Fonte: O Tempo
17/04/24
Por Bruno Daniel Publicado em 15 de abril de 2024 | 15h35 – Atualizado em 15 de abril de 2024 | 15h35
Uma operação em Uberaba, no Triângulo Mineiro, prendeu 11 pessoas, com idades entre 19 e 42 anos, suspeitas de um grande roubo a uma empresa de defensivos agrícolas. O crime teria ocorrido na virada do dia 26 para o dia 27 de julho de 2023. O prejuízo estimado é de R$ 50 milhões.
As investigações começaram logo no dia do crime. Conforme a Polícia Civil, os suspeitos entraram na empresa armados com fuzis e renderam os seguranças. Em seguida, roubaram 35 toneladas de defensivos agrícolas. De acordo com a Polícia Civil, o método utilizado lembra o de quadrilhas que roubam bancos.
“Como se trata de empresas que têm grandes volumes desse produto, que é caro, ele é facilmente colocado no mercado após o roubo. As ações tem uso de fuzil, grande número de integrantes. Era quase como se fosse o Novo Cangaço. Rendiam todos os seguranças armados e praticavam o roubo. Iam também com pessoas especializadas para fazer o transbordo da carga”, detalha o delegado Felipe Freitas, chefe do Depatri.
Conforme a Polícia Civil, o grupo é extremamente organizado, tendo uma célula em Ribeirão Preto (São Paulo) e outra em Uberaba (Minas Gerais). A primeira célula seria responsável por fornecer armamento e outros recursos para a prática dos crimes. O grupo seria especializado em roubos de defensivos agrícolas há pelo menos dois anos, com atuação em todo o Brasil, em estados como Minas Gerais, Bahia, Goiás, Tocantins e São Paulo.
Na primeira fase da investigação, que começou no fim do ano passado, foram identificados receptadores dos produtos roubados. Na segunda fase, os executores do roubo em Uberaba foram identificados e, na última segunda-feira (9), 11 deles foram presos. Cinco prisões ocorreram em São Paulo, e outras seis foram efetuadas em Minas Gerais.
Outros dois suspeitos estão foragidos, e um foi morto por membros da própria gangue, devido a desacertos quanto à divisão do dinheiro proveniente do crime. “Eles o encurralaram em um ronda preto e o metralharam”, detalha o delegado Felipe Freitas.
Após os roubos, conforme a PCMG, os criminosos levavam os produtos para uma empresa que expede uma nota fiscal fria para a carga, para dar a ela aparência de legalidade. Em seguida, os produtos eram distribuídos para empresas e fazendeiros, que não sabem da origem ilícita dos defensivos.
Os criminosos, conforme a PCMG, levavam vida de luxo com o fruto dos roubos. “Compraram carro, Mustang, hilux, range”, conta o delegado João Prata, da Delegacia de Roubo a Bancos. O objetivo da investigação agora é se aprofundar na investigação dos receptadores dos produtos e verificar a possibilidade de lavagem de dinheiro por parte da empresa que emitia as notas fiscais falsas.
“Esses receptadores são os grandes fomentadores de tudo. Temos que bater forte na lavagem de dinheiro, pois sem essas empresas, esses criminosos não praticaram esse tipo de crime”, defende o delegado João Prata.
Duas toneladas dos produtos roubados foram recuperadas pela Polícia Civil, que também apreendeu drogas com três dos investigados. Os executores do roubo podem responder por roubo qualificado e organização criminosa e podem pegar de 12 a 23 anos de prisão. Os receptadores podem ser indiciados por receptação qualificada, cuja pena pode chegar a até 8 anos.