em ESG. Como o Brasil irá lidar com essa nova realidade é o tema em discussão nesta reportagem.
Oportunidades e desafios
Para Peter Andersen, presidente do Grupo Centroflora, o ESG não será necessariamente um instrumento para aumentar a rentabilidade das empresas, mas sim para que elas continuem no jogo, “pois os atuais impactos sociais (má distribuição da riqueza e renda) e ambientais (emissão de CO2 nas últimas décadas) impõem mudanças nas práticas de gestão das corporações. Em resumo, ou as empresas se enxergam como parte do problema e se adaptam a um modelo ESG, ou não terão espaço. De qualquer forma, a melhora das práticas de gestão advindas do modelo ESG pode trazer impactos positivos no resultado de médio e longo prazo. A escolha entre construir um mundo mais sustentável ou ter bons resultados financeiros não precisa necessariamente ser um dilema”.
Na avaliação de Mônica Messenberg, diretora de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), já há algum tempo a indústria brasileira está em processo de adequação aos princípios de ESG, e com muito empenho nos últimos anos. “Percebemos que o setor tem buscado cada vez mais apoio para implementar melhores práticas atreladas ao ESG, as quais contemplam um conjunto de ações que norteiam a atuação empresarial e minimizam os impactos negativos de suas atividades”. Entre as vantagens da adequação aos princípios de ESG para as empresas destacam-se, segundo ela, a mitigação de riscos (jurídicos, trabalhistas e ambientais), o impulsionamento de ativos sustentáveis e o estímulo ao consumo consciente de produtos, com potencial incremento na carteira de clientes, fornecedores e investidores. Entre os desafios, a diretora da CNI aponta dificuldades na padronização da coleta de dados, na definição de metodologia para mensuração de resultados e na interpretação dos resultados em linguagem simples e objetiva para efeito de comunicação.
Luiz Cesio Alves, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), acredita que a agenda ESG tem o potencial de criar oportunidades para todos os setores empresariais. “Seja pelo aumento da competitividade ou pela redução de custos e riscos. Trata-se de um tema prioritário para a Firjan. Por isso, criamos em 2020 um Grupo de Trabalho Empresarial que reuniu experiências e informações de empresas associadas que já aplicam os critérios ESG em suas operações nacionais e internacionais, buscando estimular nossa base empresarial a aprimorar sua gestão. Esse grupo foi responsável por uma série de ações, entre elas a publicação de critérios e métricas ESG para a indústria”, revela.
Alves acrescenta que “a intensificação do movimento ESG em grandes indústrias resulta em maior pressão sobre diversas cadeias de fornecimento, o que aponta um potencial de competitividade para empresas com bom desempenho nessa área. Além disso, há que se considerar os riscos em termos de impactos sociais e ambientais decorrentes da atividade industrial. Quanto maior o risco associado, mais relevante é o engajamento em práticas de sustentabilidade”.
A indústria de química fina já adota em larga escala critérios ESG em suas rotinas, de acordo com Marcelo Mansur, presidente da Nortec Química. “Isso está no nosso DNA já que a química fina é submetida aos mais rigorosos critérios regulatórios, inclusive no aspecto ambiental. Os quesitos sociais e de governança são essenciais para qualquer empresa que pretenda ter perenidade e impacto positivo na comunidade em que se situa. Quando, além do resultado financeiro, a empresa se preocupa também com o aspecto social, cria-se um senso de pertencimento mais forte entre os funcionários”.
Flavio Cavalcanti, Global Chief Technology&Operational Excellence Officer da Oxiteno, reforça essa perspectiva afirmando que “parte das soluções para os grandes desafios da humanidade passam, necessariamente, pela química, em particular a química fina. Com presença na agropecuária e no cuidado da saúde das pessoas, através de fármacos, vacinas e outros aditivos e especialidades, esta é uma área que vem se mostrando cada vez mais relevante para a prosperidade e o crescimento da sociedade. Nesse cenário, o ESG é fundamental para o setor, uma vez que o retorno econômico passa a ser condicionado por boas práticas ambientais e trabalhistas, com respeito à ética e aos direitos humanos”.
Muitas oportunidades se abrem também para o setor agroquímico a partir do ESG, segundo João Lammel, consultor da Ourofino Agrociência. “Elas podem ser diferentes de acordo com a atuação empresarial e os objetivos estratégicos de médio e longo prazo de cada corporação. Porém, existe uma questão que é igual para todos os negócios no que se refere ao ESG: as políticas voltadas para a sustentabilidade devem trazer evoluções importantes que não ficarão restritas exclusivamente ao setor produtivo. Haverá um impacto positivo no próprio modo de vida da sociedade”.
