REVISTA FACTO
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Out-Dez 2018 • ANO XII • ISSN 2623-1177
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//Artigo

PANORAMA E PERSPECTIVAS DA INDÚSTRIA AGROQUÍMICA DIANTE DO NOVO GOVERNO

É hora de acreditarmos no País; o novo governo está ciente da importância da indústria brasileira. Hoje o setor responde por 32% do PIB e gera 30 milhões de empregos, de acordo com um manifesto assinado em outubro por um grupo de dez empresários liderados pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Além disso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou que será o interlocutor direto da classe empresarial, prometendo trabalhar para melhorar o ambiente de negócios no País.

Esse movimento é necessário durante o primeiro ano de mandato, quando o governo tem mais capital político e condições para implementar uma agenda de reformas importantes para o crescimento do Brasil. É no início da gestão que se forma a equipe – e o novo time tem uma imagem positiva perante o mercado, já que os indicados sinalizam maior abertura comercial. Do ponto de vista das perspectivas da liberação mercantil, esperamos uma maior inserção da economia brasileira no comércio internacional.

O programa de governo é explícito ao defender mais abertura comercial, por esta ser uma das “maneiras mais efetivas” de se impulsionar o crescimento da economia. Do ponto de vista teórico, a dinamização do comércio internacional funciona como um choque tecnológico positivo no país, aumentando a produtividade e incrementando os ganhos econômicos no longo prazo. A ideia principal é sincronizar a abertura com a redução dos impostos em alguns setores, sem ser de maneira abrupta, para não prejudicar a indústria brasileira.

É certo que a nova equipe econômica precisará de algum tempo para estruturar e colocar em prática sua estratégia. Mesmo com a saída lenta da recessão e o pequeno crescimento do setor nos últimos meses, o governo Temer conseguiu aprovar algumas reformas difíceis, como a trabalhista e o teto de gastos. Como resultado, segundo especialistas econômicos, o ex-presidente transferiu a economia a Bolsonaro em uma situação melhor do que herdou da também ex -presidente Dilma Rousseff.

Aliás, as ações dos antigos governos ainda afetam a indústria e, por isso, recebem reclamações. É o caso dos custos que incidem na produção brasileira. Alguns estudos apontam que o ‘custo Brasil’ corresponde a 30% do preço do produto fabricado, o que retira a competividade e diminui a exportação de itens industriais. Outro fator é que o Brasil passou décadas com juros e impostos elevados e taxa de câmbio valorizada, isto é, com o dólar barato, o que fragilizou a capacidade de competição da indústria local.

Por isso, é preciso estimular ações de políticas públicas bem planejadas, constantes e de longo prazo, realizadas em parceria com o setor privado industrial, de modo a possibilitar o desenvolvimento econômico. Além das operações técnicas, o progresso é resultado da experiência dos pesquisadores brasileiros, atentos aos detalhes e às necessidades de toda a cadeia produtiva e, também, à qualidade da produção nacional.

Empresas e governo devem estimular áreas de pesquisa e desenvolvimento, privadas ou públicas, a fim de promover projetos e produtos, identificar oportunidades e avaliar projetos já existentes. Assim, aprimoramos o entendimento sobre como a inovação das mais diversas formas pode ser fundamental para a sustentabilidade das empresas e do País. Para garantir a diferenciação de mercado, o Brasil deve utilizar suas estruturas associadas às melhores instituições e aos profissionais de alto nível de conhecimento, para reduzir de forma expressiva o tempo entre a descoberta e a comercialização de novos produtos e tecnologias.

As mudanças esperadas pelo novo governo na indústria de defensivos agrícolas – que incluem a diferenciação de alíquotas para a produção local com agregação de valor e para a importação de produtos prontos para uso – estimularão o mercado a sintetizar e formular os produtos em território nacional. Isso gerará mais emprego e renda ao País. Também permitirá a nós da indústria promover e incentivar pesquisas para desenvolvimento de tecnologia local e registro de produtos com melhor performance em um ambiente tropical. O setor compreende que é preciso coordenar esforços de inteligência, promoção e defesa para a abertura comercial. Ao mesmo tempo, sabe da sua relevância e entende o quanto é importante que o governo mantenha a comunicação aberta com o segmento.

João Sereno Lammel
João Sereno Lammel
Conselheiro da Ourofino Agrociência e vice-presidente agroquímico da ABIFINA.
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