REVISTA FACTO
...
Mai-Ago 2020 • ANO XIV • ISSN 2623-1177
2024
75 74
2023
73 72 71
2022
70 69 68
2021
67 66 65
2020
64 63 62
2019
61 60 59
2018
58 57 56 55
2017
54 53 52 51
2016
50 49 48 47
2015
46 45 44 43
2014
42 41 40 39
2013
38 37 36 35
2012
34 33 32
2011
31 30 29 28
2010
27 26 25 24 23
2009
22 21 20 19 18 17
2008
16 15 14 13 12 11
2007
10 9 8 7 6 5
2006
4 3 2 1 217 216 215 214
2005
213 212 211
O FUTURO AO AGRO PERTENCE
//Artigo

O FUTURO AO AGRO PERTENCE

Em meio aos reflexos da pandemia, o agronegócio brasileiro se mantém pujante e trabalha para assumir o protagonismo na produção mundial de alimentos

Apandemia originada pelo coronavírus desafiou o mundo. Sem perguntar a origem, classe social ou o partido político, o vírus se alastrou pelo planeta sem tomar conhecimento dos afetados e o resultado foi que, em pouco tempo, o que era uma crise de saúde estendeu-se para as áreas econômica e política, tornando o desafio inicial ainda mais complexo.

Passados alguns meses, seguimos cercados de incertezas. Como ficará a saúde, a educação, o turismo, a indústria, a segurança, o transporte, entre tantos outros setores? Olhando para o Brasil, quais são as estratégias para transformar o País? É preciso falar sobre isso e rapidamente. 

Como educador na área de planejamento, sinto tristeza, já que estamos perdendo um tempo precioso para discutir e planejar as estratégias futuras. E esse é um processo inevitável, pois, ainda que sobrem incertezas, há ao menos um fato indiscutível: serão muitas as mudanças pós-pandemia.

PROTAGONISMO NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Trazendo essa reflexão para o setor em que estudo e trabalho, o agronegócio, acredito que tenha chegado o momento de o Brasil assumir o protagonismo mundial na produção de alimentos. Isso porque possui terra, clima e vocação, o que possibilita fornecer alimentos para sua população e exportar mais de US$ 100 bilhões anualmente. 

O futuro, no entanto, precisa ser discutido. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2050 a população mundial será de 10 bilhões de pessoas e a produção agrícola deverá crescer cerca de 50% para suprir essa demanda. 

Atualmente, ocupamos o segundo lugar na produção mundial de alimentos, mas com diferenciais favoráveis para tomarmos a dianteira. Crescemos cerca de 1 milhão de hectare por ano. Portanto, a área atual, em torno de 62 milhões de hectares, vai para 72 ou 73 milhões de hectares quando falamos sobre grãos, chegando a 85 milhões de hectares ao adicionar florestas, cana-de-açúcar, frutas e outros. Esses 85 milhões produzidos na próxima década representam apenas 10% do total de terra que o Brasil tem, ou seja, trata-se de um negócio com extrema sustentabilidade econômica e ambiental. 

Recentemente, a FAO, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestaram a preocupação em garantir que as cadeias globais de suprimento de alimentos não sofram interrupções devido ao coronavírus. Se há um país capaz de suprir essa necessidade, esse é o Brasil. Mas não sem antes estruturar projetos e melhorias em três grandes áreas: custos, diferenciação e ações coletivas, como mostra o detalhamento do infográfico.

O AGRO NÃO PARA! 

Estratégico, robusto e pujante. Essas três características, que derivam dos números gerados pelo setor, mostram com clareza a importância do agronegócio brasileiro para o mundo. Em 2019, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou a R$ 630,9 bilhões. Já este ano, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), a expectativa é de crescimento recorde, chegando a R$ 728 bilhões. 

Nas exportações entre janeiro e junho, o setor vendeu US$ 51,63 bilhões para mais de uma centena de países. Como as importações caíram um pouco, o saldo para o período deixado pelo agro é de incríveis US$ 45,4 bilhões. A continuar nesse ritmo, é provável que o agro exporte mais de US$ 100 bilhões neste ano, deixando um saldo entre US$ 85 a 90 bilhões, contribuindo para o País neste momento tão difícil para a economia. 

Chegando ao campo, a safra de grãos deste ano é estimada em 250 milhões de toneladas, um volume inédito, com liderança da soja, mas com crescimento também de culturas como a do arroz. Por falar em soja, carro-chefe na produção agrícola brasileira, a produção deve chegar a 121 milhões de toneladas em 2020, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que representará um crescimento de 6,7% em relação à última safra. 

Quem também deve bater recorde é a safra de milho, a segunda maior cultura em volume do setor no Brasil. Estima-se que sejam produzidas mais de 100 milhões de toneladas.

Os números não deixam dúvida de que o agronegócio é o motor que move o Brasil. Com planejamento e estratégias bem definidas, será possível contribuir de forma decisiva na geração de alimentos para o mundo.

Marcos Fava Neves
Marcos Fava Neves
Engenheiro agrônomo, professor e conselheiro da Ourofino Agrociência.
Anterior

ACORDO DE COMPRAS GOVERNAMENTAIS DA OMC: ASSIMETRIA E RISCO

Próxima

A CRISE SANITÁRIA E SUAS LIÇÕES PARA O BRASIL