Eric Stobbaerts, diretor executivo da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas América Latina (DNDi, na sigla em inglês), fala sobre saúde, desenvolvimento e inovação em países onde as doenças mais esquecidas do mundo são endêmicas, como o Brasil. Ele também convida empresários e executivos visionários para unirem-se ao fundo de emergência contra as doenças negligenciadas no País.
O que são doenças negligenciadas?
São algumas das doenças mais esquecidas do planeta e que atingem o maior número de pessoas: cerca de 1 bilhão. Só no Brasil, a doença de Chagas, a negligenciada entre as negligenciadas, mata cerca de 6 mil pessoas por ano e acarreta uma perda de produtividade que chega a US$ 1,7 bilhão por ano. Estimamos que menos de 1% dos infectados são tratados. Situação incompatível em um país no estágio de desenvolvimento em que está o nosso.
E qual é o trabalho da DNDi?
Essas doenças são negligenciadas pelo que mais poderia fazer por elas: inovação científica, com diagnóstico, novos tratamentos e medicamentos. Aqui entra a DNDi. Há dez anos, realizamos um esforço global contra essas doenças. Em uma década, foram seis novos tratamentos, sendo dois no Brasil: um contra malária e uma formulação pediátrica contra doença de Chagas. Projetos que renderam à DNDi América Latina o Prêmio Carlos Slim em Saúde este ano. Nossa meta é chegar a 13 novos medicamentos até 2018.
Como uma organização sem lucro financia projetos tão avançados de P&D?
Com recursos públicos, dos sócios-fundadores, como Médicos sem Fronteiras (MSF), e de fundações como Welcome Trust e Bill e Melinda Gates, para citar alguns. No Brasil, temos uma parceria com o Ministério da Saúde e a Fiotec e estamos construindo uma rede de empresas em um fundo de emergência contra as doenças negligenciadas. Mais do que uma doação, trata-se de uma parceria, pois fazemos inovação científica com viés humanitário, o que requer visão para a construção de um futuro possível, mais saudável e com mais desenvolvimento para o País.
Esses recursos são administrados?
Cerca de 90% são destinados exclusivamente às atividades de P&D na DNDi. Além disso, nosso balanço tanto global, como da América Latina, é auditado e publicado anualmente em ambos os relatórios anuais. No Brasil, o Título Oscip também é um mecanismo importante, ao permitir que doações sejam descontadas no IR e comprovar o cumprimento de certos requisitos, como normas de transparência administrativa.
Para mais informações, visite:
www.dndi.org.br