REVISTA FACTO
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Abr-Jun 2011 • ANO V • ISSN 2623-1177
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//Artigo

25 anos de compromisso com a indústria nacional

Da abertura política à liberalização comercial, o Brasil passou por profundas transformações em sua economia e estrutura produtiva. Em cada um desses momentos, a ABIFINA esteve presente, defendendo as decisões estratégicas para o desenvolvimento sustentado do país, com foco na fabricação local e na inovação tecnológica, sempre amparada em princípios éticos. O marco legal para C&T&I, a Lei sobre Patentes Industriais e, mais recentemente, a articulação empresarial visando à criação do Complexo Industrial da Saúde, são apenas alguns capítulos escritos na história brasileira com a contribuição da ABIFINA. Em junho de 2011, a entidade completou 25 anos, com a certeza de que vem cumprindo coerentemente sua missão, graças às parcerias estabelecidas com os setores público e privado. A firme persistência de homens e mulheres que, juntos com a ABIFINA, têm lutado pelo desenvolvimento da indústria nacional demonstra a capacidade do Brasil de se mobilizar. É a prova de que o setor produtivo tem visão de futuro e se compromete com um país melhor.

Para celebrar essa longa batalha por ideais comuns, a ABIFINA reuniu, no dia 10 de junho, seus parceiros e amigos em uma festa realizada no restaurante Laguiole, no Museu de Arte Moderna (MAM), Rio de Janeiro. Foram momentos repletos de reencontros, boas recordações e discursos emocionados. Dirigentes empresariais e autoridades públicas prestigiaram o evento. A união de todo o grupo ali presente – uma expressão de força da entidade – foi justamente o que inspirou as palavras do presidente da ABIFINA, Jean Daniel Peter, durante a cerimônia. “Temos solidariedade entre associados e em nossas relações externas, tanto públicas como privadas. Temos capacidade para crescermos juntos”, declarou.

Jean Peter aproveitou para destacar os desafios que a ABIFINA ainda tem pela frente. “Nesses anos, presenciamos muitas alegrias, como o crescimento da indústria de genéricos, que foi fantástico e deve ser um exemplo. Nos próximos 25 anos, gostaria de também poder celebrar o crescimento dos setores químicos. Acredito muito na capacidade do Brasil de recriar nossa indústria farmoquímica e de defensivos agrícolas”, afirmou.

O mesmo sentimento de constante reinvenção necessário à ABIFINA foi compartilhado pelo primeiro presidente da entidade, José Correia da Silva, que hoje está à frente da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi). Ele lembrou que a criação da ABIFINA ocorreu em um momento de dificuldades na economia nacional. Sem condições de importar, o governo convocou os empresários a juntarem forças para produzir localmente “um bicho-papão que na época se chamava química fina”.

Porém, cenários político-econômicos posteriores impuseram ameaças à constituição de uma indústria soberana. Os entraves sempre foram combatidos pela ABIFINA. “Precisamos nos reinventar quando (Fernando) Collor tomou posse e abriu as fronteiras comerciais; quando Fernando Henrique Cardoso era relator do projeto de propriedade industrial e precisamos explicar o que assunto representava para as empresas nacionais de química fina; e quando tivemos de agregar outros segmentos a nossos processos”, contou, orgulhoso, o ex-presidente da entidade.

Para Marcos Oliveira, vice-presidente de Planejamento da ABIFINA, a entidade tem como marca a atuação combativa e a firme defesa da industrialização do Brasil com empresas nacionais, e não apenas com subsidiárias estrangeiras.”A ABIFINA sempre se pautou por políticas industriais que favorecessem o desenvolvimento nacional, mesmo nos períodos em que o governo não tinha políticas industriais claras.”

Parcerias de sucesso

A constante sinergia entre a ABIFINA e os Ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Saúde (MS) foi determinante para a construção de uma visão institucional que conciliasse o crescimento da pesquisa científica, a inovação, a saúde e o bem-estar social. Este processo foi recordado pelo Secretário Executivo do MCT, Luiz Antonio Elias, primeira autoridade convidada a discursar. Elias colocou o 1º vice-presidente da ABIFINA, Nelson Brasil, como seu grande mestre, ao lado dos economistas Maria da Conceição Tavares e Celso Furtado.