Inovação e competitividade
Mansur considera possível que as práticas de ESG tenham impacto positivo nos processos de inovação tecnológica, uma vez que “abrem caminho para novos pensamentos que vão além daquilo que é imediato. São práticas e ações que visam o futuro e criam um ambiente estimulante de troca de ideias e de ousadia na implementação de ações. As empresas precisam buscar trabalhar de maneira aberta e franca com seus times, para que todos saibam a importância de suas ideias e contribuições, e que eventualmente as vejam colocadas em prática”.
O ponto de vista de Peter Andersen é um pouco diferente. “Salvo algumas exceções, a indústria farmacêutica brasileira se desenvolveu fortemente apoiada na produção de genéricos, conhecidamente um setor de inovação incipiente. Este modelo, apesar de ter promovido o crescimento do setor nas últimas décadas, não deve se manter por muito tempo e provavelmente vai se esgotar, impulsionando a inovação. ESG é um imperativo de sustentabilidade e não necessariamente impacta a criação de produtos inovadores”.
Segundo Mônica Messenberg, o principal desafio no que tange à competitividade é incorporar os critérios ESG nas estratégias empresariais, para que as iniciativas não se resumam a ações pontuais. “É prioritário definir indicadores e monitorar resultados de forma que as organizações possam avaliar seu amadurecimento no caminho da sustentabilidade e definir as melhorias necessárias. Assim, as empresas podem se tornar mais competitivas e atrair investimentos, ao mesmo tempo em que geram mais valor para a sociedade”.
Com o aumento da pressão política e social quando se trata de aspectos ambientais, sociais e de governança, percebe-se que os investidores e consumidores têm priorizado fundos e empresas que utilizam indicadores ESG na aplicação dos seus recursos, observa Luiz Alves. “A perspectiva das práticas ESG como fator de competitividade e gestão de riscos tem se ampliado significativamente entre as empresas”. Entretanto, ele acredita que ainda são necessários esforços para efetiva integração das práticas de sustentabilidade, tanto na mudança da cultura organizacional quanto em aspectos como o investimento em soluções sustentáveis para o processo produtivo, mitigação e monitoramento de impactos sociais e ambientais e engajamento em parcerias multissetoriais.
Conforme pesquisa da consultoria McKinsey destacada por Flavio Cavalcanti, quando há implementação de normas ambientais, sociais e de governança o desempenho organizacional melhora, bem como as classificações de crédito, devido a fatores como crescimento da receita, custos mais baixos, menos intervenções legais e regulatórias, maior produtividade, investimento otimizado e utilização de ativos. “Nós vemos um movimento forte da indústria rumo a uma atuação mais sustentável, com maior consciência dos impactos ambientais e sociais e seus desdobramentos. Mas nenhuma empresa sozinha é capaz de transformar o cenário mundial. Faz-se necessário uma colaboração em rede. Assim, temos uma excelente oportunidade de engajamento das cadeias de suprimentos, garantindo que a soma de esforços ao longo de todos os elos produtivos traga impactos positivos”.
João Lammel está convencido de que, para as empresas, adotar políticas afinadas com o ESG é uma maneira de aumentar a vantagem competitiva.
“Afinal, se a sociedade está atenta e cobra cada vez mais ações dessa natureza, espera-se que os stakeholders também aumentem a pressão nesse campo. A empresa que melhor fizer o dever de casa e conseguir converter o discurso em prática vai se destacar no mercado e se situar à frente na corrida corporativa”.
Durante a Conferência sobre Clima da ONU (COP26) em Glasgow, na Escócia, foi firmado um Compromisso Global para reduzir em 30% as emissões de metano até 2030. O Brasil, na condição de um dos cinco maiores emissores de metano do mundo, aderiu a esse pacto. O presidente em exercício da Firjan lembra que a maior parte das emissões brasileiras de metano provém da agropecuária (76,1%) e do processamento de resíduos (15,5%).
