Fonte: De Fato Online
12/11/25
Integrantes do PCC se infiltraram também em todo o setor de produção de cana-de-açúcar e atuam com ameaças a empresários e fazendeiros do interior de São Paulo
Por: Alírio de Oliveira
11/11/2025 às 10h13
A exploração do comércio ilegal de defensivos agrícolas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) indica que a facção participa de contrabando e falsificação desses produtos e se entranha no agronegócio brasileiro, em ação concentrada no interior paulista, segundo informação do portal UOL.
Uma investigação de agiotagem em Franca (SP), identificou o envolvimento do grupo criminoso no setor, por meio de mensagens interceptadas mostrando dois integrantes do PCC negociando defensivos agrícolas destinados a lavouras de café.
Eles chegaram a mencionar o recebimento de R$ 40 mil e ameaçaram incluir um comprador inadimplente numa “lista negra”. Ambos foram presos pela polícia.
Em julho, o Ministério Público de São Paulo apreendeu mais de 30 mil embalagens utilizadas na falsificação dos produtos.
A operação foi considerada uma das maiores já realizadas no Estado, num mercado ilegal que movimenta cerca de R$ 21 bilhões por ano no Brasil.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico Social de Fronteira, o mercado paralelo de defensivos agrícolas depende de quatro práticas ilegais: roubo de cargas, falsificação de produtos, contrabando e desvio de finalidade.
A maior parte do contrabando tem origem no Paraguai, que autorizou o uso do princípio ativo benzoato de emamectina em 2019.
No intuito de reduzir o risco de apreensão, as quadrilhas pagam tributos locais e legalizam o produto ali, antes de trazê-los clandestinamente para o Brasil.
Integrantes do PCC se infiltraram também em todo o setor de produção de cana-de-açúcar e atuam com ameaças a empresários e fazendeiros do interior de São Paulo, segundo investigação do MP paulista, o que forçou uma megaoperação com cerca de 1,4 mil agentes para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão a um esquema bilionário da facção criminosa no setor de combustíveis.
Empresários, agricultores e colaboradores ligados ao agro e à cadeia produtiva do etanol informaram aos promotores uma série de situações suspeitas envolvendo a compra de usinas, de fazendas de cultivo de cana, de postos de combustíveis e até de transportadoras ligadas ao setor sucroenergético, confirmando que fazendeiros e donos de usinas estariam sendo coagidos a venderam suas propriedades aos grupos criminosos em canaviais empresas e propriedades rurais como forma de intimidação.
Inquéritos foram abertos em âmbito federal e a Justiça Federal concedeu à PF ordens para prisão de vários alvos, e à estadual, dezenas de busca e apreensão de suspeitos de participarem de esquemas criminosos envolvendo o PCC.
*Fonte: Revista Oeste/Novacana/UOL