REVISTA FACTO
...
Jan-Fev 2019 • ANO XIII • ISSN 2623-1177
2023
73 72 71
2022
70 69 68
2021
67 66 65
2020
64 63 62
2019
61 60 59
2018
58 57 56 55
2017
54 53 52 51
2016
50 49 48 47
2015
46 45 44 43
2014
42 41 40 39
2013
38 37 36 35
2012
34 33 32
2011
31 30 29 28
2010
27 26 25 24 23
2009
22 21 20 19 18 17
2008
16 15 14 13 12 11
2007
10 9 8 7 6 5
2006
4 3 2 1 217 216 215 214
2005
213 212 211
Caio Megale
//Entrevista Caio Megale

Caio Megale

Formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado na PUC-Rio, Caio Megale foi secretário municipal da Fazenda de São Paulo entre 2017 e 2018, período em que foi vice-presidente da Associação Brasileira de Secretários de Finanças das Capitais (Abrasf). Entre 2011 e 2016, ele foi associado do Itaú Unibanco e um dos responsáveis pela equipe de economistas do banco. Anteriormente, foi economista do Lloyds Asset Management, Máxima Asset Management e Gávea Investimentos. Em 2005 participou da fundação da Mauá Investimentos, da qual foi sócio e economista-chefe até 2010. Megale foi professor de economia na PUC -Rio e no IBMEC SP, e tem artigos publicados nos principais jornais do País.

Não lhe parece que a abertura comercial planejada para ser implantada pelo novo governo deva considerar a existência local de indústrias?

A atividade industrial brasileira é um dos pilares da economia, portanto, todas as medidas da equipe econômica consideram os impactos no setor e os meios para que a indústria nacional se torne cada vez mais forte e produtiva. Isso inclui a melhoria do ambiente de negócios, a revisão de entraves legais para comercialização de produtos, o incentivo à inovação tecnológica, a capacitação para os trabalhadores e a redução de impostos. Esse é o principal e primeiro objetivo da Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec).

Nesse cenário, não deveríamos considerar a importância de investimentos locais em segmentos estratégicos para o país?

Para que o País volte a fazer investimentos, é preciso antes intensificar a retomada do crescimento econômico e a redução da crise fiscal que nos assola há anos. Para isso, o governo precisa aprovar as reformas – principalmente a reforma da Previdência –, além de reduzir a dívida pública e os gastos do próprio Estado. Vários setores estratégicos precisam de investimentos e, neste contexto, as parcerias com a iniciativa privada tornam-se ainda mais urgentes.

Não deveríamos fazer como o mundo que considera dentre tais ativos estratégicos o complexo industrial da química fina? Nesse cenário, qual é sua opinião sobre a importância do complexo industrial para a saúde?

A tendência mundial é sim de trabalhar cada vez mais com produtos transformados. Somente com tecnologia e inovação, as dezenas de complexos industriais de que o País dispõe poderão voltar a crescer, gerar empregos e competir em mercados internacionais.

Considera relevante para o crescimento econômico e social do país a manutenção da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para o Complexo Industrial da Saúde (CIES)?

A Política é de 2008 – e não gostaria de comentar políticas de outros governos. O que considero importante destacar é que o governo, em especial o Ministério da Economia, por meio da Sepec, entende o papel fundamental da indústria para o desenvolvimento. Acreditamos que é preciso ampliar a produtividade. Isso gera empregos, fortalece a economia e promove crescimento sustentável de longo prazo. Esse patamar, no entanto, só será obtido se aprovarmos as reformas fiscais, reduzirmos o gasto público, ampliarmos o acesso ao crédito, mantivermos os juros e a inflação sob controle e reduzirmos a carga tributária brasileira.

Há meses a inflação medida pelo IPCA vem se apresentando abaixo do centro da meta fixada pelo Banco Central. Considerando-se que taxa de juros é fator importante na competitividade da indústria, não seria o caso de reduzir o centro da meta e baixar a taxa de juros SELIC?

As avaliações, oscilações e medidas sobre as taxas de juros cabem ao Banco Central, que faz uma análise periódica, séria, contextualizando a atividade econômica, os contextos internacionais e diversos outros fatores. Claro que vamos atuar para que os juros sempre sejam e se mantenham baixos, já que isso impacta na atividade não só industrial, mas de vários setores econômicos. O direcionamento é o mesmo para a inflação, embora valha lembrar que tudo isso possui legislação específica e, por isso, a tarefa árdua do governo, passada essa etapa inicial de diagnósticos da crise e aprovação de reformas, é rever meios para que a inflação se mantenha baixa por longos períodos. Isso incentiva o consumo e dá segurança para que os investimentos privados voltem a surgir.

Uma das ações aventadas para inclusão na tão necessária reforma tributária é a redução do imposto de renda pago pelas empresas e a fixação de uma alíquota incidente sobre os dividendos. Quando o governo pensa em iniciar as medidas para alterar a estrutura da tributação no País (considerando a importância dela para a competitividade das indústrias e que muitas das possíveis alternativas não exigem reforma da Constituição nem aprovação do Congresso)?

Questões de arrecadação e impostos devem ser tratadas com o Tesouro Nacional ou com a Receita Federal.

Caio Megale
Caio Megale
Secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia.
Anterior

ORIGEM DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DA CADEIA PRODUTIVA FARMACÊUTICA

Próxima

PATENTES NA UNIVERSIDADE BRASILEIRA: ESTAMOS NO CAMINHO CERTO?