O Brasil já economizou R$ 980 milhões nos últimos cinco anos graças à Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e a Libbs Farmacêutica para a fabricação pública do medicamento imunossupressor tacrolimo. Agora mais um passo foi dado. Em abril deste ano, Farmanguinhos anunciou a produção dos primeiros lotes em seu Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), após a finalização da transferência de tecnologia do medicamento para o laboratório público pela Libbs.
Segundo a Agência Fiocruz de Notícias, “a próxima etapa é a produção de lotes a serem submetidos à avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a inclusão de Farmanguinhos como local de fabricação”. A projeção é que o início da produção no Instituto reduza os gastos públicos em mais 10%.
Para produzir o tacrolimo no CTM, Farmanguinhos isolou uma área de 410 m2 em sua planta industrial para ficar dedicada exclusivamente ao medicamento, investindo ainda em equipamentos de última geração. “A expectativa é de que outros medicamentos desta categoria terapêutica passem a fazer parte do portfólio institucional. Um deles é o everolimo, anunciado pelo Ministério da Saúde no fim do ano passado”, afirma a divulgação da Agência Fiocruz.
O tacrolimo é usado para evitar a rejeição de rim e fígado transplantados e consta na lista de produtos estratégicos do Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil realiza anualmente 6,3 mil transplantes de rins e 1,4 mil de fígado. Atualmente, cerca de 34 mil pessoas usam o imunossupressor no País de forma continuada.
“Temos total condições de garantir o tratamento de todas as pessoas que necessitam do medicamento. Nossa capacidade produtiva é muito superior à demanda nacional”, ressalta o diretor de Farmanguinhos, Jorge Souza Mendonça.
Como funcionam as PDPs
O SUS conta com laboratórios públicos responsáveis pela produção de medicamentos, soros e vacinas para atender às necessidades da rede de assistência médica. Os produtos fabricados são destinados ao tratamento das doenças negligenciadas – causadas por agentes infecciosos e parasitários -, como dengue, esquistossomose, malária, hanseníase, leishmaniose, doença de Chagas, entre outras.
Nas PDPs, o Ministério da Saúde firma acordos com laboratórios privados para que se comprometam a transferir aos laboratórios públicos brasileiros a tecnologia para a produção nacional do medicamento ou da vacina, dentro de um prazo de cinco anos. Para que ambos sejam beneficiados durante o acordo, o governo garante, aos laboratórios privados, a exclusividade na compra desses produtos durante esse mesmo período. Desta forma, o País reduz a dependência de importação, produzindo medicamentos de qualidade e, simultaneamente, amplia a competitividade e capacitação tecnológica.
Fonte: Fiocruz