Fonte: Diário do Comércio
13/08/25

Tecnologia, mudanças de rotas e obras em rodovias ajudam a frear perdas no Estado, enquanto Rio de Janeiro vira foco das quadrilhas

9 de agosto de 2025 • 05:02

Juliana Sodré
Repórter

Minas Gerais registrou queda no prejuízo de roubo de cargas no primeiro semestre de 2025. Conforme dados do relatório de “Análise de Roubo de Cargas” da nstech, empresa de software para supply chain ou cadeia de suprimentos, o Estado obteve uma redução significativa no percentual de perdas, passando de 14,2% nos primeiros seis meses de 2024 para 3,4% em 2025, no mesmo período.

Apesar da redução, o Sudeste permaneceu como a região mais afetada pelos roubos de cargas no Brasil. Mesmo com uma redução no percentual de prejuízo de 80,6% em 2024 para 62,4% em 2025, indicando um decréscimo de 18,2 pontos percentuais (p.p), a região ainda concentra a maior parte das perdas do setor.

Entre os estados do Sudeste, São Paulo lidera com 56,8% dos prejuízos, embora tenha apresentado queda de 11,8 p.p. na comparação com o primeiro semestre de 2024. Já o Rio de Janeiro viu um crescimento expressivo, passando de 18,7% para 21,9% no período.

Para o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Gladstone Viana Diniz Lobato, o setor percebe que a marginalidade tem diversificado e mudado a atuação tanto de rotas, quanto de produtos roubados.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antônio Luís da Silva Júnior, acrescenta que além da diversificação, as empresas estão munidas de mais tecnologia contra roubos e têm alterado trajetos, fazendo uso de rastreador e monitoramento simultâneo o que também tem ajudado a inibir a ação dos bandidos. 

Fato que estaria trazendo resultados positivos para a região do Vale do Aço, por exemplo. O roubo de cargas com maior valor agregado, como eletrônicos, celulares e eletrodomésticos, que tinham o Nordeste como destino, tem amenizado. “As empresas têm alterado rotas e usado outros tipos de transportes”, diz o presidente da Fetcemg, em consonância com Silva Júnior.

Na avaliação de Lobato, outro motivo que tem levado os bandidos a reduzir a ações no Vale do Aço, são as obras nas rodovias. “Hoje, para Ipatinga, você para muito na BR-381 devido às obras, e os bandidos não querem ficar parados, querem desovar a carga logo”, pontua.

O vice-presidente de inteligência de mercado da nstech, Mauricio Ferreira, acrescenta outro fator. Segundo ele, estados de economia pujante como São Paulo e Minas Gerais, possuem regime de segurança mais robusto, que priorizam o setor. “O bandido aproveita a vulnerabilidade de outros estados e muda de alvo”, justifica.

Em contrapartida, o presidente da Fetcemg alega que aumentou na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o roubo de bebidas. “A criminalidade é assim, ela age rápido e vai se reinventando”, comenta.

Na diversificação de produtos, Lobato cita os roubos de café no Norte de Minas, como novidade. “Estamos registrando roubo de café por lá, o que antes víamos acontecer apenas no Sul de Minas”, revela.

Para o presidente do Setcemg, a atual situação da economia também teria contribuído para a queda dos prejuízos no primeiro semestre. “Estamos com uma economia mais travada, mas o roubo de cargas está crescendo e os números devem aumentar no segundo semestre em função do e-commerce e das vendas de Natal”, diz.

Algumas cargas, no entanto, permanecem como alvos tradicionais da ação criminosa, como os combustíveis na RMBH; o cigarro no Triângulo Mineiro, além dos defensivos agrícolas em todo o Estado.

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