A Centroflora CMS, joint venture formada pela alemã CMS Pharma e o brasileiro Grupo Centroflora para produção e fornecimento global de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), foi premiada no CPhI Pharma Awards de 2015, na categoria Excelência em Partnering & Outsourcing. A premiação, dada em parceria com a publicação Pharmaceutical Outsourcing Magazine, foi realizada em outubro em Madri, durante a CPhI Worldwide, feira internacional voltada para a indústria farmacêutica. A companhia foi escolhida entre 16 finalistas e foi a única empresa nacional a receber prêmio nesta edição.
Cada finalista apresentou durante o evento um case, que foi avaliado por um júri formado por executivos da indústria farmacêutica internacional. No caso da Centroflora CMS, que concorreu em Partnering & Outsourcing, foi apresentado o contrato firmado com a empresa farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, em meados de 2014. O negócio consistiu na aquisição, por parte da joint venture, da tecnologia de manufatura de um grupo de IFAs de origem vegetal que pertencia à companhia alemã, além de um acordo plurianual exclusivo de fornecimento e distribuição desses insumos em escala mundial.
Para o presidente do Grupo Centroflora, Peter Andersen, a premiação representa o reconhecimento ao trabalho realizado pela Centroflora CMS, que foi fundada há cerca de um ano e meio para participar do bidding para compra do portfólio de fitomoléculas – farmoquímicos derivados de plantas medicinais – da Boehringer Ingelheim. “Como somos uma empresa muito nova, o prêmio mostra que fizemos bom trabalho no começo das atividades. Aceitamos um desafio muito grande, de substituir uma empresa como a Boehringer na venda dessas fitomoléculas, de atender aos clientes que eram da empresa e de atuar nesse mercado, dentro de toda a complexidade regulatória que existe para vender farmoquímico no mundo inteiro”, comemora.
O objetivo da Centrofplalora CMS agora é tornar-se um grande player na área de distribuição e produção de farmoquímicos. Para isso, precisa não só realizar a transferência de tecnologia de fabricação dos IFAs adquiridos para novos produtores, como registrar e aprovar os novos produtos junto a órgãos reguladores de diversos países. Tudo isso acontecerá em um prazo total de quatro anos e, até lá, a empresa alemã continua fabricando as moléculas. “O objetivo da Centroflora CMS é se transformar em uma líder na área de venda e produção de fitomoléculas.O grande desafio é conseguir fazer um bom processo de transferência de tecnologia”, afirma Andersen. “Agora estamos trabalhando a transferência de tecnologia dessas moléculas para fora da Alemanha. Depois, ainda precisaremos de dois, três anos, dependendo do país, para registrar esse novo farmoquímico”, complementa.
As vantagens da negociação com a Boehringer Ingelheim, na visão de Andersen, são muitas e podem gerar oportunidades para ampliação do portfólio de IFAs da Centroflora CMS. “Estamos ganhando conhecimento regulatório e dos clientes, talvez para não só ficar nessas moléculas que a gente adquiriu da Boehringer. Por que não pensar em outras?”, pergunta. Para isso, no entanto, a empresa ainda precisa percorrer diversas etapas. “A gente entende que isso é um processo, não é da noite para o dia. Estamos trabalhando hoje para deixar a empresa mais estruturada e para que ela possa ser uma opção para empresas que não queiram mais fabricar fitomoléculas. E para que, no futuro, a gente possa fabricá-las e ser parceiro não só na fabricação, como na distribuição dessas moléculas a nível mundial”, revela.
No Brasil, o Grupo Centroflora já atua com ênfase no mercado internacional. “O que nos diferencia dos produtores de farmoquímicos no Brasil é que 95% do que fazemos é para exportação, temos pouco foco no mercado interno. Nosso objetivo é desenvolver uma empresa farmoquímica para competir a nível mundial”, explica o presidente do grupo. A partir do acordo com a Boehringer Ingelheim, a expectativa é não apenas ampliar a participação da multinacional de origem brasileira no mercado global, mas beneficiar a própria indústria nacional. “Queremos trazer duas dessas moléculas para nossa fábrica de farmoquímicos no Piauí, que produz Pilocarpina. Essa é uma oportunidade de o Brasil voltar a ser fabricante de farmoquímicos”, aposta ele.
A Centroflora CMS está baseada em Luxemburgo e hoje possui entre os clientes mais de cem companhias farmacêuticas localizadas nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, Ásia, África e Austrália. Os IFAs da Boehringer Ingelheim adquiridos pela joint venture incluem Atropina, Sulfato de Atropina, Digoxina, Digoxina Micronizada, Metildigoxina, Metilbrometo de Homatropina, Hidrobrometo de Homatropina, e Mesilato de Diidroergotamina.