Fonte: Meio News
24/09/25

Por
Alecio Rodrigues Jornalista

• 22/09/2025 18:38

Há mais de dez anos, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Franca, no interior de São Paulo, investiga um esquema de falsificação de agrotóxicos que opera a partir de uma das principais cidades da região nordeste paulista. Desde 2014, ao menos cinco grandes operações foram realizadas para tentar desarticular o esquema criminoso.

Nos últimos meses, uma troca de mensagens extraídas do celular de um dos investigados chamou a atenção do Ministério Público. Nas conversas, havia discussões sobre o negócio ilícito com um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), o que reforça a participação da facção no setor.

“Como esse tipo de crime tem um custo-benefício favorável à criminalidade organizada, porque é mais difícil de combater, percebemos que o PCC, principalmente, está em uma fase de atuação paralela”, explicou o promotor Adriano Mellega.

A falsificação de agrotóxicos se intensificou durante a pandemia de Covid-19, em meio à crise de insumos, e desde então os grupos criminosos se especializaram ainda mais. Hoje, segundo o Gaeco, a prática gera prejuízo bilionário ao mercado legal.

Operações

Entre 2014 e 2024, as principais ações contra o esquema foram: Lavoura Limpa (2014), Princípio Ativo (março de 2020), QR Code (outubro de 2020), Piratas do Agro (2022) e Castelo de Areia (2024).
Estrutura criminosa

As investigações apontam que as organizações mantêm ao menos nove núcleos especializados, responsáveis por diferentes etapas da fraude: falsificação de rótulos, produção de galões e lacres, emissão de notas fiscais, entre outros.

Além da falsificação, há indícios de contrabando, roubo e furto de insumos. “É comum, quando a gente estoura um laboratório clandestino, encontrar produtos de roubo, furto ou contrabando. A falsificação em si retroalimenta a máquina”, destacou Mellega.

Os insumos ilegais usados na produção de agrotóxicos falsificados têm origem principalmente em Paraguai, Uruguai e China, o que reforça a internacionalização das facções atuantes no Brasil.
Apreensão histórica

Em julho deste ano, autoridades de Franca realizaram uma das maiores apreensões já registradas: 30 mil embalagens destinadas à produção de agrotóxicos falsificados em uma chácara da região.

No local, foram encontrados frascos, rótulos e tampas já separados, embalados e prontos para venda, além de matrizes para imprimir marcas em recipientes. O balanço apontou: 3.888 galões de dois litros, 9.339 galões de cinco litros, 4.830 galões de dez litros, 2.130 galões de vinte litros, 17 mil tampas, 10.164 garrafas de um litro e uma arma de fogo.

O prejuízo estimado ao mercado legal com essa apreensão foi de R$ 30 milhões.

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