“A ABIFINA sempre propôs políticas públicas voltadas para a indução do conteúdo local e do empresariado local, tomando a frente de um processo de construção da competitividade da economia brasileira”, afirmou Elias, em seu discurso na festa de confraternização. “Estar aqui hoje traz a emoção de encontrar velhos amigos e companheiros. Lembro que a ABIFINA foi uma parceira incansável no processo de discussão do Código da Propriedade Industrial, transformado na Lei de Patentes. Quantas discussões e polêmicas tivemos! Nossa parceria foi essencial para a criação de instrumentos relevantes para a sociedade”, garantiu.

História viva

Em 1986, ao mesmo tempo em que a ABIFINA era constituída, surgia no país o ideário de que seria preciso desenvolver conhecimento sobre fármacos e medicamentos para se ter soberania na área. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, segunda autoridade convidada a falar, relatou em seu pronunciamento, que acompanhou essa história, quando era presidente do diretório acadêmico dos estudantes de farmácia.

“Ouvimos dizer, em Campinas, que havia sido criada em São Paulo uma associação das indústrias de química fina. Vimos o surgimento da ABIFINA como um sinalizador de que aquilo que sonhávamos era possível. Hoje, a pequena palavra ABIFINA compõe algo que já não é mais o imaginário de um estudante de farmácia de 1986. Ela representa, no sentimento e na certeza de cada um de nós, que é possível produzir movimentos transformadores na sociedade”, emocionou-se Barbano. “Nossas empresas reconhecem ser possível o encontro da regulação sanitária com o amparo ao desenvolvimento econômico e social do país. Vamos perseguir isso nos próximos anos e tenho certeza de que a ABIFINA continuará nos ajudando a encontrar os melhores caminhos!”, vibrou.

Encerrando o pronunciamento dos representantes do Poder Executivo, ouvimos o Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS, Carlos Gadelha, que esteve presente ao evento representando o ministro Alexandre Padilha. Gadelha destacou em seu pronunciamento que, após os avanços já obtidos com as parcerias público-privadas, a ABIFINA se mantém como figura articuladora de forças para superar os desafios atuais. “Não podemos abrir mão da química fina. Quem está com o pré-sal debaixo da terra precisa saber que o futuro são os produtos de maior valor agregado. Precisamos ter a tecnologia e o conhecimento como sustentação do desenvolvimento de longo prazo. E a parceria entre o Ministério da Saúde e as empresas privadas nos dá o sentimento de nação necessário”, argumentou o secretário.

Também usaram da palavra, Ogari Pacheco, presidente da Cristália e vice-presidente do segmento farmacêutico da ABIFINA, Pedro Palmeira, chefe do Departamento de Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos do BNDES e a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Liliane Roriz.

Em tom bastante pessoal, Ogari Pacheco, revelou que a entidade lhe permite o privilégio de assumir simultaneamente os papéis de empresário, dirigente e cidadão. “Na ABIFINA, não preciso me preocupar com as ‘mudanças de chapéu’, pois estou simplesmente trabalhando para ajudar o desenvolvimento deste país”, disse.

Esse impulso às melhorias foi enfatizado ainda por Pedro Palmeira, que representou o presidente do banco, Luciano Coutinho. “A ABIFINA e o BNDES são parceiros desde a primeira hora em que o banco se debruçou de forma sistemática sobre a iniciativa de reconstruir a indústria de química fina do país. Sempre que o Dr. Nelson Brasil pega o telefone e eu ouço do outro lado: ‘meu nobre…’, sei que ele vem me tirar da zona de conforto”, brincou. “E quantas vezes, por conta de um telefonema, a ABIFINA fez o BNDES avançar em suas políticas. Queria congratular a entidade por essa história de sucesso e as pessoas com quem convivi e aprendi a admirar”, declarou Palmeira.

Para a desembargadora Liliane Roriz, o aniversário da ABIFINA foi um bom momento para reforçar a necessidade de se conduzir o Brasil em direção ao desenvolvimento sustentável por meio da inovação. “Depois de 15 anos da Lei de Propriedade Industrial, ainda estamos nos deparando com leading cases, especialmente de patentes. Geralmente achamos que, nesse tempo, o entendimento de uma lei está maduro. Mas não está. Ainda temos muito a analisar e interpretar”, disse ela, apontando mais um dos desafios que a ABIFINA tem pela frente.

