Fonte: Policia Civil

Era maio deste ano. Um motorista trafegava pela BR 060, passando por Rio Verde. O caminhão carregava uma carga de defensivos agrícolas avaliada em R$ 1 milhão. O motorista foi abordado por quatro pessoas armadas, fingindo serem policiais civis. Eles desviaram a rota do caminhão para uma estrada vicinal, mantiveram o motorista em cárcere privado por mais de 6 horas e subtraíram toda a carga. Trata-se de uma associação criminosa especializada no roubo de defensivos agrícolas. Um dos envolvidos foi preso em Ilhéus, na Bahia.

Especializada da área, a Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar) já deflagrou dezenas de operações, sobretudo ao longo dos últimos quatro anos, que redundaram na diminuição exponencial de furtos, roubos e receptação de cargas em Goiás. Na mais portentosa delas, a Operação Piratas do Campo (com fases realizadas entre 2019 e 2021) prendeu um total de 16 pessoas, cumpriu 30 mandados de busca e apreensão, apreendeu 15 automóveis e recuperou R$ 12 milhões em defensivos agrícolas. Como consequência da exímia investigação policial, sete pessoas foram condenadas pelo Poder Judiciário, com penas que, somadas, ultrapassam 62 anos de reclusão.

Após esta operação, Goiás teve os registros de roubos e cargas quase zerados durante quatro meses. O sucesso dos índices se deve ao desmantelamento das organizações criminosas. “O trabalho da Decar tem passado pelo levantamento da situação patrimonial de todos os membros da organização criminosa para judicialmente pleitear a perda patrimonial dessas pessoas, além de demonstrar a lavagem de capitais daí advinda. Nós temos conseguido não só neutralizar a liberdade dessas pessoas, mas também atingir o patrimônio dessas organizações criminosas”, revela o titular da Decar, delegado Alexandre Bruno de Barros.

De acordo com o Anuário de Segurança Pública, houve o registro de 139 roubos de cargas no primeiro semestre de 2021 no estado de Goiás. Já no primeiro semestre de 2022, este número passou para 54. Comparados os dois primeiros semestres de 2021 e 2022, estes crimes caíram 61,2% no Estado.

Boa parte das mercadorias furtadas ou roubadas dos caminhoneiros nas estradas acaba chegando a atacadistas e supermercados, onde são revendidas. Na Operação Sal da Terra, deflagrada em outubro deste ano, a Decar prendeu quatro pessoas e identificou dez vítimas, na região metropolitana de Goiânia e também em Corumbá de Goiás. O grupo criminoso foi investigado por fraude na compra e venda de produtos agrícolas, além de estelionato. Os envolvidos ainda falsificavam as fórmulas originais dos produtos. Uma igreja de fachada era usada para armazenar a carga subtraída. Quase 300 sacos de sal bovino foram apreendidos em um comércio de Corumbá, tendo o dono admitido ter comprado o produto por preço abaixo do de mercado.

Conforme o titular da Decar, os receptadores são financiadores do esquema delitivo. “Essas cargas só são roubadas pela existência desses receptadores e temos identificado e levantado os receptadores para tirá-los de circulação. Nos últimos três anos, tivemos o fechamento de mais de 20 unidades comerciais que se arriscaram em comercializar produtos roubados”, resume Alexandre Bruno. Com números expressivos, o ano de 2023 promete uma segurança viária ainda maior, resguardando o patrimônio de comerciantes e empresas transportadoras de cargas e também velando pela economia das empresas na compra e venda de produtos.

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