Fonte: G1
08/03/23
Apreensão de agrotóxicos contrabandeados teve aumento de quase 600% em 2022 no Paraná, segundo BPFron

A apreensão de agrotóxicos contrabandeados teve aumento de quase 600% em 2022 no Paraná, segundo o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron).

A quantidade de galões e sacos de agrotóxicos apreendidos pelo BPFron saltou de 4,2 mil, em 2021, para 29 mil em 2022. Somente em 2023 já foram apreendidos 1,3 mil produtos ilegais.

Conforme a polícia, além do aumento nas apreensões, também foram observadas mudanças na entrada destes produtos no país através da fronteira entre Brasil e Paraguai, especialmente em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Até 2021, o batalhão apreendia mais agrotóxicos contrabandeados nas rodovias e estradas rurais. Atualmente, a maior parte das apreensões acontece no lago de Itaipu, mesmo caminho utilizado para o crime de tráfico de drogas e descaminho de outros produtos.

Paraná é o 3º estado que mais apreendeu agrotóxicos contrabandeados nos últimos 5 anos

“A gente visualizou uma mudança desse tipo de transporte, o que preocupa os agentes, inclusive porque vem sendo utilizados portos clandestinos instalados no lago de Itaipu para o transporte desse ilícito. Por onde passa ali o tráfico, o contrabando e descaminho, também passam os agrotóxicos ilegais”, afirmou o comandante do BPFron, Luis Beiger.

O destino dos produtos irregulares é distinto. Parte fica no estado do Paraná, mas conforme o BPFron, a maior parte é enviada para outros estados.

“A gente identificou alguns destinos como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, como sendo destinos finais de produtos. Alguns adentram o Paraná para depois irem pra outros estados”, explicou Beiger.

Produtos proibidos no Brasil são os mais apreendidos

Um estudo do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) analisou as apreensões na fronteira. A pesquisa mostrou que além do preço, os agricultores se interessam por agrotóxicos que não estão disponíveis no Brasil.

O presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros defende que é necessário homogeneizar a legislação no Mercosul para diminuir a incidência deste tipo de crime já que, por exemplo, muitos produtos proibidos no Brasil são comercializados livremente no Paraguai.

“Os princípios ativos que estão proibidos no Brasil e que têm ampla oferta em mercado paraguaio, da Bolívia ou Uruguai, então há uma necessidade urgente de pensarmos em homogeneização em legislação em termos de Mercosul para que o que é bom para o Brasil, seja bom para o Paraguai, Bolívia, Paraguai. Esta oferta de produtos que muitas vezes vem com princípios ativos das mais variadas condições se propõe a ser um principio ativo e não é”, afirmou Luciano.

Os pesquisadores do instituto identificaram que 25% do mercado de agrotóxicos é ocupado por produtos de origem ilegal no Brasil.

Uso de agrotóxicos pode ter causado morte de mais de 70 mil abelhas no ParanáAumentam apreensões de agrotóxicos ilegais no Paraná

Países da Europa e da Ásia, por exemplo, quando descobrem uma substância proibida devolvem a mercadoria e ainda podem aplicar sanções ao fornecedor. Sabendo desse risco, quem usa agrotóxico sem origem definida prefere o mercado nacional, segundo Barros.

“Então é o Brasil comendo um veneno de péssima qualidade, comendo produtos que chegam a mesa do consumidor com níveis de inseticidas, que estão proibidos na União Europeia há mais de 20 anos. Isso vem para a mesa do brasileiro”, afirmou Barros.

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