REVISTA FACTO
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Nov-Dez 2007 • ANO II • ISSN 2623-1177
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//Artigo

A expansão do agronegócio e a indústria de defensivos agrícolas

O agronegócio brasileiro está vivenciando uma importante expansão neste ano em relação ao seu desempenho no ano anterior. Este cenário favorável foi construído por uma série de fatores-chave que tiveram performance positiva, alavancando assim todo o setor.

A indústria de defensivos é parte integrante da cadeia de produção agrícola e passou, assim como todos os outros participantes do setor, por um crescimento importante. Tal crescimento está previsto a atingir entre 25 a 30%, ou seja, passando de um mercado de 3.9 BiUSD no ano de 2006 para um faturamento em torno de 5.1 BiUSD em 2007.

A seguir veremos como vem se dando esta evolução e como a indústria de defensivos agrícolas está participando dela.

O Ano de 2007 – Drivers

A safra de verão colhida em 2007 foi beneficiada por condições climáticas muito favoráveis e propiciou ao agricultor colheitas de alto rendimento. Este fator, aliado aos altos valores das commodities agrícolas, gerou ao setor um faturamento importante, dando fôlego para iniciar o saneamento dos prejuízos incorridos nos dois anos precedentes, o que fez capitalizar e encorajar o setor a investir mais nas safras seguintes.

Alguns números (*) representam bem o perfil da área plantada para a safra de verão 2006/2007. Vejamos:

As commodities também impulsionaram a agricultura com preços recordes. A política norte-americana de incentivo à produção de álcool a partir de milho, gerou uma nova demanda por grãos, assim como provocou uma migração entre as áreas de soja e milho. Isto somado à crescente demanda mundial por grãos, trouxe (de forma sustentável) as commodities agrícolas a patamares de preços superiores.

O Ano de 2007 – Supply

Se produtividade e preço das commodities foram fatores positivos e lideraram o setor ao crescimento agrícola, alguns fatores importantes da cadeia de produção foram limitados e provocaram uma alta compreensível nos custos de produção, causada naturalmente quando a curva de oferta e demanda se deslocam. A realidade é que o setor agrícola, ao crescer de forma expressiva, não poderia esperar que toda a cadeia de suprimentos ficasse inalterada e que isto não levasse à tendência de alta de preços – o que foi visto no setor de fertilizantes e de defensivos, com limitação importante ao fornecimento.

O setor de defensivos não apresentou um comportamento homogêneo nos preços dos produtos, mas sim tendências distintas de acordo com dois grandes grupos. O primeiro, é aquele em que se encontra o desequilíbrio de oferta e demanda, ou seja, o de oferta limitada de produtos de alto consumo, sobretudo os herbicidas. O segundo grupo é o dos produtos de oferta abundante, que normalmente encontram-se supridos por diversas fontes, apresentando alta competitividade ou baixo consumo ou pertencem a nichos, ou de produção nacional verticalizada.

Em termos de fornecimento, a realidade é que a indústria tem um tempo de reação significativo para se ajustar às novas demandas do setor. Como o ano de 2007 está vivendo uma reação muito forte, em torno de 25 a 30%, a indústria vem passando por momentos em que o fluxo de fornecimento não acompanha a maior demanda.

Como resultado dessa nova dinâmica agrícola, a indústria de defensivos prepara-se para ajustar em 2008 os desvios de fornecimento ocorridos em 2007 e oferecer ao agricultor um cadenciamento mais adequado à nova dinâmica de mercado. Já em termos de faturamento, 2007 mostra uma recuperação excelente e chega a patamares inimagináveis há um ano. No entanto, de uma forma geral, essa retomada no faturamento não se reflete em igual proporção nas margens, que foram corroídas pelo aumento de custo dos insumos, uma competição mais acirrada de produto final, a qual se evidencia por novos entrantes, a acesso mais rápido a novos registros, e a um enfraquecimento importante do dólar americano, que se desvalorizou 16% nos últimos 12 meses.

O Ano de 2007 – Balanço

Este vem sendo um ano de transição do setor, que passou por dois anos sofridos e que necessitará de tempo e condições adequadas para sua plena recuperação. Se analisarmos a agricultura por segmento, veremos leves diferenças de performance. As culturas de soja e milho, por exemplo, estão passando por uma evolução muito forte e capitalização importante, ambas tendo como base os mesmos fatores de propulsão. Já se analisarmos a cultura do algodão, este setor não viu em 2007 todo o beneficio que poderia se privilegiar do aumento de valor da commodity tendo um efeito retardado, o qual se revelará no próximo ano. O segmento de cana-de açúcar sofreu neste ano com a volatilidade nos preços para o etanol e o açúcar, apesar de ver uma expansão na área plantada devido à visão compartilhada de evolução do segmento.

Enfim, estou convencido de que em breve poderemos dizer que o ano de 2007 foi um bom ano para o agronegócio e que demos um passo importante para não somente recuperar as perdas do setor, mas para a evolução a um novo patamar.

Marcos Lobo
Marcos Lobo
Presidente da Agripec.
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