REVISTA FACTO
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Mai-Ago 2020 • ANO XIV • ISSN 2623-1177
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//Especial COVID-19

CRESCIMENTO DO AGRONEGÓCIO EM TEMPO DE PANDEMIA

O agronegócio é uma força nacional que vem se modernizando e ganhando ainda mais proeminência ao longo dos últimos anos. No entanto, esse protagonismo não é de agora. Já são aproximadamente quatro décadas de desenvolvimento e crescimento constantes, projetando o Brasil do papel de importador para o de grande exportador de alimentos. Conforme o documento Visão 2030: o Futuro da Agricultura Nacional, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 2018 o setor já atendia às demandas de 150 países. Agora, apesar dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, o agronegócio continua crescendo e reforça a sua representatividade para a economia brasileira. 

Se, em 2019, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou a R$ 630,9 bilhões, este ano a expectativa é de crescimento recorde, de R$ 716,6 bilhões – um aumento de 8,8%. A estimativa foi apresentada em julho pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Apesar de haver uma projeção de grande queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de profunda retração econômica, a agropecuária ainda pode ajudar a segurar os impactos negativos. O setor deve responder por 23,6% do total do crescimento do País no período. O desenvolvimento do indicador aparece até mesmo no primeiro trimestre de 2020, com alta de 3,3%. 

No primeiro semestre deste ano, o agronegócio brasileiro já exportou mais de R$ 51 bilhões para diversas nações. A China é a que recebe a maior fatia do total comercializado – 39,64% de tudo o que foi vendido no período teve esse destino. E o complexo soja é a categoria mais popular, com mais de 46,34% de representatividade. 

O Brasil voltou a se consolidar como o principal produtor do grão no mundo, ultrapassando, em julho, os Estados Unidos. Na safra de 2019/2020, de acordo com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), produzirá 251,4 milhões de toneladas e a área plantada estimada é de 65,789 milhões de hectares. Para manter tamanha expressividade no campo, é importante contar com o auxílio de defensivos agrícolas, que evitam prejuízos como o da ferrugem asiática na sojicultura. Sozinha, a doença provoca prejuízos superiores a R$ 2 bilhões por safra no Brasil, segundo a Embrapa Soja. 

Diante de tanta pujança, ainda há espaço para desenvolver mais a capacidade produtiva do País e melhorar indicadores de custos para os produtores, além de ser possível aprimorar a cadeia industrial no ramo de defensivos agrícolas (gerar mais empregos, desenvolver aspectos logísticos). Uma dessas possibilidades está ancorada em uma maior autonomia do Brasil na produção de ativos químicos para a proteção dos cultivos, uma vez que existe uma grande dependência da importação de produtos formulados e técnicos. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), no ano passado o déficit do País em produtos químicos subiu 6,6%, totalizando US$ 31,5 bilhões. Os agroquímicos contribuíram com US$ 5,0 bilhões desse valor. Do déficit total do setor de agroquímicos em 2019, US$ 3,3 bilhões foram de produtos formulados e US$ 1,7 bilhão de produtos técnicos (principal matéria-prima usada na formulação dos produtos). 

Boa parte dos defensivos agrícolas importados atualmente poderia ser produzida no País. Mas, para que isso aconteça, é necessário que o governo avance não somente na desburocratização, como também na correção de distorções tributárias, melhoria da infraestrutura, previsibilidade dos registros, entre outros. Tudo isto, certamente, faria o Brasil reduzir a atual dependência externa. Em diversos países, como China, Índia e Estados Unidos, o mercado de defensivos agrícolas é tratado de forma estratégica, cabendo aos governos a definição das prioridades em diferentes fases da produção, como logística, fornecimento de matérias-primas a custo competitivo e demais fatores chaves de competitividade.

“O desenvolvimento da indústria de defensivos agrícolas no Brasil estimularia toda uma cadeia de matérias-primas, serviços, pesquisas, geração de tecnologia adaptada às necessidades locais. Com isso, mais empregos e renda seriam gerados, reduzindo o déficit comercial e dependência de importação de um setor altamente relevante e estratégico para o crescimento do País.”

João Sereno Lammel, vice-presidente Agroquímico da ABIFINA

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