REVISTA FACTO
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Jan-Mar 2016 • ANO X • ISSN 2623-1177
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GESTÃO DO CONHECIMENTO EM TEMPOS DE CRISE
//Artigo

GESTÃO DO CONHECIMENTO EM TEMPOS DE CRISE

O Brasil está passando por um momento de recessão. Em 2015, a esperança da saída da crise parecia estar na virada do ano, como se esta viesse carregada de milagres econômicos. Entretanto, veio o Réveillon e nada mudou. Ao contrário, com a crise aparentemente instalada dentro do governo e a pressão da oposição, a situação ficou ainda pior.

A palavra “crise”, do grego “krisis”, significa momento de tomada de decisão que leva a mudanças. Apesar da carga pejorativa da palavra em português, a crise pode ter um lado positivo, pois é um período que exige reflexão e que permite abrir as portas para as mudanças de mentalidade e, consequentemente, para a geração de inovações. A história econômica do País mostra isso. As crises do passado abriram caminho para o surgimento das grandes culturas, como a do café a partir da crise da cana-de-açúcar, ou para o início da industrialização, dando ao Brasil um papel de destaque entre as nações em desenvolvimento. Em meio às crises, a indústria farmacêutica brasileira aprendeu a copiar, mas também aprendeu a inovar e a jogar o difícil jogo da concorrência.

O que vale retirar deste contexto histórico, diante da crise atual, é que não devemos baixar a cabeça, nem ficar paralisados de medo. Devemos ter em mente que, em meio às dificuldades, podem surgir grandes oportunidades para quem conseguir identificá-las. Algumas ferramentas de gestão do conhecimento podem auxiliar na identificação dessas oportunidades.

A gestão do conhecimento auxilia no diagnóstico das “forças, fraquezas, ameaças e oportunidades” porque trabalha transversalmente com diferentes áreas relacionadas, como gestão estratégica, teoria das organizações, sistema de informação, gestão da tecnologia, e com áreas mais tradicionais como a economia, sociologia, psicologia, marketing, entre outras.

Para uma empresa ser mais competitiva, é necessário conhecimento e domínio das informações em determinadas áreas. Conhecer ajuda a conquistar, a elaborar e a obter as melhores práticas. Porém, conhecer as informações, per se, não significa melhorar o nível de competitividade, e muito menos alcançar a concorrência. O conhecimento da informação necessita de gestão, sigilo e monitoramento de dados cruciais. O conhecimento deverá incluir o capital intelectual, o capital humano, a capacidade de pesquisar e inovar, e a inteligência empresarial.

Para uma boa gestão do conhecimento, principalmente em tempos de crise, a empresa deve compreender as informações de pesquisa e desenvolvimento já adquiridas e obter conhecimento sobre o ambiente externo (experiência de concorrentes, mercado interno e externo, inovações tecnológicas etc.). Essa gestão inclui as condições organizacionais, localização, geração e partilha do conhecimento, e as ferramentas a serem utilizadas na comunicação e organização de determinado conteúdo.

A gestão do conhecimento amplia a vantagem competitiva e concorrencial da empresa, reduz custos com P&D, gera novos modelos de negócios, melhora o aproveitamento e o desenvolvimento do capital intelectual, e dá suporte às tomadas de decisão e melhorias na produção e na prestação de serviços.

Em resumo, é uma modalidade de gestão que facilita o controle e o acesso às informações relevantes num processo de trabalho e a administração de seus meios. O conhecimento parte de uma informação, pesquisa, experiência e produz impactos positivos ou negativos na sociedade e em determinada organização, dependendo de como esse conhecimento é filtrado, analisado e gerido.

Alguns exemplos de ferramentas de gestão do conhecimento incluem ferramentas de propriedade intelectual, gestão de portfólios, mapeamentos tecnológicos, desenho de cenários, entre outras.

A propriedade intelectual pode auxiliar no monitoramento do setor bem como na descoberta de tecnologias em domínio público, ou seja, tecnologias com patentes já expiradas e, portanto, de livre uso. A descoberta de tecnologias em domínio público pode ser útil para a geração de inovações incrementais internas na empresa, além da possibilidade de melhorias em produtos e processos sem infração de patentes de terceiros. Já a análise da concorrência é uma estratégia óbvia na gestão do conhecimento.

Através dela, o empresário pode conhecer as tecnologias que estão sendo desenvolvidas e em que direção cada concorrente está se movimentando.

A gestão de portfólios também pode ser uma ferramenta muito útil para as empresas que querem inovar. Quando feita de forma correta, mantém a organização e os ativos intangíveis sem necessariamente dispor de muito recurso financeiro ou, pelo menos, diminuindo a demanda de investimento em um momento de crise. É nos momentos de recessão que devemos planejar e prospectar. Uma empresa deve conhecer profundamente seus projetos de pesquisa para que a tomada de decisões possa ser feita do modo mais seguro e mais eficaz possível. Dessa forma, quando for necessária uma triagem de projetos, por exemplo, a empresa já terá esse mapeamento interno e as suas prioridades.

Concluindo, devemos ter em mente que, para gerar boas ideias, precisamos ter um ambiente capacitante para a inovação por meio do conhecimento. Assim, a gestão do conhecimento deve ter como fundamento suportar a criação desse conhecimento, facilitar a sua disseminação dentro da organização e acelerar a sua incorporação em processos, produtos e serviços. Se as empresas forem hábeis o suficiente para identificar as oportunidades e gerir essas informações de forma eficaz, o conhecimento poderá ser um dos alicerces para fomentar a inovação. Entretanto, sem o gerenciamento estratégico apropriado, dificilmente esse conhecimento poderá ser considerado um diferencial competitivo. Para tanto, a organização deve estar preparada para executar essa gestão de forma estratégica e, assim, conseguir passar pelas crises econômicas que vierem de forma mais eficaz e mais equilibrada.

Ana Claudia Dias de Oliveira
Ana Claudia Dias de Oliveira
Especialista em Propriedade Intelectual, Inovação e Biodiversidade da ABIFINA e sócia da 2PhD Consultoria
MINHA DÚVIDA PARA O ARTIGO DA FACTO: QUAL TEMA ABORDAR EM TEMPOS DE CRISE, OU DE CRISES?
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