Fonte: Exame
28/05/25
O mercado ilegal de produtos no Brasil atingiu um patamar alarmante. Segundo dados do Anuário da Falsificação 2025, divulgado pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), as perdas econômicas causadas por falsificação, contrabando, pirataria e sonegação fiscal somaram R$ 471 bilhões em 2024 — crescimento de 27% em relação ao ano passado.
O prejuízo contabilizado em dólar ficou em US$ 83 bilhões em 2024, contra US$ 66 bilhões em 2023 – aumento de 34% no prejuízo. O cálculo leva em conta também a desvalorização cambial do período.
A pedido da EXAME, a ABCF produziu um ranking dos estados brasileiros que mais perderam dinheiro em arrecadação com produtos falsificados e contrabandos.
Estado Participação (%) Perda de arrecadação (em R$ bilhões)
São Paulo 40% 188,4
Paraná 14% 66
Rio Grande do Sul 10% 47,1
Rio de Janeiro 7% 32,97
Minas Gerais 6% 28,26
Bahia 5% 23,55
Pernambuco 4% 18,84
Goiás 4% 18,84
Pará 3% 14,13
Distrito Federal 2% 9,42
Demais Estados 5% 23,55
TOTAL 100% 471
São Paulo, maior polo industrial e financeiro do país, lidera a lista, registrando R$ 188,4 bilhões em perdas, o que equivale a 40% do total.
Paraná e Rio Grande do Sul também aparecem com cifras expressivas, somando R$ 66 bilhões e R$ 47,1 bilhões, respectivamente, reflexo de suas cadeias produtivas vulneráveis ao mercado clandestino.
O Rio de Janeiro acumula um prejuízo de R$ 32,97 bilhões, impulsionado principalmente pela informalidade em setores estratégicos, como o de combustíveis e o de bens de consumo.
Minas Gerais, Bahia e Pernambuco também enfrentam perdas significativas, impactando suas economias locais e os investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
Especialistas defendem a necessidade de reforçar a fiscalização, endurecer a legislação e conscientizar a população sobre os danos dessas práticas.
O Brasil conta hoje com 28 postos de fiscalização ao longo dos mais de 16 mil km de fronteiras.
Cigarro, o mais contrabandeado
O contrabando de cigarros segue como um dos maiores desafios econômicos e de saúde pública do Brasil. De acordo com o Anuário da Falsificação 2025, o setor de cigarros ilegais causou um prejuízo estimado de R$ 10,5 bilhões em 2024.
Segundo a Receita Federal, os cigarros continuam sendo o produto mais apreendido no país, representando 40% do total de mercadorias confiscadas em 2024. Apenas no último ano, foram R$ 2 bilhões em apreensões de cigarros.
Setores mais afetados e impacto econômico
Bebidas alcoólicas: R$ 86 bilhões em perdas
Vestuário: R$ 51 bilhões
Combustíveis: R$ 29 bilhões
Material esportivo: R$ 23 bilhões
Perfumaria e cosméticos: R$ 21 bilhões
Defensivos agrícolas: R$ 20,5 bilhões
Medicamentos e produtos hospitalares: R$ 11,5 bilhões
Brinquedos: R$ 2,5 bilhões
Antes da pandemia, o comércio ilegal online representava cerca de 10% do total de produtos falsificados, de acordo com a ABCF. Com a digitalização acelerada do consumo, esse número mais que triplicou.
Segundo o documento da ABCF, 36% dos produtos ilegais vendidos no país são comercializados online, o que representa um prejuízo estimado em mais de R$ 100 bilhões por ano.