Em meio aos reflexos da pandemia, o agronegócio brasileiro se mantém pujante e trabalha para assumir o protagonismo na produção mundial de alimentos
Apandemia originada pelo coronavírus desafiou o mundo. Sem perguntar a origem, classe social ou o partido político, o vírus se alastrou pelo planeta sem tomar conhecimento dos afetados e o resultado foi que, em pouco tempo, o que era uma crise de saúde estendeu-se para as áreas econômica e política, tornando o desafio inicial ainda mais complexo.
Passados alguns meses, seguimos cercados de incertezas. Como ficará a saúde, a educação, o turismo, a indústria, a segurança, o transporte, entre tantos outros setores? Olhando para o Brasil, quais são as estratégias para transformar o País? É preciso falar sobre isso e rapidamente.
Como educador na área de planejamento, sinto tristeza, já que estamos perdendo um tempo precioso para discutir e planejar as estratégias futuras. E esse é um processo inevitável, pois, ainda que sobrem incertezas, há ao menos um fato indiscutível: serão muitas as mudanças pós-pandemia.
PROTAGONISMO NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Trazendo essa reflexão para o setor em que estudo e trabalho, o agronegócio, acredito que tenha chegado o momento de o Brasil assumir o protagonismo mundial na produção de alimentos. Isso porque possui terra, clima e vocação, o que possibilita fornecer alimentos para sua população e exportar mais de US$ 100 bilhões anualmente.
O futuro, no entanto, precisa ser discutido. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2050 a população mundial será de 10 bilhões de pessoas e a produção agrícola deverá crescer cerca de 50% para suprir essa demanda.
Atualmente, ocupamos o segundo lugar na produção mundial de alimentos, mas com diferenciais favoráveis para tomarmos a dianteira. Crescemos cerca de 1 milhão de hectare por ano. Portanto, a área atual, em torno de 62 milhões de hectares, vai para 72 ou 73 milhões de hectares quando falamos sobre grãos, chegando a 85 milhões de hectares ao adicionar florestas, cana-de-açúcar, frutas e outros. Esses 85 milhões produzidos na próxima década representam apenas 10% do total de terra que o Brasil tem, ou seja, trata-se de um negócio com extrema sustentabilidade econômica e ambiental.
Recentemente, a FAO, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestaram a preocupação em garantir que as cadeias globais de suprimento de alimentos não sofram interrupções devido ao coronavírus. Se há um país capaz de suprir essa necessidade, esse é o Brasil. Mas não sem antes estruturar projetos e melhorias em três grandes áreas: custos, diferenciação e ações coletivas, como mostra o detalhamento do infográfico.
O AGRO NÃO PARA!
Estratégico, robusto e pujante. Essas três características, que derivam dos números gerados pelo setor, mostram com clareza a importância do agronegócio brasileiro para o mundo. Em 2019, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou a R$ 630,9 bilhões. Já este ano, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), a expectativa é de crescimento recorde, chegando a R$ 728 bilhões.
Nas exportações entre janeiro e junho, o setor vendeu US$ 51,63 bilhões para mais de uma centena de países. Como as importações caíram um pouco, o saldo para o período deixado pelo agro é de incríveis US$ 45,4 bilhões. A continuar nesse ritmo, é provável que o agro exporte mais de US$ 100 bilhões neste ano, deixando um saldo entre US$ 85 a 90 bilhões, contribuindo para o País neste momento tão difícil para a economia.
Chegando ao campo, a safra de grãos deste ano é estimada em 250 milhões de toneladas, um volume inédito, com liderança da soja, mas com crescimento também de culturas como a do arroz. Por falar em soja, carro-chefe na produção agrícola brasileira, a produção deve chegar a 121 milhões de toneladas em 2020, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que representará um crescimento de 6,7% em relação à última safra.
Quem também deve bater recorde é a safra de milho, a segunda maior cultura em volume do setor no Brasil. Estima-se que sejam produzidas mais de 100 milhões de toneladas.
Os números não deixam dúvida de que o agronegócio é o motor que move o Brasil. Com planejamento e estratégias bem definidas, será possível contribuir de forma decisiva na geração de alimentos para o mundo.