“A adesão do Brasil ao Compromisso nos deixa com mais esperança em relação ao engajamento do governo brasileiro na agenda da sustentabilidade”, afirma o senador Jaques Wagner, presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal. “Essa decisão abre uma série de oportunidades para vários setores econômicos se reinventarem. Nessa perspectiva, temos um estímulo às inovações tecnológicas que promovam a transição para a eliminação do metano, embora se saiba que, no Brasil, mais de 70% dessa emissão vem do setor agropecuário, e não da indústria. De qualquer forma, tal adesão vai estimular a indústria brasileira a buscar inovações com zero emissão de metano. Na esfera governamental, são várias as iniciativas que precisamos adotar para melhorar a imagem do País perante o mundo. Primeiramente, é necessário resgatar as ações de prevenção e combate ao desmatamento e estabelecer, de fato, um compromisso com o desmatamento ilegal zero. Os índices alarmantes mostram que isso não acontece. De acordo com novo levantamento do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon, a Amazônia perdeu 803 km² de vegetação em outubro, uma área quatro vezes maior que a cidade de Recife. Nossos órgãos de fiscalização e controle têm o dever de voltar a se engajar no combate ao desmatamento. O Brasil precisa demonstrar que está cumprindo os compromissos assumidos para, por exemplo, reduzir em até 50% sua emissão de gás carbônico. É preciso agir de forma transparente e íntegra para que o mundo possa ver de fato uma mudança de postura do atual governo”.
O poder das políticas públicas
“É fundamental incentivar a agenda verde no País”, assinala o senador. “O Bolsa Verde, por exemplo, hoje paralisado, é um instrumento fundamental para envolver as pessoas na cultura da preservação ambiental, estimulando iniciativas voltadas para a recuperação de florestas e de áreas degradadas. Outro aspecto importante é o investimento em geração de energias renováveis, área na qual o Brasil já foi uma referência. É preciso fomentar a geração de energias limpas. No caso dos combustíveis, seria importante dar mais estímulo aos biocombustíveis e à mobilidade elétrica, de modo que, paulatinamente, possamos migrar para uma matriz energética mais limpa e contribuir para o cumprimento das metas de redução de carbono na atmosfera. Nesse contexto, o Estado é fundamental no planejamento e na coordenação de políticas entre o setor público e o privado para a implementação dos estímulos adequados”.
Para que o desenvolvimento sustentável se torne uma agenda estratégica de Estado, afirma Mônica Messenberg, é necessário desenvolver prioritariamente três frentes: regulamentação, com destaque para o desenvolvimento de governança; inovação e financiamento. “Cabe salientar que o Estado tem papel central como indutor econômico da mudança. É fundamental termos um ambiente regulatório com governança institucional capaz de permitir que as iniciativas do setor privado voltadas à sustentabilidade e à inovação tenham viabilidade econômica. A adequação do sistema tributário brasileiro é prioritária para que as empresas brasileiras sejam mais competitivas nos novos mercados nacional e internacional emergentes comprometidos com a sustentabilidade. E, para que essa inserção global se dê via inovação, é importante qualificar os recursos humanos (educação básica e profissional), fortalecer a atuação de startups, pequenas e médias empresas, e dar robustez à infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento no País”.
Peter Andersen aponta empecilhos de ordem política ao desenvolvimento de políticas de fomento à economia sustentável. “No Brasil passamos a vida reclamando da falta de incentivos, e infelizmente os poucos que existem resultaram de lobbies bem estruturados. Precisamos nos conscientizar do fato de que o Brasil tem enormes problemas estruturais e uma forte desigualdade social e que, enquanto estes problemas não forem resolvidos, não teremos capital público injetado de forma sustentável na indústria”.
Na avaliação de Luiz Alves, “as políticas públicas sociais, ambientais e econômicas voltadas para a redução das vulnerabilidades e promoção do bem estar social, para preservação e uso consciente dos recursos naturais e para a geração de empregos e diminuição da desigualdade econômica criam um contexto favorável e sinérgico em relação às estratégias ESG empresariais. Acreditamos, ainda, que o governo tem um papel de facilitador na remoção dos entraves para o avanço das práticas ESG, ouvindo os setores financeiro e industrial e apoiando a criação de uma estrutura regulatória ideal. Os incentivos fiscais e de compras governamentais sustentáveis são algumas das mais importantes ferramentas que o poder público dispõe para esta finalidade. Além disso, o Estado pode viabilizar o financiamento de projetos e recursos necessários para a transição rumo a uma matriz produtiva mais sustentável”.
Incentivos fazem diferença, especialmente para investimentos na área social, afirma Marcelo Mansur, “pois permitem às empresas alocar uma quantidade maior de recursos nas suas comunidades. Também ajudam a direcionar recursos diretamente para quem sabe usá-los da melhor maneira, como ONGs, escolas e programas esportivos locais. É importante, ainda, que o governo possa criar um ambiente de negócios mais estável, pois com pandemia, volatilidade no câmbio, inflação e outros ruídos, a empresa acaba muito mais preocupada com seus resultados de curto prazo”.