Depoimentos que fazem parte da história

“Tenho uma relação histórica com a ABIFINA, desde os tempos em que eu trabalhava na Petrobras e era ligado ao sindicato dos engenheiros. Sempre defendemos a indústria nacional e a geração de valor agregado para o Brasil.” Julio Bueno – Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro

“A atuação da ABIFINA é ímpar. Ativa, trabalhadora e eficiente, ela envolve seus parceiros de forma que eles se sentem em casa, sabendo que têm com quem contar para resolver seus problemas.” Poliana Silva – Vice-Presidente do Laboratório Simões e diretora de Estudos da Biodiversidade da ABIFINA

“A ABIFINA foi muito importante na criação da Lei de Patentes, dando tempo para as empresas nacionais se prepararem para competir. Nossa parceria dura tantos anos por causa da firmeza que temos em sempre acreditar na independência tecnológica do Brasil.” Alcebíades Athayde de Mendonça Junior – Diretor de Marketing da Libbs Farmacêutica


“São brilhantes os 25 anos de atuação da ABIFINA, com um trabalho incessante, competente, translúcido e idealista desempenhado por seu comandante, Nelson Brasil e equipe.” Dante Alario Junior – Presidente Técnico Científico da Biolab

“O setor cresceu com o apoio da ABIFINA. A entidade congregou as empresas na direção de lutarem para obter capital, pesquisa e desenvolvimento e mão de obra qualificada.” Fernando Figueiredo- Presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim)

“A Centroflora é parte da entidade há pouco mais de um ano e, neste período, aprendemos a admirar sua competência na luta pelos direitos do mundo farmoquímico, incluindo nessa discussão o segmento de fitomedicamentos. O ponto que mais nos chama a atenção é a forma transparente e ética com que a ABIFINA aborda todas as questões envolvendo o governo – razão pela qual o governo também vê na ABIFINA um interlocutor de qualidade. Construirmos pontes entre a sociedade civil e o Estado é o melhor mecanismo para consolidar a democracia brasileira. A celebração dos 25 anos da ABIFINA foi uma amostra dessa competência com a presença dos mais importantes interlocutores da indústria e do governo. Não poderíamos deixar de mencionar a admiração que temos pelo Dr. Nelson Brasil, que luta bravamente por uma indústria bem representada. Esperamos compartilhar muitos anos desta entidade que mostra competência única na condução do importante projeto de um país mais justo e equilibrado.” Peter Andersen – Presidente do Grupo Centroflora e Conselheiro da ABIFINA

“Minha história com a ABIFINA começou quando eu trabalhava no INPI. Estabelecemos uma parceria que viria a ser muito produtiva contra os abusos no monopólio de patentes.” Vânia Lindoso – Procuradora Federal da Advocacia Geral da União (AGU) na Fundação Oswaldo Cruz

“A ABIFINA é uma entidade diferente das outras, por sua característica agregadora, ao ponto de conseguir articular governo, entidades representativas da indústria e empresas.” Isaac Plachta – Presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (Siquirj)

Conheça nossa trajetória

1986 – Criação da ABIFINA, em São Paulo, por empresários preocupados com o desenvolvimento da indústria farmoquímica e farmacêutica nacional

1988 – Contribuições para a nova Constituição brasileira, em especial para o capítulo sobre mercado nacional, ciência e tecnologia

1989 – Participação na montagem do acordo GATT de barreiras tarifárias ao comércio internacional, em especial TRIPs, que trata da propriedade intelectual

1990 – Transferência da sede para o Rio de Janeiro. Elaboração de proposta para atualizar o Código de Propriedade Industrial, transformada em projeto de lei apresentado à Câmara pelo então deputado Luiz Henrique

1994 – Aprovado o Projeto de Lei sobre Patentes Industriais na Câmara de Deputados, resultado de intensas negociações articuladas pela ABIFINA

1995-2002 – Porta-voz da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no tema propriedade intelectual em todos os encontros internacionais destinados a debater a constituição da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca)

2002-2006 – Articulação com o setor produtivo em fóruns de competitividade de cadeias produtivas, criados pelo Ministério do Desenvolvimento

2005-2006 – Discussões sobre a elaboração da Lei do Bem, que consolidou incentivos fiscais automáticos para inovação tecnológica nas empresas

2006-2011 – Atuação determinante para a montagem do Complexo Industrial da Saúde e do marco regulatório do setor. Encaminhamento de pleitos ao governo para a reindustrialização do Brasil

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