Fonte: GauchaZH
02/07/25
26/06/2025 – 06h49min
Atualizada em 26/06/2025 – 12h05min
Guilherme Milman
Grupo investigado por usar empresas de fachada para desenvolver drogas sintéticas é alvo de operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (26). Duas agropecuárias, localizadas em Guaíba e Viamão, na Região Metropolitana, serviriam como distribuidoras de entorpecentes para usuários e revendedores. Até o meio-dia, nove suspeitos haviam sido presos.
Segundo a investigação, os suspeitos praticariam lavagem de dinheiro associada ao tráfico de cetamina, droga de uso veterinário utilizada na produção de entorpecentes sintéticos, chamados popularmente de “key”.
Segundo a polícia, o grupo criminoso investigado se estruturava com divisão de funções e estratégias elaboradas para dissimular a origem dos recursos ilegais.
Coordenada pela 4ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico, a Operação Polaco cumpre 20 mandados de busca e apreensão, 21 ordens de sequestro de veículos e nove mandados de prisão preventiva em 10 cidades gaúchas e uma em Santa Catarina.
A organização criminosa praticava lavagem de dinheiro associada ao tráfico de cetamina, droga de uso veterinário utilizada na produção de entorpecentes sintéticos, chamados popularmente de “key”.
Segundo a polícia, o grupo criminoso investigado se estruturava com divisão de funções e estratégias elaboradas para dissimular a origem dos recursos ilegais.
Os alvos da operação estão nas cidades de Porto Alegre, Viamão, Guaíba, Alvorada, Canoas, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis, em Santa Catarina.
Anestésicos veterinários desviados pelos estabelecimentos
As investigações começaram após a identificação de um comércio supostamente utilizado como fachada para o desvio de cetamina.
— Essa organização criminosa se valia de uma rede de agropecuárias que faziam a compra desse insumo, que são anestésicos veterinários, de forma lícita, embora em grande quantidade e muito acima da média comprada por empresas que atuam regularmente. A partir da aquisição desse produto, desses anestésicos, era revendido para o emprego ilícito, para a transformação desse material na droga sintética, que é conhecida como K — explica a delegada Ana Flávia Leite.
A partir dali, a polícia detectou uma rede complexa com operadores financeiros, intermediários, fornecedores, transportadores e entregadores. A organização utilizava “contas de passagem” – contas bancárias em nomes de pessoas sem capacidade econômica – para mascarar transações que, em alguns casos, superaram R$ 500 mil em curtos períodos.
As investigações apontaram que a principal empresa envolvida adquiriu quase a totalidade de lotes específicos de cetamina, em volume muito acima da média nacional, indicando desvio sistemático. A droga era então redirecionada ao tráfico. O esquema ainda contaria com empresas de estética e pet shops usadas para ocultar bens e lucros. Companheiras de líderes da quadrilha também atuavam formalmente como responsáveis por imóveis, veículos e contas.
Sobre a Operação Polaco
A Operação Polaco é a segunda fase da investigação iniciada em março com a Operação Special-K, que havia revelado a atuação de um casal no tráfico de ecstasy e cetamina em São Leopoldo, com autorização de uma facção criminosa atuante no Vale dos Sinos.
A continuidade das investigações levou à identificação de mais de 30 integrantes da organização, com estrutura hierárquica definida e comando mesmo a partir do sistema prisional.
A ação desta quinta mobiliza 120 policiais civis e 40 viaturas. Além das prisões, foram apreendidos frascos de cetamina, joias, uma BMW e nove armas. Os materiais devem auxiliar no aprofundamento das apurações e evitar a continuidade dos delitos.