Um atalho para a recuperação econômica
“A recuperação das economias depende do reconhecimento mundial da necessidade de se repensar a relação com o meio ambiente para tornar os países mais resilientes e otimizar processos de gestão, bem como da priorização dos investimentos em políticas sociais focadas na geração de emprego e renda”, afirma Mônica Messenberg. “O desafio, tanto para países em desenvolvimento quanto para os desenvolvidos, é realizar uma retomada com baixa emissão de carbono baseada em políticas de recuperação de longo prazo e com respeito às especificidades regionais – isto é, responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Em sua opinião, a transição do setor industrial para uma economia de baixo carbono deve estar fundamentada nos seguintes pilares: transição energética, mediante expansão do uso de fontes renováveis, valorização dos biocombustíveis, estímulo ao consumo racional de energia e ações de eficiência energética; adoção de um mercado de carbono baseado no sistema cap and trade, em que empresas com volume de emissões inferior ao autorizado possam vender o excedente para as que lançam uma quantidade maior de gases de efeito estufa na atmosfera, o que estimulará investimentos em tecnologias limpas; economia circular baseada na gestão estratégica dos recursos naturais e em práticas como ecodesign, manutenção, reuso, remanufatura e reciclagem ao longo de toda a cadeia de valor; e conservação florestal, com ampliação das áreas sob concessão florestal no País, fortalecimento do manejo florestal sustentável e estímulo aos negócios voltados à bioeconomia.
Para além da perspectiva da recuperação econômica, Jaques Wagner entende que “a adoção das práticas ESG pela indústria, pelo governo e, sobretudo, pelo setor privado, é fundamental para que o País possa apresentar, de fato, uma mudança de paradigma na sua agenda ambiental perante o mundo. Nós sabemos que o setor industrial brasileiro representa 20% das emissões. Em comparação com outros países não é o maior setor poluidor, mas este é um índice ainda considerável. Então, ao adotar princípios e diretrizes responsáveis na esfera ambiental, a indústria contribui decisivamente para que o País possa cumprir suas metas de redução da emissão de carbono”.
Peter Andersen adverte para o equívoco de se atribuir ao ESG superpoderes de reativação da economia. “A recuperação econômica do Brasil passa antes pela superação de travas históricas, já conhecidas por todos. As práticas ESG precisam ser absorvidas pelas corporações no seu dia a dia, pois agregam custos e disciplina. Elas têm extrema importância e serão instrumentos necessários para se competir no mundo globalizado, mas é importante não cair na tentação de usar o ESG apenas como um modelo marqueteiro, pois no mundo real essas práticas dão muito trabalho e implicam custos importantes, que precisarão ser absorvidos pelo mercado”.
O presidente da Nortec Química, por sua vez, está convencido da importância das práticas de ESG para a recuperação econômica, “pois certamente vão abrir portas para empresas brasileiras em todo o mundo. Trarão mais competitividade, mais inovação e mais sustentabilidade para as empresas e para a sociedade como um todo. Empresas que preservam o meio ambiente, contribuem para as comunidades em seu entorno e garantem a governança correta terão certamente capacidade de investir, contratar mais gente, abrir mais mercado, e criar mais riqueza para o País”.
Flávio Cavalcanti reforça essa argumentação. “Pensando nos Green Bonds, já vemos a conexão das práticas ESG com acesso ao capital. A mesma lógica se aplica à composição das carteiras de investimento verdes. Quanto melhor o desempenho das empresas em sustentabilidade, maior será a atração de investidores. Ao receber essa injeção de recursos, o setor se aquece, aumentando a geração de empregos. Ainda sob outra ótica, quanto maior o engajamento das empresas em ações sociais com as comunidades, mais condições de acesso à educação e qualificação profissional a população terá. Quando incorporadas efetivamente, as boas práticas de sustentabilidade desencadeiamum círculo virtuoso que beneficia todos os elos da cadeia”, explica.
As práticas ESG fortalecem as estratégias empresariais e o ambiente de negócios como um todo, estimulando a inovação e o surgimento de novos negócios, acrescenta Luiz Alves. “A pandemia da covid-19 potencializou os impactos negativos na economia global, e o que podemos fazer agora é iniciar a retomada considerando um modelo de economia que incorpore práticas de sustentabilidade ambiental, inclusão social e governança. Os princípios da atuação empresarial em sustentabilidade estão relacionados à valorização de pessoas, remuneração justa, respeito às relações de trabalho e valor compartilhado. Acreditamos que essa dinâmica favorece a criação e manutenção de empregos, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade de vida do trabalhador”.