REVISTA FACTO
...
Jan-Mar 2016 • ANO X • ISSN 2623-1177
2023
73 72 71
2022
70 69 68
2021
67 66 65
2020
64 63 62
2019
61 60 59
2018
58 57 56 55
2017
54 53 52 51
2016
50 49 48 47
2015
46 45 44 43
2014
42 41 40 39
2013
38 37 36 35
2012
34 33 32
2011
31 30 29 28
2010
27 26 25 24 23
2009
22 21 20 19 18 17
2008
16 15 14 13 12 11
2007
10 9 8 7 6 5
2006
4 3 2 1 217 216 215 214
2005
213 212 211
GESTÃO DO CONHECIMENTO EM TEMPOS DE CRISE
//Artigo

GESTÃO DO CONHECIMENTO EM TEMPOS DE CRISE

O Brasil está passando por um momento de recessão. Em 2015, a esperança da saída da crise parecia estar na virada do ano, como se esta viesse carregada de milagres econômicos. Entretanto, veio o Réveillon e nada mudou. Ao contrário, com a crise aparentemente instalada dentro do governo e a pressão da oposição, a situação ficou ainda pior.

A palavra “crise”, do grego “krisis”, significa momento de tomada de decisão que leva a mudanças. Apesar da carga pejorativa da palavra em português, a crise pode ter um lado positivo, pois é um período que exige reflexão e que permite abrir as portas para as mudanças de mentalidade e, consequentemente, para a geração de inovações. A história econômica do País mostra isso. As crises do passado abriram caminho para o surgimento das grandes culturas, como a do café a partir da crise da cana-de-açúcar, ou para o início da industrialização, dando ao Brasil um papel de destaque entre as nações em desenvolvimento. Em meio às crises, a indústria farmacêutica brasileira aprendeu a copiar, mas também aprendeu a inovar e a jogar o difícil jogo da concorrência.

O que vale retirar deste contexto histórico, diante da crise atual, é que não devemos baixar a cabeça, nem ficar paralisados de medo. Devemos ter em mente que, em meio às dificuldades, podem surgir grandes oportunidades para quem conseguir identificá-las. Algumas ferramentas de gestão do conhecimento podem auxiliar na identificação dessas oportunidades.

A gestão do conhecimento auxilia no diagnóstico das “forças, fraquezas, ameaças e oportunidades” porque trabalha transversalmente com diferentes áreas relacionadas, como gestão estratégica, teoria das organizações, sistema de informação, gestão da tecnologia, e com áreas mais tradicionais como a economia, sociologia, psicologia, marketing, entre outras.

Para uma empresa ser mais competitiva, é necessário conhecimento e domínio das informações em determinadas áreas. Conhecer ajuda a conquistar, a elaborar e a obter as melhores práticas. Porém, conhecer as informações, per se, não significa melhorar o nível de competitividade, e muito menos alcançar a concorrência. O conhecimento da informação necessita de gestão, sigilo e monitoramento de dados cruciais. O conhecimento deverá incluir o capital intelectual, o capital humano, a capacidade de pesquisar e inovar, e a inteligência empresarial.

Para uma boa gestão do conhecimento, principalmente em tempos de crise, a empresa deve compreender as informações de pesquisa e desenvolvimento já adquiridas e obter conhecimento sobre o ambiente externo (experiência de concorrentes, mercado interno e externo, inovações tecnológicas etc.). Essa gestão inclui as condições organizacionais, localização, geração e partilha do conhecimento, e as ferramentas a serem utilizadas na comunicação e organização de determinado conteúdo.

A gestão do conhecimento amplia a vantagem competitiva e concorrencial da empresa, reduz custos com P&D, gera novos modelos de negócios, melhora o aproveitamento e o desenvolvimento do capital intelectual, e dá suporte às tomadas de decisão e melhorias na produção e na prestação de serviços.

Em resumo, é uma modalidade de gestão que facilita o controle e o acesso às informações relevantes num processo de trabalho e a administração de seus meios. O conhecimento parte de uma informação, pesquisa, experiência e produz impactos positivos ou negativos na sociedade e em determinada organização, dependendo de como esse conhecimento é filtrado, analisado e gerido.

Alguns exemplos de ferramentas de gestão do conhecimento incluem ferramentas de propriedade intelectual, gestão de portfólios, mapeamentos tecnológicos, desenho de cenários, entre outras.

A propriedade intelectual pode auxiliar no monitoramento do setor bem como na descoberta de tecnologias em domínio público, ou seja, tecnologias com patentes já expiradas e, portanto, de livre uso. A descoberta de tecnologias em domínio público pode ser útil para a geração de inovações incrementais internas na empresa, além da possibilidade de melhorias em produtos e processos sem infração de patentes de terceiros. Já a análise da concorrência é uma estratégia óbvia na gestão do conhecimento.

Através dela, o empresário pode conhecer as tecnologias que estão sendo desenvolvidas e em que direção cada concorrente está se movimentando.

A gestão de portfólios também pode ser uma ferramenta muito útil para as empresas que querem inovar. Quando feita de forma correta, mantém a organização e os ativos intangíveis sem necessariamente dispor de muito recurso financeiro ou, pelo menos, diminuindo a demanda de investimento em um momento de crise. É nos momentos de recessão que devemos planejar e prospectar. Uma empresa deve conhecer profundamente seus projetos de pesquisa para que a tomada de decisões possa ser feita do modo mais seguro e mais eficaz possível. Dessa forma, quando for necessária uma triagem de projetos, por exemplo, a empresa já terá esse mapeamento interno e as suas prioridades.

Concluindo, devemos ter em mente que, para gerar boas ideias, precisamos ter um ambiente capacitante para a inovação por meio do conhecimento. Assim, a gestão do conhecimento deve ter como fundamento suportar a criação desse conhecimento, facilitar a sua disseminação dentro da organização e acelerar a sua incorporação em processos, produtos e serviços. Se as empresas forem hábeis o suficiente para identificar as oportunidades e gerir essas informações de forma eficaz, o conhecimento poderá ser um dos alicerces para fomentar a inovação. Entretanto, sem o gerenciamento estratégico apropriado, dificilmente esse conhecimento poderá ser considerado um diferencial competitivo. Para tanto, a organização deve estar preparada para executar essa gestão de forma estratégica e, assim, conseguir passar pelas crises econômicas que vierem de forma mais eficaz e mais equilibrada.

Ana Claudia Dias de Oliveira
Ana Claudia Dias de Oliveira
Especialista em Propriedade Intelectual, Inovação e Biodiversidade da ABIFINA e sócia da 2PhD Consultoria
MINHA DÚVIDA PARA O ARTIGO DA FACTO: QUAL TEMA ABORDAR EM TEMPOS DE CRISE, OU DE CRISES?
Anterior

MINHA DÚVIDA PARA O ARTIGO DA FACTO: QUAL TEMA ABORDAR EM TEMPOS DE CRISE, OU DE CRISES?

Próxima

JOGANDO NA OFENSIVA: OUROFINO AGROCIÊNCIA