A demanda por produtos naturais para o desenvolvimento de Insumos Farmacêuticos Ativos Vegetais (IFAVs) se faz premente em todo o mundo. Num país como o Brasil, que detém 15% de todas as espécies de plantas do mundo, a necessidade de investimento em sua própria diversidade é urgente, para que não dependa dos IFAs importados. O tema foi abordado em encontro virtual promovido pela ABIFINA no começo do mês de outubro.
O webinar reuniu profissionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Finep, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da startup Nintx. Eles debateram o estímulo aos IFAs vegetais e produtos da biodiversidade. O principal problema levantado pelos debatedores é prover um cenário que interesse à indústria nacional. Isso porque uma das principais dificuldades é o financiamento de projetos de novos fármacos, geralmente custosos e demorados, podendo chegar a 15 anos de produção.
A Finep revelou que estuda um novo modelo de fomento, considerando todo o ciclo de inovação: estudo de moléculas com potencial terapêutico (com o CNPq), subvenção econômica para estudos clínicos de fase I e II, e financiamento para estudos clínicos de fase III e produção inicial do fármaco (com BNDES). Por sua vez, o banco pensa ainda em incrementar as próprias linhas, passando a compartilhar o risco da inovação radical com as empresas.
No caso da Embrapii, as linhas oferecidas ainda podem ser melhor aproveitadas pelas farmacêuticas. A empresa trabalha com um modelo de apoio permanente (sem chamada pública), no qual negocia e aprova o projeto de P&D diretamente em uma unidade da Embrapii, que tem os recursos para firmar contratos para etapas de desenvolvimento da tecnologia ou do produto. As principais contratações da área da saúde foram para integração de sistemas (24,3%), inteligência artificial (18,3%), biotecnologia (14,2%) e desenvolvimento de protótipo/produto (14,2%).